Oito ou oitenta?

Publicado em 15/09/2017, às 15h23 por Ana Cardoso

Como está difícil descobrir os tamanhos no Brasil. Não que eu compre roupa em outros países ou da China pela internet. Nunca fiz isso. Só ganhei coisas de pessoas que compraram e não serviu pra elas. Meu problema, no entanto, é bem analógico mesmo.

Na semana passada abri o email de uma marca de biquinis que eu adoro, acho lindíssima. Era um cupom de desconto, já que meu aniversário estava chegando. Já foi, antes de ontem, aliás. Além do cupom, tudo estava em promoção. Me empolguei. Verão chegando, opa, vou aproveitar e comprar os biquinis mais lindos qua a piscina do prédio da praia da sogra já viu.

No site, aquelas peças maravilhosas, todas remarcadas. Perfeito. Tudo ía muito bem, até eu clicar em um maiô-gnifíco. Preto, clássico e moderno ao mesmo tempo. Sexy, mas com pano suficiente para fazer uma burka. Eu ía começar a encher o carrinho virtual por ali. Mas… só tinha PP, P e M.

Eu visto M na vida real. Sou magra, mas meio encorpada. Peguei uma fita métrica e decidi testar se aquele M me serviria mesmo. Que fiasco. A medida de quadril que mais se aproximava da minha era o GG, mas ainda assim ficaria pequeno. Os seios, a mesma coisa. Talvez a minha cintura coubesse naquela grade, o resto não.

Fui excluída da festa das pessoas muito magras do biquíni lindo. Desisti, mas não de todo. Só do site. No feriado, fui à praia. E lá, nos Ingleses, onde minha sogra passa os finais de semana e joga canastra às quartas, tem uma loja que vende aquela marca e outras tão bonitas quanto.

Peguei minha filha mais velha e fui, caminhando. Vai que aquela pernada toda me fazia caber nos modelitos de roupa de banho? Na loja, decepção pós decepção. Como era tudo safra verão 2017, não tinha numeração alguma, só P. Tinha muito P porque ninguém – de verdade – deve caber naqueles biquinis.

A Anita precisava de um biquini e pra ela foi super complicado também. Mesmo sendo muito magra e tendo tamanho de 10 anos, tudo lhe apertava. Exceto um biquíni tamanho 16. Tem alguma coisa errada aí, bem grave, e ninguém está fazendo nada a respeito.

Falou e disse: o que não pode faltar no guarda-roupa de inverno é casaco!

Será que as peças de roupas são seguras para as crianças?

Palavras-chave

Ana Cardoso

Mulher do Piangers e mãe da Anita e da Aurora, a jornalista Ana Cardoso fez sucesso com a obra A Mamãe é Rock. Mestre em Sociologia Política, atuante em pesquisas sociológicas e grupos feministas, tem muito a acrescentar na reflexão sobre o que é ser mãe nos dias de hoje.