Publicado em 16/12/2020, às 09h31 - Atualizado em 29/03/2021, às 13h56 por Cinthia Jardim, filha de Luzinete e Marco
Nos últimos meses, os hospitais têm feito um alerta sobre o aumento de casos de coronavírus em São Paulo. Com as crianças, não foi diferente. De acordo com o Sabará Hospital Infantil, especializado no atendimento pediátrico, essa taxa foi ainda maior em novembro. “Em relação aos testes para SARS-CoV-2, entre os exames coletados durante outubro, tivemos 53 amostras positivas, enquanto em novembro foram 101, o que representa um aumento de 90%”, explicou o gerente médico e infectologista Dr. Francisco Ivanildo Oliveira, do Sabará Hospital Infantil.
É superimportante reforçar a importância das medidas para prevenir o contágio de crianças e adultos. Como estratégia, tem se adotado o convívio social em bolhas, pois se ocorrer a contaminação, ela permanece em um grupo menor, sem que ocorra a expansão para outras pessoas. Desta maneira, vale lembrar sobre evitar contatos desnecessários, como aglomerações e participação em festas e eventos.
“A bolha social é ampliada a partir do momento em que tiramos as crianças de casa ou se os pais participam de atividades sociais. Por isso, o retorno às aulas deve ser encarado com toda atenção. Além disso, é importante salientar que a vida na escola não traz apenas benefícios de aprendizados, mas também psicológicos e de socialização. Dessa maneira, seguir todos os protocolos de saúde para evitar contaminação tanto entre as crianças como nos profissionais da educação é fundamental”, comenta o especialista.
Com um protocolo para a retomada das aulas, o Sabará Hospital Infantil se uniu com diversas instituições para orientar pais, alunos e professores durante a pandemia com o Sabará nas Escolas. “Como não somos educadores de crianças e adolescentes, temos capacidade limitada para avaliar todas os aspectos operacionais e logísticos das atividades executadas em uma sala de aula ou escola. Entretanto, esse será um trabalho em conjunto, desenvolvido a partir das diretrizes nacionais e internacionais com especialistas, educadores e os pais para minimizar os riscos de contaminação“.
Contudo, conversamos com o Dr. Francisco Ivanildo Oliveira para esclarecer os mitos e verdades sobre o coronavírus em crianças, além de alertar sobre a importância de se proteger durante a pandemia da doença no Brasil.
Verdade. O especialista reforça que os sintomas mais comuns em todas as idades são: tosse, febre, dor no corpo, dor de garganta e coriza. “Nem todos os adultos sentem exatamente os mesmos sintomas e com crianças não é diferente. Nas crianças também podem aparecer irritabilidade, dificuldade de dormir, cansaço, perda do apetite e obstrução nasal. Caso a criança sinta um desses sintomas, procure um especialista”.
Verdade. Como a maioria dos casos ainda acontecem em pacientes adultos, os hospitais infantis trazem um menor risco, pois as crianças não circulam predominantemente entre adultos doentes.
Verdade. “O Sars-Cov-2 pode contaminar qualquer pessoa, de qualquer idade, inclusive bebês, no entanto, sua incidência é menor. Os casos confirmados em crianças até 9 anos, representam apenas 2,5% do total de casos notificados no estado de São Paulo”, comenta Francisco Ivanildo Oliveira.
Mito. Desde que seja seguido as orientações para cada uma das idades, não há riscos. “Vale lembrar que para bebês e crianças menores de dois anos não se recomenda o uso da máscara. O mesmo vale para crianças com necessidades especiais, que fiquem muito angustiadas com o uso da máscara ou quando o seu uso representa risco. Acima dessa idade, sim, elas devem usar máscaras como forma de proteção”.
Mito. É superimportante manter a caderneta de vacinação em dia! Com as taxas de imunização em queda, é essencial proteger as crianças de doenças graves como meningite, pneumonia, hepatite, paralisia infantil, sarampo, entre outras.
A Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica, considerada rara, pode acontecer em qualquer idade, de bebês até adolescentes. Mas, vale lembrar que na maioria dos casos acontece entre 3 e 12 anos. “Segundo dados da população norte-americana, mais crianças negras e latinas foram diagnosticadas com SIM-P em comparação com crianças de outros grupos étnicos, mas ainda há necessidade de mais estudos para a determinar o por quê desta frequência mais elevada em negros/latinos. Os fatores podem incluir, por exemplo, diferenças no acesso a informações e serviços de saúde, bem como a possibilidade de fatores genéticos”.
Até o momento, não existem dados científicos comprovados sobre o assunto. “Não há evidências que o uso de medicamentos, como vitamina D, vitamina C e zinco, com a intenção de melhorar a imunidadetenha qualquer impacto na proteção da infecção ou de formas graves”.
Apesar do risco de transmissão pelas roupas ser considerado baixo, é recomendado que as roupas e calçados usados em atividades externas como, por exemplo, na escola ou em passeios, sejam retiradas e preferencialmente lavadas ao chegar em casa. “Uma opção é manter as roupas ou outros itens que não possam ser lavados em “quarentena“, isto é, em um local separado, sem uso por 48-72 horas”.
“As famílias precisam ter os mesmos cuidados, independentemente de conviverem ou não com crianças em casa. Neste momento de aumento de casos, evitar ambientes onde existam aglomerações, onde não se consiga manter distanciamento de pelo menos 1,5m ou mal ventilados, é fundamental para reduzir o risco de aquisição do SARS-CoV-2. Assim, as saídas devem ser restritas àquelas realmente essenciais, com uso de máscara e higiene frequentes das mãos“, conclui o Dr. Francisco Ivanildo Oliveira.
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