Publicado em 03/04/2023, às 07h44 por Cecilia Troiano
Como faço habitualmente aos sábados de manhã, saí de meu apartamento correndo em direção ao Parque Villa Lobos, na região oeste da capital paulista. Esse momento semanal é um misto de esporte com terapia, um espaço para mim, longe da rotina do corre-corre, mesmo que de fato esteja correndo. Penso na vida, ouço música, contemplo, com batidas do coração mais aceleradas, mas com a mente calma. Um suor delicioso para agradecer a semana e à saúde.
Nesta semana, no meio desse ritual, quando já estava dentro do parque, numa das vias asfaltadas, vi um garotinho com seus 2 ou 3 anos pedalando sua bicicleta sem rodinhas. Ao olhá-lo, aqueles poucos segundos, um filme veio em minha cabeça, em relação à cena e à minha vivência com meus filhos aprendendo a pedalar por conta própria. Esse momento é mágico e inesquecível. Um misto de orgulho pela conquista das crianças, um dos primeiros marcos de independência, após o caminhar. Sentir o vento na cara e ter a certeza de que você controla a máquina e não o contrário, é um poder ímpar para uma criança, uma satisfação, é ser seu próprio super herói. Isso tudo dentro da cabeça do filho ou da filha.
Mas e nós, pais e mães? O turbilhão emocional é igual ou maior. Olhamos para aquela criatura que há poucos meses saiu de nossas barrigas, sempre parece que foi ontem que isso aconteceu e, de repente, é alguém que parte para o mundo, pedalando, vencendo os medos, avançando, criando seus próprios caminhos, libertando-se das “rodinhas de proteção”.
Bate aquele orgulho de ver aquelas perninhas girando velozmente, desafiando a gravidade. Intuímos a satisfação e alegria que eles sentem e automaticamente somos contagiados por aquela felicidade. Aliás, como muitas vezes, somos retroalimentados pelas emoções vividas por nossos filhos, nesse caso, uma emoção deliciosa de “eu venci”. Vejo o quanto até hoje, com meus filhos já adultos, Beatriz e Gabriel, me sinto abastecida afetivamente pelas pequenas (e, claro, pelas grandes também) vitórias deles, um quadro que pregam no novo apartamento até um novo livro que leem e que é motivo para horas de conversas entre nós.
Voltando à cena do parque, afasto meu olhar do garotinho em sua bicicleta e encontro o olhar da mãe. Igualmente sinto uma imediata conexão de cumplicidade com essa mãe, nossos olhares denunciam sem disfarces. Sei exatamente o que ela está sentido. O amor, a emoção, a felicidade, o orgulho. Olho no olho, mãe com mãe, uma sabe o que a outra está vivenciando naquele exato instante. Sem precisar falar nenhuma palavra, sinto uma intimidade única com aquela mãe do parque. E acho que ela sentiu o mesmo. Ela também sabia o que eu estava pensando e sentindo. Éramos cúmplices da conquista do filho dela, que, naquele instante também era um pouco meus filhos, os nossos filhos.
Sigo correndo, com o pulso mais alto, mesmo que o ritmo da corrida não tenha se alterado. Mas algo em mim estava diferente, talvez as memórias, a lembrança de meus filhos aprendendo a andar de bicicleta, as saudades, a cumplicidade que é tão forte entre as mães, pela jornada tão diferente uma da outra, mas ao mesmo tempo, tão igual.
Me lembro de uma outra cena, que vivi há poucos dias, num voo internacional. Uma mãe entrava para um longo voo de 11 horas, entre Londres e São Paulo, com uma criança de colo e outra que deveria ter uns 2 anos, no máximo. Já na fila, olhei-a pensando que o voo dela seria bem mais complexo que o meu e de meu marido, afinal, viajar com duas crianças pequenas é uma tarefa exaustiva e tensa, quem já viveu sabe.
Ao entrarmos no avião, eu vinha logo atrás dela e vendo-a atrapalhada com tantos itens que carregava, me ofereci para colocar sua mala no bagageiro superior, que ela prontamente aceitou. Novamente, eu sabia o que ela estava sentindo, aquele misto de angústia, apreensão, dúvida de como as crianças passariam as 11 horas. A nossa cumplicidade era similar à que tive com a mãe do parque. Ao longo do vôo, entre dormir e acordar inúmeras vezes me ajeitando na poltrona do avião, ouvia uns chorinhos de criança e me pegava pensando em como estaria aquela mãe…
No parque, no avião, na rua, na porta da escola, na despedida da excursão da escola, na espera do médico, fico me lembrando de quantos olhares de cumplicidade já troquei com outras mães. E o quanto essa simples troca é gostosa, abastecedora, apaziguadora, e explica tanta coisa. Como é bom sentir essa troca de olhares! No meio de tantas possibilidades de ser mãe, cada uma do seu jeito, somos, ao mesmo tempo, coletivamente iguais. O olhar é sobre isso, sobre o que nos aproxima, nos faz cúmplices e próximas.
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