Família

84% das brasileiras com 13 anos usam filtros em fotos para serem aceitas: a conversa sobre isso deve acontecer na infância

(iStock)

Publicado em 23/04/2021, às 16h42 - Atualizado em 27/04/2021, às 06h20 por Jennifer Detlinger


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Pega o celular, tira uma selfie, olha para a foto e desiste de postar nas redes sociais sem antes editar a imagem ou colocar um filtro. Esse tipo de situação acontece com milhares de meninas mundo afora, segundo uma pesquisa realizada pelo Projeto Dove pela Autoestima, da qual a Pais&Filhos teve acesso em primeira mão.

Realizada em dezembro de 2020, a pesquisa revela o impacto do uso das redes sociais e filtros na autoestima de meninas entre 10 e 17 anos nos Estados Unidos, Inglaterra e no Brasil. Por aqui, a pesquisa foi conduzida pela Edelman Data & Intelligence, uma consultoria global e multidisciplinar de pesquisa, análise e dados, com 503 meninas de 10 a 17 anos.

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Segundo o estudo, 84% das meninas brasileiras com 13 anos já aplicaram filtros ou usaram aplicativos para mudar sua imagem em fotos. Entre elas, 78% também tentam mudar ou ocultar pelo menos uma parte ou característica de seu corpo que não gostam antes de postar fotos de si mesmas nas redes sociais.

Esses dados refletem o impacto e a pressão que as redes sociais têm em meninas desde cedo. A auto distorção digital da aparência em mídias online faz com que as mulheres tentem atender aos padrões de beleza, seja para ter aceitação própria ou do outro. A pesquisa também mostra que 89% das jovens relatam que compartilham selfies na esperança de receber validação de outras pessoas.

“As pessoas se sentem muito inseguras quando saem de casa, porque o filtro só fica ali na foto. Quando usava um filtro, me sentia feliz, mas me olhava no espelho, ficava triste e logo pensava: ‘poxa, eu não sou assim’”, contou Grace, estudante de 12 anos envolvida na Campanha do Projeto Dove pela Autoestima, durante evento global apresentado pela marca.

Esse tipo de comportamento acaba se tornando um ciclo eterno, já que 35% das meninas brasileiras dizem se sentirem “menos bonitas” ao verem fotos de influenciadores e celebridades nas redes sociais. Além disso, quanto mais tempo as meninas passam editando suas fotos, mais elas relatam baixa autoestima em relação ao próprio corpo.

Por isso, é fundamental que os pais tenham conversas desde cedo com os filhos sobre redes sociais e estimulem uma boa autoestima, aceitação e representatividade. “Os pais não estão tendo conversas sobre as redes sociais e a pressão que aguarda esses jovens. Atualmente, estar online não é algo negociável e que dá para fugir. As mídias sociais vão fazer parte da nossa vida por muito tempo. Por mais que a conversa não seja fácil, é importante começar”, defende Dre Brown, maquiadora profissional e empreendedora, durante o evento promovido pela Dove.

Construir um ambiente com mais diversidade e inclusão nas redes sociais também é um bom caminho para aumentar a autoestima das mulheres. 70% das meninas brasileiras dizem que não se sentiriam julgadas e ficariam menos preocupadas com sua aparência se se sentissem representadas no meio digital. “Lembro de ver todo mundo falando para eu mudar a cor da minha pele, meu cabelo e meu corpo. Mas antigamente eu não tinha acesso fácil aos filtros e retoques. Tive muita insegurança e essa é uma ferramenta que se aproveita dessa insegurança. Por isso, precisamos de representatividade cada vez mais. É muito importante se enxergar em alguém que você acha bonito”, conta Lizzo, cantora e compositora norte-americana, vencedora de três prêmios do Grammy, em entrevista durante o evento de Dove.

(Foto: iStock)

Começa desde cedo

Segundo a pesquisa, 69% das mulheres adultas gostariam de ter aprendido como construir autoestima quando eram mais jovens. Além disso, 36% das meninas sentem que seus pais não entendem a pressão que elas sentem nas redes sociais e 78% das mães gostariam de ter as ferramentas para educar seus filhos sobre os potenciais danos das mídias sociais. Isso prova a importância de criar conversas desde cedo com o seu filho sobre o assunto.

A roteirista, cineasta a produtora Shonda Rhimes, que revolucionou a televisão americana com séries como Grey’s Anatomy e How to Get Away With Murder, ao colocar atores e atrizes negras e com diversidade de corpos ocupando papéis de protagonismo, é mãe de três meninas: Emerson, Beckett e Harper. “Tenho uma filha de 18 anos e também outra de 7. Eu fico vendo as duas gerações crescendo juntas e é muito interessante. Minha filha mais nova é pequena, mas fica ofendida com o termo plus size, por exemplo, e eu adoro isso nela. Ela diz que deveríamos usar outro termo para os tamanhos que não servem na maior parte das mulheres, em vez de tentar encontrar um que se encaixe no tamanho da mulher média. Nem eu tinha pensado sobre esse assunto por essa perspectiva”, conta.

Shonda também defende que as marcas têm um papel essencial para a representatividade e construção da autoestima dos jovens. “Temos grandes passos que podemos tomar. Passos grandes mesmo. Podemos fazer planos enormes para as empresas, fazer coisas gigantescas, mas também passos pequenininhos que podemos dar. Vamos pensar no que estamos colocando nas telas para anúncio, para uma marca, para uma série. Porque, às vezes, isso não acontece. Mas, por exemplo, se garantirmos que 50% das pessoas que estão ali no plano de fundo daquele anúncio sejam mulheres, ou pessoas não brancas, conseguimos mudar a forma como enxergamos o mundo”, completa.

(Foto: iStock)

Como falar com a criança sobre esse assunto?

Não é novidade que criar uma criança com autoestima, segurança e confiança é fundamental para o futuro e desenvolvimento do seu filho. Mas em um cenário novo, com pressões das redes sociais que as gerações anteriores não sofriam, sabemos que pode ser difícil entender a dimensão do problema e saber como abordar o tema dentro de casa.

O projeto Dove pela Autoestima oferece apostilas, atividades e vídeos online que ajudam na construção da autoestima das futuras gerações e também na construção de uma relação mais saudável e positiva com as redes. “Com o crescimento do uso das redes sociais nos últimos 10 anos, cresceu também o uso de filtros e aplicativos que auxiliam a distorcer imagens para se adequar a padrões de beleza socialmente aceitos. Quando esse uso aumenta também entre os jovens, temos um impacto na pressão para as meninas atingirem algo perfeito, que não pode ser alcançado na vida real, além de se tornar bastante prejudicial para a construção da autoestima. Dove quer destacar e atuar de forma cada vez mais ativa nessa questão”, comenta Fernanda Gama, gerente de Dove no Brasil.

Entre essas iniciativas, está o Kit de Confiança, um documento escrito por especialistas e projetado para adultos que querem ajudar uma criança a desenvolver a confiança corporal, com dicas práticas para melhorar a comunicação entre você e seu filho, sinais de que a criança pode estar sofrendo bullying e outros dados de pesquisas. Para acessar e baixar o Kit de Confiança completo, clique AQUI.


Palavras-chave
Comportamento Família Autoestima redes sociais aceitação

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