Família

Dá pra devolver?

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Publicado em 28/02/2014, às 15h17 - Atualizado em 18/02/2021, às 08h40 por Redação Pais&Filhos


Em um artigo publicado pelo Child Psychoterapy Trust especialistas explicam que é natural e – normal! – que o filho mais velho apresente demonstrações de ciúmes, ressentimento, insegurança, raiva e infelicidade como resposta ao nascimento de um irmão. Pois é, não é coisa da sua cabeça e nem invenção da vovó. Nem sempre acontece, mas é, sim, comum. A boa notícia é que dá para preparar aos poucos a criança para a chegada do irmãozinho.

O artigo aponta algumas maneiras pelas quais a criança se expressa:

  • Tentar machucar o bebê fisicamente, ou dizer para quem quiser ouvir que deseja que “o bebê vá embora”;
  • Demonstrar carinho para o novo irmãozinho, mas ficar agressiva e hostil com a mãe;
  • Ficar retraída, passando a chupar o dedo e a molhar a cama;
  • Ter um comportamento ótimo em casa, mas apresentar problemas na escola.

Reconhece? Se você já teve o segundo filho, talvez esteja vivendo alguma dessas situações. Se está grávida do segundo, vá se preparando.

Saber se comunicar com a criança é muito importante nesse momento, mas o recomendado é você fazer isso quando se sentir seguro, para deixar claro que a chegada de um membro na casa não vai eliminar seu espaço e que ela continuará sendo amada da mesma forma. “O ciúme entre irmãos é absolutamente normal e indica uma insegurança relacionada à perda de atenção, espaço. A criança tem medo de perder o amor dos pais e, por isso, paciência e compreensão são essenciais”, diz a psicopedagoga Paula Nóbrega, filha de Carlos e Vera.

O ciúme também pode aparecer depois que o caçula começa a se socializar e ter uma identidade, tornando-se mais independente do irmão mais velho, ou quando ele começa a brincar e a dividir os brinquedos.

O irmão é uma figura bastante importante, é com quem a gente divide e compartilha – sejam os brinquedos, sejam as experiências, seja a atenção dos pais. Perder o posto de filho único faz parte e traz aprendizado. Mas, mais do que perder, ter irmão é somar: reforce isso para o seu filho.

Quando o filho mais velho reage de forma negativa à chegada do caçula, tenha paciência: ele só está com medo de deixar de ser amado. Se comportar mal é uma maneira de testar os pais. Por isso, ele precisa da reafirmação do amor nesse momento, juntamente com regras mostrando o que pode e o que não pode fazer.

Muita calma nessa hora! A criança precisa entender e compreender que não é uma pessoa ruim por sentir “ciúme” (embora não saiba exatamente o que sente…) e os pais têm o papel de mostrar compreensão. E dar carinho, claro.

Sem presentinhos

Diálogo e paciência são necessários, mas nada de oferecer “recompensas” materiais. Suborno não vai melhorar a situação, nunca! “Alguns pais ou parentes próximos criam o hábito de presentear os dois irmãos em datas de aniversários, por exemplo. Não digo que é errado, mas não recomendo. A criança tem de entender que a data é do irmão, e receberá presentes quando for a vez dela. Acho perigoso esse método, porque pode ser levado até a fase adulta: se os pais dão um carro para um, têm de dar uma viagem com mesmo valor para outro, por exemplo. Não é saudável”, explica Paula. Fora isso, causa uma competição que vai acompanhar os irmãos ao longo dos anos. Um sempre vai exigir tudo o que o outro tem.

Em vez de presentear, brinque e tenha um tempo livre só com o irmão mais velho. Nem que sejam apenas alguns minutos. A criança vai se sentir mais segura podendo ter a atenção voltada para ela.

Peça a ajuda da criança para cuidar do bebê – na medida de suas possibilidades, claro. Pode ser desde pegar uma fralda limpa na gaveta para a troca até ajudar a escolher uma roupa para o irmão. Sentir-se útil e incluído naquele mundo novo em casa é bastante positivo.

É normal que os irmãos briguem de vez em quando, mas eles serão muito amigos, não tenha dúvidas. É só cada um entender que tem seu espaço. E, esse, ninguém rouba.

Como evitar o ciúme entre irmãos:

  • Tente evitar muitas mudanças ao mesmo tempo. Mudar de casa, trocar a criança de escola ou iniciar um novo grupo de amizade, por exemplo
  • Dê um feedback positivo quando seu filho fizer um gesto de carinho no novo irmão
  • Cuidado com sinais de retraimento ou depressão. Compartilhe sua preocupação com o pessoal da escola

Consultoria: Paula Nóbrega, filha de Carlos e Vera, é psicopedagoga


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Palavras-chave
Irmãos

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