Publicado em 19/07/2022, às 09h59 por Redação Pais&Filhos
Segundo aponta reportagem do jornal O Globo, a Justiça do Rio de Janeiro negou liminar para a atriz Klara Castanho contra a youtuber Antonia Fontenelle. A artista queria que a Justiça determinasse que a Fontenelle retirasse as declarações feitas sobre ela, em 24 de junho, da plataforma YouTube. A apresentadora criticou, por meio de seu canal de comunicação, a ação da jovem em entregar para adoção uma bebê recém-nascido – o qual foi fruto do estupro que Klara sofreu.
Em seguida da grande divulgação do caso, repercutido por Antonia Fontenelle, a Klara Castanho veio a público explicar os trâmites legais da adoção e dizer que foi vítima de estupro. Além disso, externalizou o desejo de não tornar a situação pública, embora tenha feito isso após ser exposta por Fontenelle.
Klara Castanho compartilhou uma carta aberta no Instagram na noite do sábado de 25 de junho, em que afirma ter sido estuprada e que teve o bebê e entregou para a adoção. Em um texto longo, ela desabafou sobre o caso. A história começou a ser especulada depois que Antonia Fontenelle contou em uma live que “uma atriz global de 21 anos teria engravidado e doado a criança para adoção” e ainda acrescentou: “Ela não quis olhar para o rosto da criança”. Mesmo não revelando o nome de Klara, pelas descrições os seguidores fizeram a associação. Agora, a atriz se pronunciou nas redes sociais.
“Esse é o relato mais difícil da minha vida. Pensei que levaria essa dor e esse peso somente comigo. Sempre mantive a minha vida afetiva privada, assim, expô-la dessa maneira é algo que me apavora e remexe dores profundas e recentes. No entanto, não posso silenciar ao ver pessoas conspirando e criando versões sobre uma violência repulsiva e de um trauma que sofri”, começou.
Ela seguiu: “Fui estuprada. Relembrar esse episódio traz uma sensação de morte, porque algo morreu em mim. Não estava na minha cidade, não estava perto da minha família nem dos meus amigos”. A atriz completou que não fez boletim de ocorrência e se sentiu muito culpada e envergonhada pelo ocorrido. Ela disse que pensou que ao fingir que não tinha acontecido ela poderia esquecer, mas não aconteceu e os traumas perseguiram ela.
“Meses depois, eu comecei a passar mal, ter mal-estar. Um médico sinalizou que poderia ser uma gastrite, uma hérnia estrangulada, um mioma. Fiz uma tomografia e, no meio dela, o exame foi interrompido às pressas. Fui informada que gerava um feto no meu útero. Sim, eu estava quase no término da gestação quando eu soube”, disse ao acrescentar que o ciclo menstrual estava normal, assim como o corpo.
Ela relembrou do momento da descoberta e falta de empatia do médico que a atendeu: “Esse profissional me obrigou a ouvir o coração da criança, disse que 50% do DNA eram meus e que eu seria obrigada a amá-lo. Essa foi mais uma da série de violências que aconteceram comigo”.
Segundo ela, o período em que soube da notícia e o parto durou apenas alguns dias e ela decidiu entregar o bebê para a adoção. “No dia em que a criança nasceu, eu, ainda anestesiada do pós-parto, fui abordada por uma enfermeira que estava na sala de cirurgia. Ela fez perguntas e ameaçou: ‘Imagina se tal colunista descobre essa história'”, relembrou.
Ela ainda finalizou: “Minha história se tornar pública não foi um desejo meu, mas espero que, ao menos, tudo o que me aconteceu sirva para que mulheres e meninas não se sintam culpadas ou envergonhadas pelas violências que elas sofrem […] Eu vou tentar me reconstruir, e conto com a compreensão de vocês para me ajudar a manter a privacidade que o momento exige”. Nos comentários, os seguidores mostraram solidariedade à atriz.
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