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Pai maluco

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Publicado em 06/02/2013, às 22h00 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos


Pais & Filhos Maio de 2005

Não existe pai de primeira viagem. Todo pai faz, no mínimo, uma jornada de ida e volta. Uma para levar o filho e outra para buscá-lo. Sou pai de dois filhos, Vicente, 3 anos, e Mariana, 11. Vicente mora comigo e Mariana, com a mãe. Minha vida pessoal é cheia de explicações: a mãe da Mariana não é a mesma de Vicente, com quem vivo. E sempre estou a conciliar o que a mãe da Mariana pensa, o que a minha mulher pensa, o que Vicente pensa, o que a Mariana pensa. Isso sem contar o apelo das avós. Difícil? Não conheço vida fácil e nem quero. Os problemas estimulam e exercitam o afeto.

Essa confusão só tem me ajudado. Não falta gente se importando com as crianças e prestando atenção nelas. Sou conhecido em casa como “pai maluco”, o que poderia ser ofensa para alguns. Para mim, é orgulho, pois confio no humor e na alegria como a verdadeira filiação. Desejo que meus filhos não sejam somente meus filhos, mas filhos da alegria que passa por mim. A paternidade está associada à severidade, à censura e ao controle. Mas a paternidade pode ser engraçada, solta e, ainda assim, didática. Ser pai não é um sacrifício, um trabalho, mas um dom, uma possibilidade que recebi para amadurecer e calibrar os olhos. É receber a infância de volta com juros e correção monetária. Há algo melhor?

De manhã, levo sempre Vicente à escola. Faço de conta que preciso de combustível de beijos para chegar até lá. Depois sou o elevador para ele apertar o interfone da escolinha. Em dez minutos, realizamos uma vida inteira de cumplicidade. Não vou dizer aqui que troquei fraldas, dei banho, virei a madrugada controlando sua febre, e tudo o que possa cheirar a prestação de contas. Erro muito, mas, sempre que erro, digo que errei e me desculpo. O amor não tem tempo para arrogância. Autoridade e paternidade não são sinônimos, talvez antônimos. Paternidade é compreensão, não se deve julgar, muito menos condenar. Não bato em meus filhos em situações de descomportamento. Converso. Conversa cansa, e eles logo perdem a resistência.

Ao pai, não basta contar histórias, é necessário ser a própria história para o filho. Não canso de inventar personagens e aparecer de repente na sala. Teatro não falta para demonstrar carinho. Crio personagens para lidar com possíveis dificuldades das crianças. Quando minha filha estava dispersiva, dei à luz o Canal, um guri insuportável, que mudava de conversa toda hora (como um zapping da tevê) e não terminava nenhum assunto. Depois de conversar com o Canal, Mariana ficou bem mais concentrada. Outros vieram: Sapato de Gente, para colocar os pequenos na cama; Ônibus Gratuito, em que eles andam em cima dos meus pés; Noturno, que surgia de noite e não podia receber a luz do sol em demasia; entre tantos. O último que surgiu, Professor Prendedor, vem ensinando pronúncia ao Vicente. Ele usa prendedores de varal na roupa, e sua didática é transformar cada palavra em música. Meu filho falava “tutu”, que é uma comida, em vez de “tatu”, um bichinho. Agora fala ta-tu, separando para não errar, com a mesma fome. Minha galeria de protagonistas ajuda que eles entendam e possam organizar o temperamento a partir da contraposição e do confronto. Ser pai é se inventar.


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