Publicado em 07/05/2019, às 13h28 - Atualizado em 08/05/2019, às 07h12 por Yulia Serra
A sexta e última palestra do seminário teve o tema “Juntos é possível com a nossa tribo” e foi dada por Silvia Lobo. A psicóloga, psicanalista e socióloga começou com uma provocação: “Durante muitos séculos, nós fomos consideradas apenas barriga e por isso éramos consideradas um produto de quinta categoria”.
Com o passar do tempo e após as guerras, a mulher foi começando a ocupar os espaços públicos e ser mãe se tornou um ato valioso e, principalmente, um desejo. Nessa mentalidade, a socióloga diz que chegamos ao que temos hoje, em que ser mãe é uma das opções possíveis, mas não a única.
“Mãe não precisa mais ser sacrifício, mas uma escolha de contribuir com o futuro da sociedade”, comemora. Para ela, esse poder de escolha é um avanço, porque valoriza as várias facetas da mulher. A mãe da Adriana, Suzana e Maurício entende que o patriarcado ainda existe, mas já tivemos grandes conquistas.
A saúde mental de uma criança depende de uma figura maternal de acordo com a especialista. “Um bebê precisa ter impresso nele uma pessoa que ele conhece e que conhece ele, para que possa confiar sem nenhuma dúvida”, pontua. Essa pessoa precisa ser alguém que considera a função sagrada, independentemente da relação de sangue, gênero e família.
A rede de apoio é importante para a psicóloga, mas essa relação maternal é imprescindível. Mãe é quem cuida, seja quem for. Por isso, a especialista compartilha: “A maternidade é uma das tarefas mais difíceis, porque nós não somos ensinadas, mas aprendemos na prática”.
A socióloga critica os livros infantis por só mostrarem mães santas e não a realidade. Então, quando você engravida, tenta se adequar a essa idealização e acaba se frustrando. Por isso, ela afirma: “O maior patrimônio que podemos deixar para nossos filhos é ser quem de fato somos”, com os erros e acertos.
Ser humano é ser ambivalente para a psicanalista e por isso não dá para estabelecer um único jeito de educar. Assim como cada bebê é diferente, a mesma mãe também tem maneiras diferentes de criar os filhos. Então, é preciso aceitar ser humano e entender que o ser que você está ajudando a criar também é humano, e tem suas vontades.
Para ela, romper preconceitos como esse é um desafio necessário. Outra barreira a ser quebrada é a visão de que as pessoas deixam de ser humanas após o nascimento dos filhos. “Uma mãe e um pai não devem substituir a mulher e homem que você é”, diz.
Não deixe de pensar em si é a mensagem que Silvia Lobo deixa com a palestra. “Tão importante quanto você cuidar dos filhos é cuidar de quem cuida deles, você”, termina.
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