Publicado em 26/09/2022, às 13h03 por Redação Pais&Filhos
Um levantamento feito pelo jornal Estado de Minas, com dados do Data SUS mostram que teve um aumento de 208% nos casos de câncer em crianças e jovens até 19 anos entre 2013 e 2021. Passou de 5.557 casos para 17.123, segundo informações do DataSUS. Outro ponto destacado que gera preocupação é que parte dos diagnóstico são obtidos tardiamente, prejudicando a recuperação.
Dados da Sociedade Brasileira de Pediatria mostram ainda que cerca de 80% das crianças e adolescentes com câncer podem ser curados, se diagnosticados precocemente e tratados em centros especializados. A estimativa de sobrevida no país para essa faixa etária é de 64%, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer).
“Os pais, a família e os professores têm de ficar atentos, mas para o profissional de saúde é uma obrigação cogitar que há alguma coisa errada, pedir exames e encaminhar para centros de referência em oncologia para que a criança seja diagnosticada precocemente”, explica a integrante da Sobope (Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica), Maristella Bergamo Francisco dos Reis, em entrevista ao Estado de Minas. A médica explica ainda que muitas vezes os sinais passam despercebidos pelos profissionais de saúde e que, se o médico suspeitar já na primeira consulta, a chance da criança aumenta muito.
A fim de alertar sobre o assunto, o Sobope e a SBP se reúnem para a campanha ‘Setembro Dourado’ – iniciativa de conscientização para o câncer infantojuvenil – , com o objetivo de tentar reduzir o diagnóstico tardio. “Infelizmente, ainda pegamos muitos casos de câncer avançado por falta de atenção ou de conhecimento, crianças que ficaram andando de pediatra em pediatra até alguém suspeitar”, diz Reis, que atua no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP.
Ainda segundo os especialistas, os tipos de câncer mais comuns nessa fase da vida são: leucemias, linfomas e tumores de sistema nervoso central, porém há diversas outras neoplasias, incluindo tumores renais, ósseos e nos olhos, como o retinoblastoma. Entre os sintomas e sinais de alerta estão: palidez, caroços, perda de peso, sudorese noturna, hematomas ou inchaço ao redor dos olhos, tontura e perda de equilíbrio. Entretanto, os médicos alertam ainda que é importante também observar se os sintomas são recorrentes e qual a persistência de cada um deles.
“Quando a criança chega ao pronto-socorro com uma dor na perna, o médico pensa em diversas outras possibilidades e não em câncer, então insistimos na questão da persistência. Se os sinais e sintomas persistem ou progridem de forma muito rápida, aí sim consideramos a possibilidade”, explica Reis. Ela afirma ainda que os tratamentos também evoluíram e hoje o cuidado inclui minimizar as chances de problemas no crescimento ou reprodutivos, inclusive englobando preservação de óvulos e sêmen.
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