Publicado em 08/10/2021, às 14h47 - Atualizado às 14h53 por Toda Família Preta Importa
**Texto por Thainá Briggs, coordenadora do livro “Mães pretas -maternidade solo e Dororidade”
Quando me recordo dos motivos que me inspiraram a coordenar o “Mães pretas: maternidade solo e dororidade”, livro lançado em agosto desse ano que traz relatos sobre a minha maternidade e de mais 36 mulheres negras mães solos, lembro da emoção arrebatadora que me acometeu ao receber o aceite da proposta literária pela editora ao lembrar das minhas ancestrais, das mães pretas que vieram antes de mim e que tiveram suas trajetórias invisibilizadas. Portanto, não poderia começar essa escrita sem referenciar e saldar aquelas que com muito sangue, suor e lágrimas contribuíram para que hoje aqui eu chegasse viva e sã para exaltar aquilo que desde o período escravocrata nos foi impedido de vivenciar: a nossa maternidade!
E eu não consigo me pôr no lugar daquelas que oriundas do continente que gerou a humanidade, tiveram seu direito de gerar, sequestrado. E num gesto sádico eu diria, tinham por função serem as parteiras, mães de leite e babá dos filhos de suas senhoras, e como um contragolpe a todo esse processo cruel, elas ofertavam afeto e dedicação àquelas crianças.
São elas, as mulheres negras que mesmo no período pós libertação dos escravizados, (sim porque libertação é outra coisa, é algo que esse país ainda deve a população negra). São elas que continuam morrendo, como aponta o artigo publicado pela Scielo com o título: “Mulheres brasileiras… Mortes invisíveis” que aponta dados alarmantes sobre a mortalidade entre gestantes e parturientes: “Há décadas se dispõe dos meios necessários para que nenhuma mulher morra por complicações associadas à gravidez. No entanto, ainda se morre, e de forma muito desigual. No Estado do Rio de Janeiro, entre 2001 e 2003, aquelas que tinham menos de três anos de estudo morreram quatro vezes mais do que mulheres com nível universitário. Além de ser socialmente desigual, há também grande disparidade racial: mulheres pretas morreram cerca de cinco vezes mais, independente dos anos de estudo”.
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Seguindo essa linha de pesquisa, com relação a violência obstétrica, é correto afirmar que a má assistência ao parto tem cor. Em 2017, foram divulgados os resultados da pesquisa intitulada Nascer no Brasil, coordenada por pesquisadores da FIOCRUZ, que informa o seguinte: dados de 23.894 prontuários de mulheres coletados entre 2011 e 2012 comprovaram que pessoas gestantes negras têm menor chance de receber analgesia durante o trabalho de parto; durante a episiotomia (incisão efetuada na região do períneo para ampliar o canal de parto) a chance de uma pessoa negra não receber anestesia local para o procedimento é 50% maior quando comparada à uma pessoa branca ou parda. Possuem maior risco de ter um pré-natal inadequado, realizando menos consultas do que o indicado pelo Ministério da Saúde, peregrinam mais na busca de um local para parir e têm mais restrições para a presença de um acompanhante no parto.
Toda essa realidade afeta diretamente nossa maternidade, do momento da gravidez até o fim da vida, uma vez que a cada 23 minutos são os jovens filhos de pele preta que morrem no Brasil. Quando se trata da maternidade preta, o fluxo natural da vida se inverte, e somos nós que temos muito mais chance de enterrar nossos filhos.
Dedico esse artigo a senhora Regina Lúcia Dos Santos Silva, que durante as décadas de 80 e 90 não via crianças com a mesma cor dos seus dois filhos na capa da revista e ao fazer a leitura, não encontrava colunistas pretas. Mesmo que em passos lentos estamos avançando mãe, te amo!
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