Publicado em 22/04/2024, às 18h51 por Redação Pais&Filhos
**Texto por: Fernando Guifer, pai babão e atípico da Laís, além de jornalista, TEDxSpeaker sobre abandono paterno, escritor, autor de três livros e podcaster no 'Paternidade.doc'
73 dias depois, voltei ao trabalho presencial na última segunda-feira após um período de afastamento médico pra lá de desafiador. Os dias de home office, porém, embora duros e cheios de incertezas, foram coloridos de ponta a ponta por essa mocinha aí da foto chamada Laís.
E, sabe de uma coisa? Hoje percebo o quão sua presença foi essencial para que eu pudesse atravessar essa recuperação de uma forma menos traumática, mais otimista e, sobretudo, mantendo o nível produtivo.
Quando Laís nasceu, lhe fiz companhia na UTI Neonatal por 80 dias; agora, minha prematurinha bravamente segurou a barra por mim durante esses incontáveis nasceres e pores do sol de 2024. Todo amor que recebeu de mim em seu momento de maior dificuldade quando veio ao mundo, me devolveu em dobro e com juros nessas primeiras semanas do ano.
A labuta tinha início com ela ainda babando na cama, então, a cada meia hora, entre uma reunião e outra, lá estava eu, no cantinho da porta, espiando com rabo de olho, admirando-a e me abastecendo com a energia necessária para terminar o dia tendo o emocional e a motivação intactos (em meio a tantas notícias que chegavam para me machucar no trabalho e na vida).
Era incrível olhar ao longo do dia e vê-la forte, me abraçando, beijando, dizendo que me amava sem eu pedir, enfim... Renunciando suas dores em prol de um sorriso do papai. Algo que me contagiou de um jeito tão especial que só reforçou a crença de que minha filha não só me mantém vivo, como, principalmente, faz com que eu me sinta vivo.
Claro que não é fácil se concentrar no expediente quando o abraço mais puro e rejuvenescedor do mundo se faz presente em tempo integral, querendo atenção e não compreendendo a razão de o papai estar ali - e ao mesmo tempo não estar, sabe? O senso de responsabilidade corporativo, embora financeiramente encorajante, não deixa de ser uma algema que nos distancia daqueles que amamos, mesmo quando o "escritório" está a cinco metros da cozinha de casa, concorda?
Mas, por fim, entre prós e contras, não há dúvidas de que estar amparado pelo maior amor do mundo naquelas 40 horas semanas tenha me tornado um homem e um profissional melhor, mais dedicado, mais focado, e com muita vontade de ver minha pequena tendo orgulho daquele pai responsável e amoroso com ela, consigo e com nosso ganha-pão.
Até por isso me tornei defensor desse "novo" momento híbrido de se relacionar com o trabalho desde a pandemia. Se bem administrado, o home office pode sim trazer muito mais benefícios do que prejuízos ao negócio e também à saúde mental do funcionário.
Como dissertei acima, sou prova viva dos benefícios, pois os minutos que "perdi" por ter que brincar de cóceguinhas ou esconde-esconde dentro da "empresa" no horário comercial, fizeram com que todo restante do expediente fossem infinitamente mais férteis.
E você, também acredita no poder medicinal afetivo do home office, para ser uma pessoa mais feliz e saudável, além de um/uma profissional mais completo?
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