Publicado em 29/08/2023, às 06h49 por Dra. Ivanice Cardoso
Já começo com um disclaimer: talvez esse texto seja um pouco indigesto, mas garanto que ele é necessário. Pensei com carinho antes de escrever e preciso dizer que as preocupações aqui não têm nada de ficção. Quando eu era criança, nosso meio de comunicação mais rápido era o telefone. E o maior risco que os adultos corriam ao deixar uma criança acessar o telefone livremente era receber uma conta astronômica para pagar.
E eu me lembro de uma traquinagem que eu fazia usando o telefone de casa: eu passava trotes. Pois é, que vergonha. Os trotes eram inocentes, não representavam perigo para ninguém, mas eram proibidos. Mesmo sabendo que poderia me render um baita problema eu fazia. Apesar de ser uma criança bem informada, muito bem assistida e acolhida pela minha família, muito amada e sempre aos cuidados de adultos, mesmo assim eu escolhia o risco.
Agora, volto ao nosso tempo: 2023. A grande maioria das crianças não precisa desejar um telefone. Elas já têm seus próprios aparelhos. Poucos deles com controles reais de acessos. E acessos a um mundo inteiro. Como pais e mães da geração hiperconectada, decidimos acreditar que o maior risco é o de nossos filhos serem assediados na internet por abusadores ou golpistas. E que isso vai demorar a acontecer. Já sabemos que não é bem assim e tentamos não pensar muito nisso.
Mas quero que você se faça a seguinte pergunta: e se for o seu filho o assediador? E se ele decidiu fazer “brincadeiras” através de chats de games, WhatsApp ou grupos no Discord, para cometer ilegalidades? Cyberbullying, compartilhamento de ameaças, uso ilegal de imagem e voz de terceiros, desafios que incitam o suicídio de outras crianças, participação em cenas de estupro virtual e vários outros. Todos considerados por eles como “brincadeiras”, mas cada vez mais frequentemente cometidos por crianças e adolescentes.
Atitudes que podem encerrar precocemente sonhos e vidas, inclusive a do seu filho. Nem sempre crianças e adolescentes têm noção dos riscos e consequências. Somos nós que precisamos instruir e orientar sempre. Quero deixar 3 conselhos baseados em tudo que tenho visto nos meus atendimentos a famílias e escolas:
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