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Seu filho no mar de possibilidade

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Publicado em 07/12/2017, às 08h28 por Ligia Pacheco


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A praia estava cheia de crianças brincando na areia e nas piscinas formadas pela maré baixa. Era o prenúncio das férias escolares. Chamou-me à atenção duas mães com seus filhos, de cerca de um ano e meio cada, indo em direção ao mar. Uma mesma situação, mas que geraram experiências bem diversas às crianças devido às interações das mães. E é isto que quero ressaltar aqui: o quanto nossas ações com os filhos dizem da criança deles e de seus futuros adultos, bem como de suas possibilidades. Muito mais do que imaginamos.

Uso o mar como metáfora. Um mundo desconhecido à criança, repleto de oportunidades de desenvolvimentos, mas também com adversidades, como as suas ondas, a desequilibrar. Este mundo pode ser a escola, o clube, o playground do condomínio, a família etc, no qual a criança irá viver, explorar e apreender. E, parto de três princípios: 1- A criança nasce pronta para aprender, e isto é o que ela mais faz se a deixarmos fazer. 2- A criança não nasce determinada, mas sim um ser de possibilidades, cujo meio será grande influência. 3- Para desenvolver é preciso aprender, e não é possível desenvolver-se no lugar do outro, nem que seja o filho mais amado.

Porém, o que é inerente à criança, aprender e desenvolver, pode ser comprometido pela atitude de seus educadores. E este déficit fará parte de sua base psíquica, emocional, cognitiva, psicomotora, social que dirão tanto do presente, quanto do futuro. Por isso, vale atentar-se às ações e perguntar-se: Que tipo de filho estou formando neste mar de possibilidades?

Vamos às atitudes destas mães e suas prováveis consequências.

A primeira mãe corre agitada atrás do filho que avança em direção ao mar. Alcança-o e o segura rigidamente pelas mãos. A criança insiste em seguir e a mãe cede, mas não a solta em instante algum. Cada pequena onda, a mãe arranca a criança da água colocando-a no colo. Passada a onda, devolve-a à água e esta se lança nas espumas. Mas logo é elevada de novo, num movimento brusco e de proteção, pois nova onda surge. E, num instante, a criança não interage no mar como antes e a cada movimento diferente da água, agarra-se nas pernas da mãe e pede colo.

Esta atitude protetora e tolhedora, que é provável que ocorra também em outras situações, rouba da criança a rica experiência no mar de possibilidades, inclusive de si mesma. É bem provável que ela e seu futuro adulto são e serão inseguros, não confiarão em si para explorar e enfrentar os mundos que virão, criarão forte dependência na mãe e não saberão se defender das e nas adversidades, que hoje são pequenas ondas que desequilibram, mas que amanhã outras “ondas” mais complexas serão.

A segunda mãe caminha tranquila com a criança até o mar, ambas de mãos dadas. Param na beira e observam as ondas chegando nos pés. Avançam um pouco. E, mais um pouco, até a água ficar nos joelhos da criança. Após algumas ondas, a criança solta a mão e a mãe deixa, embora permaneça atrás. A criança explora a água e vence por si as pequenas ondas, que a desequilibram, mas logo aprende a se reestabelecer. Após várias marolas a criança, sozinha, dá um pequeno passo à frente, colocando-se em desafio maior. E, vez ou outra, olha para trás, e encontra uma mãe tranquila e atenta. De repente, uma onda um pouco maior a faz cair. A mãe a ajuda a se reequilibrar sem alardes e a solta novamente, permanecendo próxima. Até que a criança, já segura, resolve ir mais fundo. Mas desta vez, estica o braço pedindo a mão da mãe, que corresponde. Que linda cena! E que metáfora sobre a educação dos filhos! De mãos dadas seguem um pouco mais ao fundo, até que a criança se sente segura o bastante para soltar novamente a mão da mãe e vencer por si aqueles desafios. Mas sabe que o seu apoio está ali, firme e atento, caso ela não consiga dar conta de sua empreitada.

É fácil imaginar que, nas mais diversas situações, esta criança e seu futuro adulto são e serão confiantes, curiosos, corajosos, autônomos, exploradores responsáveis de mundos. Pois, esta criança, diferente da primeira, aprende a viver a experiência, o seu passo a passo, desenvolve competências para enfrentar ondas e explorar mares desconhecidos, com uma mãe que a prepara, a apoia e segue junto. Que mãe mais linda!

Lembremos: nossos filhos são seres de possibilidades e em construção. E o que eles poderão vir a ser, para o bem ou para o mal, dependerá muito de nós.  Assim, desejo-nos cuidado e responsabilidade, para não protegermos ou amedrontarmos nossos filhos frente às situações, mas para prepará-los e apoiá-los para os seus tantos potenciais de desenvolvimentos.

Feliz novo ano neste mar de possibilidades, inclusive, na educação entre pais e filhos. Hora de mergulhar! Até 2018!

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