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Parentalidade na prática: dosando expectativa e realidade

São muitos os planos antes da chegada dos filhos, mas algumas questões fogem do roteiro - iStock
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Publicado em 17/10/2021, às 08h22 por Ana Cardoso e Marcos Piangers


Ele: o pai que eu quero ser

Olhar a vida de trás pra frente é o que faz as coisas terem algum sentido. Quando a gente olha pra trás e vê que fazia todo sentido ter largado aquele emprego. Ou quando percebe que os amigos foram selecionados pelo tempo, e só ficaram os bons. Ou quando você olha pra trás e vê o quanto amadureceu. Olhando para o futuro, temos a angústia do desconhecido. Olhando para o passado, tudo se encaixou perfeitamente.

São muitos os planos antes da chegada dos filhos, mas algumas questões fogem do roteiro
São muitos os planos antes da chegada dos filhos, mas algumas questões fogem do roteiro (Foto: iStock)

“A vida só pode ser compreendida olhando pra trás”, disse Kierkegaard, “mas só pode ser vivida olhando pra frente”. Quando uma atleta sobe no pódio olímpico, uma atriz recebe o Oscar ou quando uma mulher é a primeira CEO, astronauta, escaladora do Everest, e alguém pergunta para essa mulher sobre sobre sua criação, ouço muitas vezes a resposta: “Meus pais sempre me apoiaram”. É esse o pai que eu quero ser. Não pelo sucesso dos filhos, somente, pois acho que para cada exemplo de vitória existem outros tantos que sofreram e desistiram.

Mesmo os que sofreram e desistiram, se ao serem perguntados disserem: “Meus pais sempre me apoiaram”, estão na verdade dizendo “obrigado, meus pais, por terem tentado comigo”. Pra mim, esses pais são vencedores. Não quero ser o pai que exige dos filhos sucesso a qualquer preço. Não quero ser o pai que quer se realizar através do filho. Não quero ser o pai que só amará o filho se ele se moldar aos seus desejos.

Quero ser o pai que diz: “Estarei do seu lado. Nem atrás te empurrando, nem na frente te impedindo. Por mais difícil que seja o caminho, pelo menos terás companhia”. Porque não é nada fácil ser esse pai. Quando um filho se emancipa, isso é sempre assustador. Quando ele decide ser um atleta, a despeito da falta de patrocínio; quando sua filha decide ser atriz, com todos os desafios que a profissão impõe; quando seus filhos decidirem quebrar os padrões, decidem que farão aquilo que ninguém nunca fez, sem medo dos abomináveis perigos que encontrarão, nestes momentos é muito difícil ser o pai que eu quero ser.

Minha tendência é dizer: “Não! Olha o perigo! Vá pelo caminho mais fácil!”. Mas nossos filhos não nasceram para andar com bicicletas de rodinha pra sempre. Nossos filhos não nasceram para evitar o balanço mais alto. Nossos filhos nasceram para machucarem os joelhos tantas vezes quanto for necessário para que a pele cresça mais forte. Nossos filhos nasceram para seguirem seus sonhos, como Wendy saltando pela janela, seguindo Peter Pan em direção à Terra do Nunca. Diremos: “Filha! Não vá! E se você cair?”. E ouviremos: “Mas, pai, e se eu voar?”.

Ela: a mãe que eu quero ser

Criança não é tudo igual, mãe também não. Eu tenho duas filhas que nasceram com um intervalo de sete anos. A mãe da mais velha (eu mesma, no caso) é meio imatura, fala bobagem, gosta de sair junto pra fazer comprinha e acha que a filha é “safa”, que sabe se virar, sabe das coisas. “Anita, isso tá muito tia do zap?”, pergunto algumas vezes por semana. Anita é minha filha, mas também é minha amiga e companheira em muitas e muitas horas. Já vivemos tantas coisas juntas.

Quando a Aurora nasceu, ter a Anitinha ali comigo, nem que fosse pra me fazer companhia já fazia toda diferença na minha vida. Uma hora toda mãe reclama que a filha adolescente não quer mais você por perto. Eu achava que era bobagem, que eu não sentiria isso. Eu sempre dei espaço, liberdade, pra ela. Nunca fui uma mãe sufocante. Criei minha filha para o mundo, ela é preparada pro que der e vier. Pensava que quando ela não me quisesse por perto, é porque não precisaria de mim.

Hoje, se ela sai pra dar uma volta e demora muito, fico com taquicardia. Eu jurava que não seria dessas mães. Eu preciso aprender a não ser. A mais nova tem uma mãe mais paciente. Uma mãe que já pegou algumas manhas e não tem pressa. Uma Ana que não acha que o mundo vai acabar amanhã e que topa contar a mesma história mil vezes, que consegue não arrumar a cama da filha, a encarregada relapsa da tarefa. Uma mãe que consegue separar seus problemas do seu papel de mãe, mas que não prende demais o choro por achar que tem quer ser forte o tempo todo na frente das crianças.

Juntar essas duas – uma mãe jovem e insegura e a mãe sábia e mais calma – na mesma pessoa é difícil. Ser coerente é o grande desafio da vida adulta. E quando as filhas brigam? Que mãe emerge pra resolver a confusão? Depende muito do dia. A mãe que eu quero ser é aquela que acalma e incentiva, que acolhe e tem paciência, mas que não deixa de ser ela mesma. Não quero ser uma mãe genérica, aquela bem típica superculpada e indecisa. Quero deixar muitas memórias engraçadas pra elas contarem chorando de rir para os amigos ou para seus filhos e netos no futuro. O dia que isso acontecer, já ganho meu troféu de boa mãe. Não pelo motivo das gargalhadas, mas por ter criado mulheres felizes.

MORAL: “Pais e mães sempre vão errar, mas sempre vão acertar também. Se rolar um equilíbrio positivo nessa balança, as crianças saem no lucro”


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