Criança

Os primeiros amigos da vida

Imagem Os primeiros amigos da vida

Publicado em 15/01/2013, às 22h00 - Atualizado em 17/07/2021, às 05h35 por Redação Pais&Filhos


Os primeiros anos da vida são fundamentais: deixam marcas para sempre, mesmo que a gente não se lembre de muita coisa depois. As amizades e relações feitas na infância são muito importantes para o desenvolvimento social de uma criança. E são justamente os primos que podem ocupar mais facilmente este papel de amigos e cúmplices para sempre.

A questão é que, atualmente, os casais brasileiros têm, em média, 1,9 filho, segundo os dados do último Censo, realizado em 2010. Em menos de 20 anos, estima-se que a taxa de natalidade no país ainda vá cair, e chegue a 1,5 filho por casal. Esta queda acaba por formar famílias menores e, no caso de núcleos com filhos únicos, as gerações futuras não terão primos. Nossa, que susto! Mas, antes de sermos apocalípticos, vamos aproveitar e valorizar essa relação. Ter amigos-quase-irmãos em qualquer família acaba por ser um privilégio para a criança, e cabe a nós mesmos, os pais, saber aproveitar e desenvolver isso.

Primeira infância
Vamos do começo: várias pesquisas e estudos já nos ensinaram que os laços feitos durante o começo da vida reduzem problemas de comportamento e melhoram habilidades sociais no futuro. E também já sabemos que, quase sempre, as pessoas de idade próxima com quem as crianças têm os primeiros contatos são mesmo os primos.

O papel dos pais é perceber a importância dessas amizades nos primeiros anos de vida e proporcionar o convívio dos seus filhos com os primos da mesma faixa etária. Calor humano é sempre bom. A pesquisa “A percepção da sociedade brasileira a respeito do desenvolvimento da Primeira Infância (0 a 3 anos)”, realizada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal em parceria com o Ibope, apresentada em 2012, constatou que apenas 8% das mães acredita que brincar e socializar com amigos seja a principal contribuição para o desenvolvimento das crianças, enquanto 51% acha que é mais importante levar ao pediatra e vacinar. Obviamente, em um cenário ideal, tudo é importante, e cuidar da saúde do filho é fundamental. É preciso, porém, que os pais saibam que as amizades na infância melhoram o desenvolvimento psicossocial. Resumindo e simplificando: criança gosta de criança. Criança precisa de criança.

“Os primos têm que se encontrar em diversos eventos, como aniversários, almoço de domingo, férias, Natal. E essa convivência acaba gerando uma proximidade muito grande. Além disso, enquanto os pais não liberam para dormir na casa de outros amigos, os filhos podem dormir na casa de tios. É com os primos que se começa a criar independência e autoconfiança”, afirma o psicólogo Maurício Pinto, pai de Liz e Ian.

Para a psicóloga Marina Vasconcellos, mãe de Amanda e Olívia, especialista em terapia familiar e de casal, porém, o fortalecimento dos laços vai depender do que os pais farão para estimular a amizade entre filhos e sobrinhos. “Há famílias que cultivam as relações e fazem de tudo para que exista amizade entre primos. Os irmãos ficam mais próximos para que seus filhos também fiquem. Em famílias muito grandes, pode acontecer de os primos não terem nem contato”, explica Marina.

Algumas vezes, entretanto, a amizade se fortalece por causa das circunstâncias. É o caso das primas Stephanie, 11, e Maria Fernanda, 8. “Com elas tudo foi muito natural. Como as mães trabalhavam e estudavam durante o dia, as meninas ficavam sempre com a avó, e isso fez com que elas ficassem cada vez mais próximas e unidas, desde muito pequenas”, conta a arquiteta Ludmila Afiune, mãe da Maria Fernanda.

“As duas são muito cúmplices e amigas desde pequenas. Elas estudam na mesma escola, sempre viajam juntas, e acabaram se tornando grandes companheiras. Uma defende a outra como se fossem irmãs”, acrescenta a arquiteta.

Ser ou não ser da mesma idade

A faixa etária é um fator estimulante da relação, podendo criar um vínculo de amizade e/ou de admiração entre primos. “Quando há diferença muito grande de idade, os menores acabam admirando os maiores, e estes viram ídolos ou heróis. Mas essa relação diminui ao longo dos anos, já que as crianças tendem a se identificar mais com pares da mesma faixa etária”, explica Maurício.
A idade parecida, em alguns casos, pode aproximar até primos de graus diferentes. Para a publicitária Débora Pinheiro, mãe do Josh e grávida da Zoe, foi isso que aconteceu com seu filho. “O Josh é amigo dos meus primos que moram em Minas Gerais, e eles sempre ficam juntos quando viajamos para lá. Como minha família é muito grande, os mais novos são mais primos do meu filho que meus”, explica a publicitária.

Segundo ela, a relação que tem com alguns primos da mesma idade ainda é próxima, desde a infância. Tanto que ela e uma prima ficaram grávidas quase na mesma época, e aproveitaram para dividir as dúvidas e alegrias da gestação. “Enquanto  meu filho não nascia, curti e aprendi um pouco com a filha dela”, finaliza.

A proximidade de primos durante a infância é ainda mais forte por causa da ausência da rivalidade que acontece na vivência de irmãos. “Irmãos são competidores em potencial que disputam pela atenção e carinho dos pais”, explica Maurício. “Por estarem em um campo neutro, os primos acabam tendo maior cumplicidade”, acrescenta Marina.

Tudo bem, mas tem que pegar leve

“Somos seres em relação, e, quanto mais pessoas você se relaciona, mais experiências de vida tem, o que enriquece o intelecto e o emocional”, explica a psicóloga Miriam Barros, mãe de Thiago e Felipe.
Visto isso, pais com muitos sobrinhos devem estimular o contato com os filhos sempre que possível.
Mas, ainda que a relação entre primos seja altamente benéfica, ela pode gerar alguns atritos se não surgir de forma natural. A principal dica é não forçar a barra. Como a convivência é quase sempre inevitável, por causa de eventos familiares, as relações acabam sendo muito intensas, o que pode gerar uma grande proximidade, como ocorre na maioria dos casos, mas também uma rejeição.

Cabe aos pais que são irmãos, desta forma, tentar conciliar a relação entre seus filhos, mas deixar que eles se entendam, já que ninguém deve ser forçado a ser melhor amigo de ninguém.

No norte ou no sul, no frio ou no calor, enfim, em qualquer lugar e momento, família grande e unida é sempre bom, e não há quem duvide disso. E a criança que cresce neste ambiente ao lado de primos, com certeza, se desenvolve melhor. Caso seu filho seja como o Gabriel, filho da cantora Paula Toller, do Kid Abelha [homenageado na música “Oito Anos”], e questiona tudo, em alguma hora ele pode perguntar: “onde estão meus primos?”. Se você tiver uma boa resposta e puder programar um encontro nestas férias, aproveite, já que não é todo mundo que tem a chance de ter um cúmplice assim desde pequeno.

Criança por perto

Se seu filho não tem primos, não se preocupe. O importante é ficar atento se ele está rodeado apenas de adultos. Veja com quem as crianças podem brincar:
do prédio, da rua, do bairro);

• Amigos de escola (ou do berçário, ou da creche);

• Primos de 2º ou 3º grau, mas da mesma faixa etária;

• Amigos de parquinho ou de algum espaço recreativo.

Família da mãe

Pesquisadores americanos desenvolveram um modelo matemático que diz que as pessoas tendem a se relacionar melhor com primos do lado materno do que com os primos do lado paterno.
O modelo, feito por professores do departamento de Psicologia da Universidade de Austin, no Texas, foi publicado na revista científica Proceedings of the Royal Society, em 2011.
O estudo explica que a possibilidade de incertezas em relação à paternidade dos primos faz com que as pessoas se sintam mais confiantes com os parentes do lado da mãe.


Palavras-chave
Desenvolvimento

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