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Um órgão chamado pulmão

Imagem Um órgão chamado pulmão

Publicado em 07/02/2012, às 08h00 por Redação Pais&Filhos


Por Flavia Werlang, mãe de Luna

O momento de silêncio, assim que o bebê nasce, é de alta expectativa. Tum-tum, tum-tum, tum-tum, todo mundo ansioso. São milésimos de segundo até que venha o tão esperado choro. Ufa, ele está respirando. Como a respiração, um ato tão banal do nosso dia a dia, é importante! E como o pulmão, aquele órgão que a gente não dá muita bola, faz diferença. Tão importante e um tanto atrasado. O pulmão é um dos últimos órgãos a amadurecer no bebê. Muitos prematuros sobrevivem graças a uma simples injeção, que ajuda o pulmão a amadurecer mais rápido.

Quando os obstetras percebem que a gestante está tendo contrações ou entrando em trabalho de parto antes de 37 semanas, eles aplicam um corticoide. “Esse medicamento só funciona entre as 28 e as 34 semanas de gestação. Não impede o bebê de nascer, mas o prematuro nasce com o pulmão mais amadurecido”, explica o obstetra Paulo Gallo de Sá, pai de Júnior e Breno, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.

O obstetra ainda explica que o medicamento é aplicado na mãe quando ela começa a entrar em trabalho de parto, desde que esteja nesse período da gravidez. “É realizada a primeira dose do corticoide e, depois, repetimos a dose mensalmente até chegar a 34 semanas de gravidez ou até o bebê nascer”, explica.

Se a mãe em trabalho de parto prematuro não usar o corticoide, o recém-nascido pode apresentar a Doença da Membrana Hialina. Com essa doença, a respiração torna-se extremamente difícil e, se o problema não for tratado com surfactante, o bebê poderá morrer por insuficiência respiratória.

“O mais grave é quando ocorre erro no cálculo da idade gestacional e o bebê nasce prematuro (de cesárea) sem surfactante no pulmão. O recém-nascido necessita de cuidados mais intensos e uso de injeção de surfactante para amadurecer o pulmão”, explica a pediatra Vera Lucia Mainardi Weissheimer, filha de Italia e Adagir.

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Cesárea x Parto Normal

O tipo de parto também influencia na qualidade do pulmão do bebê – quando realizado entre as 35 e as 37 semanas. Gallo explica que, durante o trabalho de parto normal, as contrações do útero estimulam a glândula suprarrenal a produzir, naturalmente, o surfactante para o pulmão, processo que não ocorre durante a cesárea. Mas, após as 38 semanas, o tipo de parto não faz mais diferença, porque o pulmão já é considerado maduro.

Outro problema que está mais associado à cesariana do que ao trabalho de parto normal é a taquipneia transitória do recém-nascido, caracterizada pelo ritmo respiratório acelerado do bebê nos primeiros dias de vida – levando à necessidade de internação em UTI neonatal e uso de terapia com oxigênio. O bebê com esse problema tem dificuldade para mamar, necessitando cuidados de alimentação e hidratação por sonda ou na veia. De acordo com a pediatra Vera Lucia, isso normalmente está relacionado a cesarianas marcadas sem indicação e podem ocasionar problemas para o recém-nascido.

“O bebê, enquanto está dentro do útero, possui líquido no pulmão, que é absorvido para o nascimento. Se ele é retirado antes do tempo, ainda tem líquido no pulmão, gerando dificuldade para respirar e necessidade de cuidados intensivos neonatais”, afirma a pediatra. De acordo com Vera Lucia, a taquipneia transitória é tratada de 3 a 5 dias, com a reabsorção do líquido pulmonar.

Cuidados com o prematuro

Jofre Cabral, pai de Bruna e Marina, Diretor Clínico da UTI Neonatal da Clínica Perinatal de Laranjeiras, afirma que só dá alta para os bebês quando completam as 40 semanas gestacionais na UTI pediátrica, sob cuidados médicos, ou até chegarem aos 2,1kg. Ele recomenda que os pais tenham cuidados específicos, começando pelo contato com as pessoas, até que o bebê tenha recebido as vacinas, principalmente a da coqueluche, feita a partir de 2 meses. “Agora, há um grande número de crianças com coqueluche; como os prematuros têm o sistema imunológico mais frágil, devem ser mais protegidos”, afirma.

O especialista alerta aos pais dos bebês prematuros para também tomarem cuidado com a infecção por Vírus Sincicial Respiratório (VSR), vírus que circula, principalmente, de maio a setembro. O VSR penetra no corpo humano por meio das membranas dos olhos, do nariz e da boca, atingindo a mucosa respiratória. Pode causar bronquiolite e pneumonia, levando a casos mais graves e internação. Bebês prematuros de até um ano são o principal alvo do vírus. Os sintomas surgem, normalmente, sob a forma de um resfriado com febre baixa, nariz escorrendo e infecções nos ouvidos. Após alguns dias, os sintomas podem piorar, à medida que o vírus se propaga para o aparelho respiratório, provocando tosse, dificuldade para respirar, respiração rápida e chiados no peito.

Cabral sugere que as crianças prematuras sejam imunizadas, com a vacina Palivizumabe, de agosto a setembro, com uma dose em cada mês. Existem estados que oferecem a vacina gratuitamente para crianças menores de um ano de idade, cujo nascimento tenha se dado com idade gestacional menor ou igual a 28 semanas.

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De acordo com o pediatra, os bebês prematuros devem ser estimulados regularmente. “Os prematuros demoram a enxergar nitidamente, têm a visão turva. É importante estimular a retina. Os pais podem fazer isso desenhando quadrados ou círculos em uma cartolina, por exemplo. Para estimular a audição, recomendo conversa ao pé do ouvido e música clássica, principalmente com piano e violino. Para desenvolver o tato, recomendo massagear o bebê com panos de diferentes texturas. Pode ser de seda, tule, plush. Também é bom dar banho e acrescentar água em diferentes temperaturas para ele experimentar diferentes sensações térmicas. Para paladar e olfato, o leite, de preferência materno”, recomenda.

Números de prematuros no Brasil

De acordo com dados do Ministério da Saúde, tem ocorrido aumento do número de crianças prematuras no Brasil. Em 2000, foram realizados 109.210 partos até a 36ª semana (oito meses) de gestação; em 2005, essa marca cresceu 13%, passando para 123.569. Um bebê é considerado prematuro se nasce antes das 37 semanas de gestação.

Para realizar um diagnóstico atual do número de crianças prematuras nascidas no País, está sendo realizado o projeto Nascer no Brasil, pela Escola Nacional de Saúde Pública e Fiocruz.  A coordenadora geral do projeto, e pesquisadora do Departamento de Epidemiologia e Métodos Quantitativos em Saúde, Maria do Carmo Leal (mãe de Julia, Ricardo e Aline), explica que o objetivo é analisar a prevalência de cesáreas, tanto no sistema público de saúde quanto no privado – e descrever as complicações maternas, com ênfase na prematuridade.

Principais doenças que acometem prematuros

• Doença da Membrana Hialina
Doença respiratória que acomete cerca de 50% dos recém-nascidos prematuros com peso menor que 1,5 kg e 80% dos que têm até 1 kg. O bebê necessita de internação em UTI, aquecimento, hidratação, assistência respiratória com aparelhos e aplicação de surfactante, que deve ser usado nas primeiras duas horas após o nascimento do bebê.

• Síndrome do Desconforto
Respiratório (SDR)
Doença menos grave que a da Membrana Hialina, acomete não só os prematuros. É caracterizada por secreção no pulmão da criança, eliminada aos poucos por meio da oxigenação e de cuidados médicos.

• Taquipneia Transitória
Caracterizada pelo ritmo respiratório acelerado nos primeiros dias de vida – por causa de água no pulmão. Necessita de oxigênio suplementar. Não necessita de surfactante nem respirador.

• Pneumonia
A transmissão ocorre através da mãe para o feto, quando ela já está infectada. Pode ocorrer através da placenta, por infecção urinária, por germes do canal genital ou por ruptura de membranas ou bolsa d’água. Também pode ocorrer após o nascimento.

• Icterícia
Normalmente, é causada por níveis excessivos de bilirrubina e acarreta em pele amarelada e mucosas. Isso acontece pelo fato de o fígado dos bebês prematuros ainda não ser capaz de processar essa bilirrubina com a rapidez necessária.

• Pressão arterial baixa (hipotensão)
É causada pela perda de sangue durante o parto, pela perda de líquidos após o nascimento, por infecção ou por medicação administrada à mãe. O tratamento inclui a administração extra de líquidos, medicação ou uma transfusão de sangue.

Consultoria: Jofre Cabral, pai de Bruna e Marina, é Diretor Clínico da UTI Neonatal da Clínica Perinatal de Laranjeiras. Paulo Gallo de Sá, pai de Júnior e Breno, é obstetra da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Vera Lucia Mainardi Weissheimer, filha de Italia e Adagir, é pediatra.


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