Publicado em 02/08/2019, às 10h15 - Atualizado em 26/03/2021, às 17h06 por Jennifer Detlinger, Editora-chefe | Filha de Lucila e Paulo
Vamos começar com calma. Primeiro, abaixe todas as suas bandeiras para poder ler esta matéria sem preconceito. Mães costumam criticar a maneira como outras mães agem — seja por amamentar ou não, pela forma de educar, pelo que dão para comer, pela rotina (ou falta dela) e até pela escolha do parto. O mais importante é a vida que geramos dentro do nosso corpo. A maneira de vir ao mundo é um meio – e não deve ser alvo de julgamentos.
A Pais&Filhos apoia o parto normal, no qual se respeita o tempo certo da criança nascer e a natureza como forma de dar à luz. Mas a cesariana está aí, existe como evolução natural da ciência e da medicina — e muitas vezes pode (e deve) ser uma escolha. Além de lidar com o próprio julgamento, as mulheres que passaram por cesáreas sofrem muito com o julgamento alheio.
Também queremos deixar claro que somos contra os médicos que empurram as mulheres para a cesárea contra a vontade delas. Assim como somos contra médicos que tentam empurrar uma mulher que decidiu pela cesárea para um parto natural em casa, por exemplo. A decisão tem de ser sua, sem culpa. Podemos (e devemos) ajudar, aconselhar e informar, mas nunca apontar o dedo. Afinal, cada mulher sabe melhor do que ninguém sobre a gestação, o filho e, principalmente, sua vida.
O parto cesárea ou cesariana é realizado através de um corte de, mais ou menos, 12 cm no abdômen, abaixo da linha dos pelos pubianos. Embora muito comum, é uma cirurgia de médio porte e não deve ser menosprezada. Para a retirada do bebê, são abertas sete camadas de tecidos, que depois são costuradas, uma a uma. Neste tipo de parto a paciente está sempre anestesiada. As principais indicações para o parto cirúrgico são quando o bebê está sentado (apresentação pélvica), quando a mãe já teve duas ou mais cesáreas anteriores, quando o feto tem peso estimado (pelo ultrassom) superior a 4 kg, em casos de malformações fetais e em algumas situações de doenças relacionadas à gestação, como, por exemplo, a hipertensão materna.
O parto normal é o mais indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) por ser o mecanismo fisiológico e por ser a escolha do próprio bebê de vir ao mundo – sendo um “sinal” de que ele está preparado para nascer (veja aqui quais são os sintomas do trabalho de parto). Mas é a grávida quem decide qual caminho irá seguir depois de ter contato com informações e ter suas dúvidas respondidas. O que vai pesar são as expectativas, os sonhos e, por fim, a escolha – se for possível realizá-la com segurança depois da avaliação do médico.
A cesariana apresenta algumas vantagens para a mulher, como a possibilidade de não sentir as contrações dolorosas do trabalho de parto, a liberdade da escolha de uma data para o parto, menor duração (a cesárea dura cerca de 40 a 60 minutos, enquanto um trabalho de parto pode durar até mais de 12 horas) e proteção do períneo e assoalho pélvico. Contudo, sendo uma cirurgia, apresenta riscos. Além disso, a recuperação pós-parto é mais dolorida nos primeiros dias do que no parto normal, podendo haver dificuldade de cicatrização, maior sangramento e ocorrência de infecções (mas, com a modernização de técnicas cirúrgicas e anestésicas e de fios cirúrgicos, observa-se menor incidência destas complicações).
A cesárea é um procedimento cirúrgico. Antes da operação, existem vários procedimentos que devem ser seguidos, como uma entrevista com o anestesiologista. “É importante que sejam anotados todos os dados do pré-natal, principalmente o grupo sanguíneo da gestante, os resultados das sorologias para rubéola, toxoplasmose, citomegalovírus, HIV, hepatites A, B e C”, diz o obstetra Thomaz Gollop, pai de Nicholas. No Brasil, as anestesias são a peridural e a raquidiana, em que a mãe só fica insensível à dor do peito para baixo, e fica acordada no momento em que o bebê nasce. Desde 2003 é usada uma técnica “minimamente invasiva”, que “corta” quatro camadas do abdome em vez de sete, como era antigamente. É feito um corte que vai de 10 cm a 15 cm.
Pra quem já está com a cesariana marcada, o procedimento é mais simples. A gestante é internada na data marcada para a cirurgia, cerca de uma hora e meia antes, e em jejum de alimentos e bebidas por oito horas. São feitos alguns exames: checagem dos sinais vitais da mulher (pressão, temperatura), batimentos cardíacos fetais e contrações. As contrações, nesse caso, são monitoradas para saber como está o comportamento do bebê. Depois, é feito um histórico de antecedentes cirúrgicos e alérgicos, e, logo depois, ela é encaminhada para a sala de cirurgia.
Lá é feita a tricotomia, (retirada dos pelos da região da cicatriz) e a mulher, então, receberá então a anestesia da cintura para baixo, que faz efeito em 5 minutos e dura cerca de 2 horas. O parceiro ou parceira só entra na sala de cirurgia quando a paciente já estiver anestesiada. A cirurgia cesariana demora ao todo cerca de 40 a 50 minutos. O bebê, após a avaliação do pediatra, também já vai para o colo da mãe e é amamentado. A mãe é encaminhada para uma sala de recuperação até voltar da anestesia, onde fica por uma a duas horas, aproximadamente, para ser avaliada a contração do útero no pós-parto para prevenção de hemorragias. A mãe volta para o quarto, e oito horas depois é retirada a sonda da bexiga e ela já é estimulada a andar, se movimentar aos poucos. Ela e o bebê ficam internados por mais três dias, e é ministrado um analgésico para aliviar a dor do pós-operatório. Na volta para casa, a mãe já pode retomar as atividades normais. Mas nada de esforço ou carregar peso, ok? Os pontos são removidos cerca de dez dias depois.
Em casos específicos, a cesárea pode trazer benefícios para as mães e bebês, mas quando ela é feita sem ao menos a mulher entrar em trabalho de parto, o nascimento (e até a infância) do bebê e a saúde da mãe podem ser mais prejudicados do que o previsto. Para a mulher, a cesárea desnecessária pode aumentar as chances de internação na unidade de terapia intensiva após o parto e de ter depressão depois do parto. Já para o bebê, diabetes e obesidade são apenas algumas das consequências de um parto feito cirurgicamente antes do tempo.
Vale lembrar que a Organização Mundial da Saúde recomenda que apenas 10% a 15% dos partos do país sejam cesáreas. A América Latina é a região com maior taxa de césareas (44,3% dos nascimentos) do mundo, e o Brasil é o segundo país que mais realiza esta cirurgia. Entre um dos motivos para o crescimento da cesárea no Brasil pode ser a comodidade das mulheres que trabalham, a dificuldade em conseguir um quarto quando estas mulheres entram em trabalho de parto e a agenda dos médicos, que preferem marcar o nascimento do bebê. Por isso, é importante sempre conversar com seu obstetra e buscar o máximo de informações para escolher o melhor tipo de parto para você.
A máxima “uma vez cesárea, sempre cesárea” não precisa ser uma sentença: “Indicamos uma espera de um a dois anos para um parto normal”, diz o obstetra Vinícius Breda, pai de Bruno e Ana Luisa. Embora alguns médicos realizem o parto normal após mais de uma cesárea, o médico não recomenda. “A cada vez que você abre e costura o útero, ele cicatriza. Num novo procedimento, essa cicatriz pode abrir durante o trabalho de parto”, explica.
Bem, se no parto normal a mulher tem de lidar com a dor “durante”, aqui a batata quente vem depois. Se você não estava em trabalho de parto – ou seja, marcou a cirurgia para uma data específica – não sentirá dor nenhuma para dar à luz, já que estará sob efeito da anestesia, que pode ser geral (neste caso, a mulher dorme durante a cirurgia) ou regional (peridural ou raquidiana, que são mais indicadas: bloqueiam a dor da cintura pra baixo e mantém a mulher acordada). “O anestésico local combinado com o uso de morfina garante que a mulher não sinta dor por 24 horas”, explica Carlos Eduardo da Costa Martins, pai de Isabela e Bruno, diretor da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo.
Depois desse período, a dor e o desconforto da recuperação pós-parto são amenizados com medicações prescritas pelo obstetra. O corte pode incomodar, claro. Afinal, é uma cirurgia. Mulheres que vivenciaram a recuperação pós-parto de uma cesárea relatam que os pontos podem limitar os movimentos nos primeiros dias, quando o bebê requer cuidados intensos a toda hora. A boa notícia é que a técnica cirúrgica de uma cesariana evoluiu muito. Hoje em dia, já existem cirurgias minimamente invasivas, que não são tão impactantes para a mulher e para o bebê.
Nos primeiros dias, um dos problemas enfrentados será o desconforto causado pela formação de gases intestinais. Para eliminá-los caminhe um pouco pela maternidade, e contraia os músculos abdominais ao expirar. Você vai sentir dor ao tossir ou dar risada, é normal. Use um travesseiro ou mesmo as mãos para apoiar a barriga. E, assim como no parto normal, haverá sangramento vaginal nos primeiros dias, podendo durar até um mês.
Atualmente, a maioria das cesarianas é feita com um corte na região do baixo ventre, o que significa que a cicatriz se estenderá horizontalmente bem na marca do biquíni, ou até um pouco abaixo. Logo depois do parto, ela vai ter uma aparência avermelhada, mas, com o passar das semanas e dos meses, vai gradualmente clareando até ficar da cor da pele ou um pouco mais clara. Na volta para casa, a mãe já pode retomar algumas de suas atividades, claro que maneirando nos esforços e sem carregar peso. Os pontos são removidos cerca de dez dias depois, e a limpeza dos pontos se faz normalmente, com água e sabonete.
Em duas semanas já é permitido dirigir, e, em um mês, o sexo está liberado. A dor do pós-operatório pode dificultar um pouco na hora de segurar o bebê e na amamentação. Tente achar uma posição confortável ao mesmo tempo para você e para o bebê. Ao se virar na cama, você pode ter uma sensação estranha de que os órgãos estão meio soltos dentro da cavidade abdominal. Algumas mulheres se sentem mais confortáveis usando uma cinta pós-parto. Converse com seu médico.
Apesar de apresentar mais riscos à gestante e ao bebê do que um parto normal em uma gravidez saudável, a cesariana pode ser pedida pela mãe. Afinal, você pode (e deve) escolher a forma de trazer seu filho ao mundo. Segundo resolução do Conselho Federal de Medicina, isso pode acontecer após você ter recebido todas as informações sobre benefícios e riscos das duas formas de dar à luz. Para escolher uma cesárea, você precisa assinar um termo de consentimento livre e esclarecido registrando a opção. A cesárea eletiva, no entanto, deve acontecer somente a partir da 39ª semana de gestação.
Assim como o normal, o parto cesárea pode ser humanizado. Com direito à luz baixa, bebê no colo e mamada ao nascer, como deveria ser sempre. Especialistas listam algumas recomendações necessárias para um parto humanizado:
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