Publicado em 13/02/2023, às 07h20 por Toda Família Preta Importa
**Texto por Tatiane Santos, Pedagoga e Consultora Antirracista, realiza um trabalho de promoção da equidade e enfrentamento ao racismo no ambiente escolar. Usa o perfil, @pretinhaeducadora, para falar sobre empoderamento, educação infantil e enfrentamento ao racismo. Co-autora do livro infantil Super Black: e o poder da representatividade, onde o próprio filho de 6 anos é o protagonista. Mãe de Lucas Florio, 6 anos, e Noah Akin, 2 anos
Para iniciar a importância das relações étnico-raciais na infância, é o período da vida em que as pessoas começam a construir a sua identidade por meio da socialização e também a capacidade de acreditar no próprio potencial. É o momento em que começam a aprender a respeitar o próximo, e a entender que somos diversos. Portanto é elemento importante no cuidado com a criança falar sobre diferenças raciais e qual a sua percepção sobre elas.
O primeiro ambiente de socialização das crianças é a família. É com ela que nos reconhecemos, que vemos semelhanças e também diferenças, encontramos acolhimento. Para a criança negra é preciso que a família a empodere, fale palavras de pertencimento, mostre figuras de pessoas pretas que nos inspiram, mostre filmes onde o protagonista é negro, livros de literatura de autores negros, para que elas saibam que podem ser o que quiser. E que tudo começa e termina pelo respeito.
Para as crianças brancas o mesmo deve ser feito, lembrando sempre que não somos iguais, somos diferentes e por isso todos nós somos importantes e temos os mesmos direitos e deveres. Esse contexto se amplia com o ingresso na escola, onde encontramos amigos diversos, de culturas e educação diversas. A escola é um espaço onde construímos marcas positivas e negativas para a vida, e muitas dessas marcas perpassa a questão racial.
Nunca é cedo para falar sobre raça e pertencimento com bebês e crianças. Quando os adultos ficam calados, eles reforçam o preconceito racial e ajudam a falta de autoestima. Pois logo elas aprendem que o céu e azul, as árvores são verdes e percebem os padrões de racismo na sociedade, elas precisam entender e saber desde cedo que não somos iguais e, sim, diferentes.
Portanto trabalhar relações étnico-raciais na infância de forma adequada é missão que cabe aos adultos, e as primeiras instituições onde essa criança transita: família e escola. Buscando sempre falar a verdade de forma leve, com literatura, filmes, brinquedos e ações afirmativas oferecendo referências positivas que ajudem a criança a entender a complexidade do racismo no mundo.
Entre as atitudes que pais ou outros responsáveis e educadores podem adotar para promover uma educação antirracista com as crianças, ser exemplo é uma das principais, pois os pais são espelhos dos filhos e eles vão reproduzir na escola tudo o que aprendem em casa. Os adultos devem tratar todas as pessoas com equidade de direitos e deveres, o respeito deve ser o mesmo com todos.
Ter orgulho das origens é outra maneira de trabalhar relações étnico-raciais na infância de forma saudável. Ensinar às crianças sobre sua história e suas raízes e dar a elas inúmeros motivos para se orgulharem de sua pele, seu cabelo, seus traços e, principalmente, de toda riqueza cultural de seu povo é importante.
Por sua vez, as escolas podem trabalhar relações étnico-raciais na infância não somente em datas comemorativas. Os professores podem apresentar histórias ou brincadeiras que façam parte das mais diferentes culturas. Portanto cabe aos pais ou outros responsáveis e também aos professores o papel de adequadamente trabalhar relações étnico-raciais na infância, somente com essa parceria conseguiremos uma educação antirracista efetiva.
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