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Mãe-modelo ou modelo de mãe

Nossos filhos não querem perfeição, querem mães possíveis, que erram e acertam - Shutterstock
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Publicado em 13/12/2022, às 08h14 por Cecilia Troiano


Por muitas vezes nos pegamos tentando ser mães-modelo. O que é isso? Aquela mãe que é perfeita, não deixa pratinhos caírem, está sempre impecável e pronta para atender as demandas dos filhos e também as do trabalho. Aquela mãe bem falsa que vemos em alguns comerciais. Essa é uma armadilha bem fácil de cairmos, tentar ser essa perfeição de mulher, uma mãe exemplar. Pois é, só que aí, a rotina nos cutuca e nos alerta, mostrando que isso é uma viagem da nossa cabeça e que precisamos cair na vida real. O sonho da mãe-modelo cai por terra. Ainda bem! É a nossa chance para abrir a porta e encontrar uma outra mãe, a modelo de mãe. É sobre essa “nova” mãe, escondida atrás da porta, que quero falar.

Quebra-cabeça em formate de coração com uma peça faltando
Nossos filhos não querem perfeição, querem mães possíveis, que erram e acertam (Foto: Shutterstock)

A modelo de mãe é aquela que apoia suas atitudes e comportamentos pensando no modelo de mãe, como o próprio nome diz, que quer passar para seus filhos. Não mais aquele da mãe perfeita e exemplar e, sim, da mãe possível. É com essa postura que organiza sua vida, mostrando a vida de verdade, com suas alegrias e também com seus perrengues. Uma vida sem máscaras. Mostra que está cansada, mas também que se emociona na apresentação do balé. Trabalha duro, muitas e muitas horas, mas ama de paixão sua profissão e não consegue imaginar sua vida sem isso.

É verdade, algumas vezes já faltou em reunião de escola, a agenda era inviável e o trabalho ganhou o braço de ferro. Mas teve vezes que foi o contrário, a reunião de trabalho foi espremida e deu para encaixar um almoço surpresa com os filhos, aproveitando a carona do Uber para levá-la de volta ao trabalho. No outro dia, uma apresentação pública permitia que a família fosse também plateia. Foi bacana, era uma forma de materializar o trabalho da mãe. Aliás, sobre isso, sempre gosto de dizer que desde cedo devemos falar aos filhos sobre nossos trabalhos, mesmo que eles pouco entendam no começo. Falar o que é, o que fazemos, porque ele é importante para nós. Tira um pouco essa cara de bicho-papão sugador de mães que o trabalho às vezes assume para os filhos. É uma forma deles fazerem as pazes, em alguma medida, com o trabalho da mãe.

Enquanto escrevo aqui me lembro de um post que recentemente li de uma psiquiatra que conheço e admiro, a Thaís, uma autentica modelo de mãe que vem praticando muito do que descrevi acima. No post, Thaís mostrava uma foto da filha vestida de médica, com avental, estetoscópio e batom, toda paramentada para o dia da profissão, organizado pela escola. Importante, a filha, com menos de 10 anos, fez a escolha da “fantasia” por conta própria. Ela tinha infinitas opções e, nada por acaso, escolheu ir de psiquiatra, como a mãe. Ao saírem da escola, Thaís precisava voltar ao consultório e carregou junto com ela os dois filhos, a filha vestida de médica e o filho. E pegando Thaís de surpresa, ambos revelam: “Mamãe, queremos ser psiquiatras!”. Quem diria, hein, Thaís? Posso imaginar a emoção misturada de orgulho que ela sentiu.

O que essa pequena história que aconteceu com a Thaís e seus filhos e, que acontece em muitos lares por aí, nos conta? Que se a mãe (e vale para o pai também) for modelo de mãe, há boas chances de sermos pessoas que inspirarão nossos filhos em seus caminhos futuros. Para eles, olhar para nossos trabalhos não como bicho-papão que rouba os pais, mas como uma trajetória aspiracional, um vir a ser desejado. Quero ser essa mulher bacana, que cuida da saúde mental das pessoas, que tem seus altos e baixos, que equilibra pratinhos que às vezes caem e tudo bem. A que corre maratona, treina, trabalha, batalha, vai na feira da profissão, que cuida da cabeça dos outros. Mas também aquela que se mostra frágil outros dias, cansada, sem esconder dos filhos que usar capinha de super mulher ficou fora de moda.

Penso nos filhos da Thaís e me lembro do prefácio que minha filha Beatriz escreveu para meu livro Aprendiz de equilibrista: como ensinar os filhos a equilibrar família e carreira, em 2011. Em uma das passagens, ela fala: “E nesse vai e vem dos dias, eu tento seguir os passos da minha mãe para que, no futuro, consiga equilibrar os meus pratinhos. Com certeza, tendo meus pais como referência, estou bem mais preparada para meu futuro papel. Até lá, vou aproveitando cada lição e definindo, à minha maneira, como vai ser meu estilo equilibrista”. Hoje, minha filha, já uma jovem adulta, me orgulha muito pela mulher em que se tornou, criando, como ela mesma imaginava, um caminho equilibrista a seu modo. E fico com aquela pontinha de satisfação de saber que, em parte, pude ser esse modelo para ela, mesmo me achando uma louca muitas vezes. Que nossos filhos continuem nos inspirando a sermos modelos de mãe e que nós sigamos inspirando nossos filhos a buscarem suas escolhas equilibristas pela vida afora.

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