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Diabetes infantil: quais os tipos, como identificar os sintomas e qual o tratamento

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Publicado em 06/04/2022, às 07h34 - Atualizado em 18/05/2022, às 16h46 por Cecilia Malavolta


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A insulina é o hormônio responsável pela metabolização do açúcar no sangue. Produzida pelo pâncreas, ela atua como uma chave que abre as células para a entrada da glicose, que vira fonte de energia para o corpo. Apesar de parecer uma equação simples, nem sempre a conta fecha. “Algumas pessoas possuem um problema na produção, secreção ou na ação e sensibilidade da insulina e, assim, o corpo passa a não conseguir utilizar os açúcares consumidos que se acumulam no sangue”, explica a dra. Maíra Pontual Brandão, coordenadora de Endocrinologia do Grupo Santa Joana, mãe das trigêmeas Clara, Júlia e Alice. Isso acarreta em hiperglicemia e em uma doença que atinge mais de 537 milhões de adultos no mundo: a diabetes.

O assunto é sério e não é um problema de saúde exclusivo da vida adulta. Crianças e adolescentes também podem ser diagnosticados com a Diabetes Mellitus. Segundo a dra. Júlia La Pastina, endocrinologista pediátrica com foco em diabetes, a doença é dividida em três tipos que podem estar presentes durante a infância: a Diabetes tipo 1 (DM1), a neonatal e a MODY.

“A diabetes tipo 1 é uma doença autoimune que, geralmente, surge na infância. Ou seja, o nosso próprio corpo produz anticorpos que levam à destruição das células beta do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina. Desta forma, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina. Sem ela, os açúcares consumidos na alimentação não conseguem ser utilizados como fonte de energia, não entram nas células e se acumulam no sangue”, explica dra. Maíra.

Existem três tipos de diabetes que podem atingir a infância, sendo a DM1 a mais comum (Foto: Getty Images)

A diabetes neonatal é rara e atinge um bebê em cada 400 mil a 500 mil nascidos vivos. Esse tipo de condição, causada por alterações genéticas, não é autoimune e é definida pelas altas taxas de açúcar no sangue logo no primeiro mês de vida por um período de pelo menos duas semanas, o que pede tratamento com insulina.

Já a MODY (Maturity-Onset Diabetes of the Young) é um tipo de diabetes de herança familiar, ou seja, transmissão genética e com idade de diagnóstico precoce. “Normalmente, existem três gerações afetadas pela doença e aparece na infância ou adolescência”, esclarece a dra. Maíra. Segundo Vanessa Radonsky, Endocrinologista Pediátrica do Fleury Medicina e Saúde e mãe de Leticia e Beatriz, a MODY acontece por causa de um defeito nas células do pâncreas,  o que prejudica a produção e secreção da insulina no corpo.

Como crianças desenvolvem a diabetes tipo 1?

“Para que a DM1 aconteça, é necessária uma combinação entre predisposição genética e um ‘gatilho’ ambiental. Alguns estudos sugerem que traumas intensos poderiam ser um desses ‘gatilhos’, mas isso é algo bastante complexo para ser comprovado, uma vez que na vida, todos passamos por situações desafiadoras com frequência”, acrescenta a dra. Júlia.

Segundo a endocrinologista, casos em que a criança desenvolve o quadro de diabetes após um trauma muito específico, como perder os pais de maneira repentina, acontecem porque ela já desenvolveria a doença em algum momento da vida dela. “Poderia ser após um quadro de infecção por vírus, uso de alguma medicação… Os fatores exatos ainda estão em estudo, mas as hipóteses mais fortes são essas”.

Sintomas de diabetes em crianças

Dra. Maíra explica que os sintomas de diabetes em crianças são conhecidas pelos “Polis”:

Além disso, outros sintomas que caracterizam um quadro de diabetes durante a infância são emagrecimento, boca seca, retardo no crescimento, vista embaçada, dor de cabeça, náuseas, vômitos, cansaço excessivo e sonolência. “Em casos mais graves, pode acontecer dor abdominal, desidratação, respiração acelerada, taquicardia, confusão mental, torpor (apatia) e coma”.

A importância da alimentação balanceada e rotina para a criança com diabetes

Se uma rotina com exercícios físicos e alimentação saudável já é pré-requisito para viver bem, com o diagnóstico de diabetes infantil essa dupla é mais do que necessária. Falando sobre o que vai no prato, a dra. Maíra reforça a importância de equilibrar todos os grupos alimentares: carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e sais minerais.

“Mas a quantidade e o tipo dos carboidratos precisam ser controlados. Os carboidratos chamados simples, que contém pouca fibra e alto índice glicêmico e são rapidamente absorvidos, devem ser evitados já que causam picos de glicose. Por isso, deve-se privilegiar o consumo dos carboidratos integrais, ricos em fibras e de baixo índice glicêmico, que elevam a glicemia de forma mais controlada, encontrados em vegetais, legumes e grãos integrais”, explica a endocrinologista.

O intervalo de tempo entre as refeições da criança deve ser de duas a três horas. Nesse período, os carboidratos precisam ser distribuídos entre os pratos para não serem consumidos em grande quantidade de uma vez só.  A dica de ouro é seguir o caminho do meio. Da mesma forma que existem carboidratos que se encaixam melhor nos hábitos alimentares das crianças diagnosticadas com diabetes, é importante não excluí-los da dieta: “Não podemos esquecer que as crianças tendem a fazer mais atividade física e estão em fase de crescimento e, portanto, precisam de alimentos com alto valor energético”.

“Além disso, é importante ensinar a criança sobre a sua doença, mas de forma lúdica e ao mesmo tempo clara para que ela entenda e seja recrutada para os cuidados consigo própria. O uso adequado da insulina e o monitoramento glicêmico são fundamentais para controlar a glicemia e manter o metabolismo equilibrado”, esclarece a dra. Maíra.

A rotina da criança com diabetes precisa ter obrigatoriamente prática de exercícios físicos e alimentação balanceada (Foto: Shutterstock)

Complicações e riscos da diabetes infantil a curto prazo

Dentre as complicações que podem surgir a curto prazo causadas pela diabetes infantil, podemos citar:

A cetoacidose diabética acontece quando o corpo passa a usar outras fontes de energia, já que os carboidratos não são metabolizados. Isso leva ao acúmulo de cetonas no sangue, provocando um quadro grave de saúde que pede internação do paciente e intervenção médica, já que simboliza um risco para a vida da criança.

Já a hipoglicemia é a queda excessiva do açúcar do sangue, um risco inerente ao tratamento, que acontece quando há um desacordo entre a quantidade de insulina aplicada e os carboidratos disponíveis no sangue para serem absorvidos. Esse quadro precisa ser revertido de imediato porque também traz riscos para a vida da criança. Os sintomas da hipoglicemia são:

“A criança e a família dela devem ser orientadas e treinadas sobre como agir nestas situações e é necessária a garantia de acesso imediato da criança a carboidratos de rápida absorção para esses momentos. Por isso, é importante que a criança tenha sempre consigo sachês com gel de glicose ou alimentos de alto índice glicêmico e rápida absorção”, orienta Maíra.

Problemas que a diabetes infantil pode causar a longo prazo

Tudo depende de como está o controle da diabetes – e, quanto melhor estiver, menos frequentes são os problemas recorrentes da doença, sendo que alguns podem ser evitados. A longo prazo, as consequências da doença podem ser:

E o psicológico da criança?

“As consequências psicológicas são muito importantes também, pois até metade das crianças desenvolvem depressão, ansiedade ou outros problemas psicológicos. O controle da glicemia exige um rigor de comportamento alimentar e monitorização glicêmica que são difíceis de cumprir e a descompensação da glicemia também gera sintomas desagradáveis, podendo resultar em consequências graves. Isto gera muita ansiedade nas crianças e na família”.

Maíra aponta que esses cuidados específicos podem causar dificuldade de socialização, faltas na escola e, como consequência, atraso nos estudos. Por isso, é fundamental que a família e a criança recebem apoio e orientação profissional para que não haja propagação de preconceitos e informações erradas.

“Além disso, o acolhimento e a empatia são ferramentas fundamentais e, desde muito cedo, a criança precisa ser envolvida no processo para que possa adquirir autonomia e conhecimento sobre si própria e sua patologia. Hoje em dia, com os contínuos avanços no tratamento é possível a utilização de sensores que monitoram de forma contínua a glicemia e o uso de sistemas de infusão de insulina que simulam de forma bem próxima o funcionamento do pâncreas, o que contribui de forma substancial para melhorar a qualidade de vida dos portadores de diabetes insulino-dependentes, ajudando no controle da glicêmica e reduzindo as complicações da doença”, Maíra finaliza.


Palavras-chave
Saúde Criança Diabetes infantil Diabetes Mellitus Diabetes MODY Diabetes neonatal diabetes tipo 1

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