Publicado em 15/04/2020, às 15h59 - Atualizado em 12/04/2023, às 14h19 por Yulia Serra, Editora | Filha de Suzimar e Leopoldo
A pandemia do coronavírus mudou tudo no mundo inteiro. É impossível negar as transformações que já estão acontecendo devido à doença e as que ainda irão acontecer por conta dela.
Os Estados Unidos são o país com o maior número de infectados e mortos pela covid-19 atualmente. Segundo os dados da Universidade Johns Hopkins, já são mais de 632.878 casos confirmados e 27.850 mortes. O país já supera a Itália (com 21 mil mortes) e Espanha (com 18 mil). Depois de dois dias em queda, os Estados Unidos voltaram a bater o recorde de mortes em 24 horas por conta do vírus, registrando o número em 2.228.
Daniela Lima, mãe de Gabriela e Davi, que mora nos Estados Unidos, na cidade de Weston, na Flórida, explica como está a situação na região e relata sobre a necessidade de ficar longe da família toda, que vive no Brasil, em um momento como esse.
Dentro de casa, Daniela garante que se sente protegida. “Aqui é muito incrível, as pessoas são conscientes e pensam uns nos outros”, acrescenta. Quem precisa sair, usa máscara e segue as indicações de distanciamento na rua, sem qualquer aglomeração, mesmo em mercados ou farmácias. Mas ela lembra que nem sempre foi assim. Especialistas apontam que os EUA precisavam ter tomado medidas mais sérias em relação ao coronavírus bem antes. A própria equipe da Casa Branca na linha de frente da luta contra a Covid-19 reconheceu esses erros.
“No começo, foi realmente difícil assimilar a gravidade da situação, porque estava longe dos nossos olhos. Hoje os números não deixam mentir e a população tem conhecimento”. A brasileira entende que isso acontece por morar em um lugar menos conhecido do país. “Os Estados Unidos são um lugar muito turístico, então várias regiões continuam recebendo gente. É nítido que lugares que têm pontos famosos também apresentam o maior número de casos confirmados”, pontua. Por isso, ela reforça que quarentena não é férias e teme que as pessoas apenas percebam isso quando alguém próximo for contaminado.
“Pensando individualmente, me sinto segura por saber que estou em uma região menos afetada. Pensando como Estados Unidos, me sinto triste, porque mesmo com toda a estrutura, o coronavírus é algo muito grande, então uma hora o sistema vai falhar. Pensando como Brasil, a situação é muito pior”, desabafa. Percebendo os efeitos da crise, que já deixou cerca de 10 milhões de desempregados nos EUA, o principal receio é com o que ainda está por vir.
“Nos preocupamos muito com o hoje, mas a nossa preocupação maior é com o depois. Dá muito medo do pós”, expõe. Nesse sentido, teme pela família, que mora inteira no Brasil: “Quando eu morava lá, cheguei a ficar três meses sem ver a minha mãe e, agora, tudo o que queria era estar perto e proteger”, não só durante a pandemia, mas nos desenrolares futuros.
Daniela permanece em casa com filhos e o marido, que segue trabalhando em home office. A mãe confessa que não tem sido fácil manter as crianças entretidas em quarentena, mas faz questão de falar sobre o assunto. “Tentamos transparecer tudo para não afetar o psicológico. Elas sabem o que está acontecendo, mostramos vídeos e dados, dizemos que é uma situação triste, mas vai passar”, conta.
O governo dos EUA também tem ajudado a população com subsídios, fornecendo empréstimos para empresas que se cadastrarem, que terão até um ano para devolver o dinheiro. Caso a empresa prove que não demitiu nenhum funcionário nesse período, o valor será perdoado e não precisará retornar nenhum valor ao governo. Já para as famílias, será oferecido 1.200 dólares para as que ganham anualmente um valor determinado e percentuais desse benefício para famílias que superam esse teto. “Nós estamos em uma situação confortável de país seguro, mas nossa cabeça está no Brasil, que não tem essa estrutura”, finaliza.
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