Publicado em 27/02/2020, às 10h32 - Atualizado em 26/05/2020, às 12h14 por Com a Palavra
*Texto enviado por Ligia Ignacio de Freitas Castro, mãe de João
“Como autêntica filha do meio, entre a primogênita que reina e a caçulinha boazinha, sempre tive necessidade de ser vista e reconhecida pela família. Para alcançar esse objetivo existiam dois caminhos: o da ovelha negra ou o da mulher maravilha. Optei pelo segundo, claro, pois além de ser vista, eu seria elogiada.
Assim, fui me afastando a cada dia de mim mesma e me aproximando da pessoa que eu deveria ser: reservada, inteligente, dedicada e sem falhas. A perfeição tomou conta do meu “eu” e hoje entendo a escolha da faculdade de direito para a minha vida. Diferente não foi com a aprovação no concurso público de Cartório. Na minha cabeça, eu estaria sendo aprovada não só profissionalmente, mas também pela minha família.
Viver quietinha, sem calafrios ou muitas emoções, sem molhar o cabelo ou as pontas dos dedos parecia fácil, e não exigia muito de mim. O casamento chegou para emoldurar esse pequeno pacote que me definia, com fita vermelha e broche de ametista, aquela era eu: uma pessoa monocromática, centrada e previsível.
De repente, ele apareceu na minha vida e entortou minha estrada lisinha, retinha, sem curva. Chegou chegando, bagunçado os meus cabelos, mexendo em meu ventre, derretendo a minha alma.
O sol que raiava lá em casa nem parecia o mesmo, não conseguia mais esconder os meus medos, os meus erros, as
minhas falas. O clarão era tamanho que alumiou as minhas entranhas e descobriu os meus escritos embaixo do tapete da sala. E foi assim, numa tarde fria, com um grito quente entalado no peito, vindo do estômago, que eu me tornei escritora, descobrindo atrás da pedra de gelo água corrente.
Foi assim, despretensiosamente, que eu nasci dele e não ele de mim. Tá, ele saiu do meu corpo, apenas. Eu não, eu passei a existir essencialmente a partir dele. Eu parei de me preocupar com o vizinho, o porteiro, o médico, o país inteiro e passei a me olhar mais no espelho.
Eu parei de seguir a cartilha da sociedade e passei a seguir o meu calendário, de janeiro a janeiro. Eu parei de viver para o outro e passei a viver mais para mim, passei a sentir necessidade de ser ao invés de dever ser. Eu parei de buscar reconhecimento e passei a buscar felicidade, eu me aceitei demasiadamente errante e vi beleza nessa vivacidade.
São tantas as heranças da maternidade, mas para mim, a melhor foi a que me fez me descobrir. Ser quem eu sou é tanto e isso me basta. Ao meu filho João devo a minha vida. Devoto dele é o vento, esta minha respiração de nascimento”.
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