Publicado em 09/08/2012, às 21h00 - Atualizado em 28/09/2016, às 12h46 por Redação Pais&Filhos
Bebês não são capazes de fazer birra. Se você fica em dúvida de pegar o filho com menos de 1 ano no colo quando ele chora, não tenha. Pegue, acolha, abrace. É disso que ele precisa. Agora, prepare-se, porque a birra virá em outro momento, pois ela faz parte do desenvolvimento. Se seu filho fizer birra depois de 1,5 ano, ótimo. Sinal de que está crescendo. O que chamamos de birra nada mais é do que a criança aprendendo a se posicionar diante das negações dos adultos, explica a psicanalista Patricia Cardoso de Mello, filha de João e Lilia. “Não existe desenvolvimento saudável sem birra”, diz ela. E acrescenta, “faz parte do eu da criança, que pode ter um período mais birrento ou menos birrento”.
Birra foi o tema do mês de julho da campanha Culpa, Não, que fazemos no Facebook, no site e na revista convocando mães e pais a discutir diversos assuntos ligados à criação dos filhos (www.facebook/culpanao). O tema gerou discussão na FanPage no Facebook. Muitas mães afirmavam que seus filhos de poucos meses eram birrentos, enquanto outras defendiam que nenhuma criança faz birra seja em que fase for.
A psicanalista esclarece que a birra é um comportamento muito específico de crianças que estão aprendendo a lidar com os limites e ainda não conhecem outras formas de reagir. Um bebê de 2 meses, 8 meses e de até 1 ano não reage com birra porque ainda não está aprendendo a lidar com a negação. Os bebês aprendem rápido que quando choram são pegos no colo, mas isso não é birra, é um comportamento normal que a mãe pode responder de diversas maneiras.
Além de o choro ser um pedido para ser pego no colo, também pode significar incômodos como dor, fome, sede e mal-estar. Patricia afirma que o bebê sente o estado emocional da mãe o tempo todo e se ela estiver angustiada o filho, independentemente da pouca idade, vai sentir.
Para lidar com a birra, os pais não devem entrar no braço de ferro com a criança, pois se entram neste conflito perdem a autoridade. O primeiro passo é explicar para a criança que você não está gostando do comportamento e por isso não vai prestar atenção nela enquanto estiver agindo daquela maneira. “Caso você simplesmente saia do ambiente de conflito sem explicar por que está fazendo isso, o seu filho vai entender que você está se comportando como ele, achando que vocês estão disputando autoridade”, explica.
Se você consegue lidar com a birra, o comportamento diminui até não acontecer mais. Se a birra não for trabalhada, o adolescente ou adulto vai continuar com o mesmo comportamento, não vai mais se jogar no chão, mas vai ser uma pessoa intolerante. Por isso, mesmo que seja difícil, é necessário ser firme. Faz parte de exercer o cargo de mãe ou pai. Sem culpa
Consultoria: Patricia Cardoso de Mello, filha de João e Lilia, psicanalista
Por Naiara Araújo, filha de Luiz Augusto e Dione
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