Publicado em 16/02/2014, às 21h00 - Atualizado em 13/01/2021, às 09h39 por Ike Levy
O gaúcho Achylles Rocha D’avila era conhecido por todos como Quilão.
Conhecido por todos mesmo. Costumava caminhar pelas ruas do bairro onde morava em São Paulo e era muito popular. Cumprimentava não só os porteiros do seu prédio, como os dos vizinhos. Ao caminhar por um lado da calçada, ouvia gritos amigáveis do outro lado da rua: “Como vai, Gaúcho?” Ele sorria e acenava com a mão.
Parece que puxei essa popularidade dele. Desde muito pequeno, converso com todos e me interesso pela história de vida das pessoas.
O grande prazer da vida do meu avô sempre foi: comer bem!
Me lembro muito bem dos churrascos que aconteciam em nosso sítio e era ele o churrasqueiro oficial. Todas as lembranças que tenho do vovô são ligadas à comida. Rs
Uma época, eu fazia provas de Mountain Bike e resolvi ir de bicicleta todos os dias pra escola. Até que passei na frente de um lugar que vendia comida árabe e eu estava completamente sem grana. Fiquei sonhando com aquele Kibe. No dia seguinte, encontrei o meu avô e contei pra ele.
– Mas, Ike, como pode andar por aí sem uma “gaitinha”?
Colocou a mão no bolso e sacou a tal gaitinha / dinheiro pra mim. Disse que neto dele não poderia passar vontade de comer alguma coisa. Rs
Mas a melhor lembrança que tenho é essa: uma vez, o vovô me fez um convite um tanto inusitado. Me convidou para ir com ele até Erechin (RS) levar os ossos da minha tataravó, que chamavam de Noninha. Eu, com apenas 8 anos de idade, falei: barbaridade, Tchê! Vamos até o Rio Grande do Sul levar ossos?
Ele riu de mim e disse:
– A Noninha era uma pessoa maravilhosa. Você tem que ter medo dos vivos e não dos mortos.
Fomos até a rodoviária comprar as passagens de ônibus. O que, pra mim, foi outra aventura. Eu nunca tinha viajado de ônibus. No dia seguinte, nos mandamos.
Entramos no ônibus e eu fiquei encantado.
– Poxa, vô, isso aqui é melhor que avião!
Me acomodei na poltrona e lá vem o vovô com o isopor dos ossos na minha direção. Gelei! Ele resolveu colocar a “Noninha” bem embaixo do meu banco.
– Sabe o que é, vô… Eu tô gostando de viajar com você, mas isso tem que ir embaixo do MEU banco MESMO?
– Sim, Ike, você vai ver que não terá nenhum problema.
Sei que dormi a viagem inteira. Quando chegamos ao destino, virei pra ele e disse:
– Nossa, vô, nunca dormi tão bem, acho que a Noninha estava me protegendo.
Encontramos parentes, fomos ao cemitério enterrar os ossinhos e passamos uns três dias bem divertidos por lá.
O vovô estava muito feliz e orgulhoso em viajar comigo. E vice-versa!
– Ike, hoje vamos voltar pra São Paulo, mas antes vou te levar num restaurante típico da região, vamos comer frango com polenta.
Achei uma delícia! E a gauchada ria do “guri” mandando bala no almoço.
Mais tarde, quando já estávamos no ônibus, eu disse:
– Vô, nunca vou me esquecer daquela polenta. Só de pensar, já me deu vontade… Hummm
Ele deu um sorriso, colocou a mão no bolso da camisa e retirou cuidadosamente um guardanapo com três polentas embrulhadas.
– Eu sabia que você ia querer mais…
Até hoje, me emociono ao lembrar dessa atitude.
Alguns anos depois, o Vovô Quilão se foi. Me deixou a saudade e ótimas lembranças de um vovô carinhoso e comilão.
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Ouça a música do Jair Rodrigues, avô dos meus filhos, Nina e Tony, em parceria com o tio Jairzinho.
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