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O autismo cada vez mais próximo de nós

Por ser um espectro, crianças com autismo apresentam diferentes sinais e quadros - Shutterstock
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Publicado em 02/04/2021, às 04h11 - Atualizado às 05h09 por Mayra Gaiato


O número de casos de diagnóstico de autismo ou TEA – Transtorno do Espectro Autista – está aumentando muito! Nos anos 80 existia uma pessoa diagnosticada com autismo para cada 10.000 nascidas. Atualmente, o transtorno acomete 1 em cada 54 crianças, segundo o CDC (Centro de Controle de Doenças e Prevenção do governo dos EUA). Por isso, é importante ficar atento aos sinais!

Por ser um espectro, crianças com autismo apresentam diferentes sinais e quadros (Foto: Shutterstock)

Quando pensamos em Autismo somos levados à imagem de uma criança totalmente isolada, escondida em um canto da casa, fazendo movimentos giratórios com algum objeto e sem responder ao nosso chamado. O autismo não é assim! O espectro varia de casos graves, que se assemelham a esse exemplificado, a casos com manifestações mais leves. O que acontece é que essa segunda possibilidade, muitas vezes, passa despercebida ou é, até, negligenciada no início.

Os sintomas aparecem como déficits persistentes na comunicação social e na interação social, com padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades. Essas características estão presentes desde cedo no desenvolvimento das crianças e, enquanto elas são pequenas, os sinais são muito sutis. Ao longo do crescimento os sintomas vão se tornando mais aparentes e podem provocar prejuízos significativos na vida do indivíduo.

Geralmente, o atraso da fala é o que mais chama atenção das famílias. As crianças não desenvolvem a linguagem da mesma forma que os pares da mesma idade e, somente a partir disso, os pais começam a se preocupar. Crianças com autismo não são “incapazes”. Elas olham, interagem, imitam e entendem nossas verbalizações. Porém, fazem isso em menor quantidade e qualidade do que esperado. Esse ponto é crucial para despertar a necessidade de ajuda especializada!

Muitas famílias buscam um checklist de requisitos da idade e entendem que somente aquilo que o pequeno não conseguir realizar é o preocupante. No entanto, fazer menos do que deveriam também é sinal de alerta! O fato é que fazem tudo em quantidade e qualidade MENOR do que os pares: Brincam sem função com os brinquedos, interagem menos, se comunicam menos expressiva e receptivamente. Esse contraste já indica um atraso do que é esperado para sua idade! Justamente por ser um espectro, as características apresentadas no TEA variam muito, e isso pode confundir bastante as pessoas.

Sabemos, por meio de pesquisas científicas, que é possível ensinar e modelar comportamentos sociais, motores e de comunicação, além da capacidade de raciocínio. A comunidade médica reconhece que o tratamento do autismo deve ser feito de forma sistemática, logo nos primeiros anos, devido à capacidade do cérebro de receber novas informações com maior facilidade nesta fase da vida. A melhor ação é começar um tratamento de intervenção precoce baseado na ciência da análise do comportamento com estratégias naturalistas, priorizando a motivação, autonomia e engajamento da criança.

Geralmente, as crianças autistas tendem a priorizar atividades individuais do que em grupo (Foto: iStock)

Apenas esperar que o pequeno evolua pode ser prejudicial e ocasionar atrasos, que vão só se acumular cada vez mais. Quando não damos início ao tratamento certo e com rapidez perdemos tempo valioso de intervenção, que seria essencial no desenvolvimento. As intervenções adequadas podem fazer muita diferença no futuro, possibilitando regressão dos sintomas e diminuição dos níveis de gravidade. Atenção aos sinais do TEA em crianças pequenas:

  • A criança precisa de mais estímulos que os pares da mesma idade para olhar e atender a chamados;
  • Ausência ou pobreza de balbucios. A criança não dá retorno vocal quando imitamos seus sons;
  • Dificuldade em aprender gestos sociais, como tchau, piscadas, beijos;
  • A criança é mais ligada aos seus brinquedos e objetos, ou a luzes e ângulos, do que nos pais e pessoas próximas;
  • Repetição de frases de desenhos e músicas, sem dar função para a conversa/diálogo;
  • Faz mais suas próprias vontades do que prioriza o contexto social. Usa os objetos como quer e na hora que quer;
  • É agitada ou passiva demais;
  • É hiperoral (leva tudo à boca);
  • Pode não gostar de toques e abraços, ou querer abraços sempre mais fortes e com apertos;
  • Parece um bebê “sério”, que sorri pouco;
  • Poucas expressões faciais adequadas para a situação;
  • Compartilha pouco os objetos ou brinquedos com as pessoas;
  • “Mostra” pouco as coisas legais aos cuidadores;
  • Não brinca de faz-de-conta ou tem dificuldade com atividades lúdicas;
  • Dificuldade para imitar;
  • Déficits de interesses sociais;
  • Ainda não gesticula ou aponta com 12 meses;
  • Ausência de palavras com significado aos 16 meses;
  • Não faz frases funcionais com duas palavras aos 24 meses. Funcional significa com objetivo de se comunicar. Não pode ser frase ecolálica, ou seja, repetição de uma mesma palavrinha várias vezes ou de sentenças de filmes e desenhos;
  • Espalha os brinquedos e não usa com a função correta ou esperada;
  • Pode ter regressão de fala e de comportamentos, deixa de fazer coisas que já conseguia realizar;
  • Gosta de coisas brilhantes ou que fazem movimentos repetitivos, tais como ventilador rodando ou rodinha dos carros;
  • Falta de reciprocidade social, ignora quando se aproximam dela para brincar ou conversar;
  • Prefere brincar sozinha;
  • Pode apresentar movimentos estereotipados e repetitivos, como ficar correndo de um lado para outro sem objetivo, abanar as mãos, dar gritinhos, pular e rodar sem sentido.

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