O hospital A.C. Camargo, referência no tratamento contra o câncer em São Paulo anunciou hoje que deixará de atender pacientes do SUS, a partir de dezembro. Conhecido como um centro integrado que atua nos pilares de prevenção, diagnóstico, tratamento, ensino e pesquisa, para pacientes oncológicos, o hospital explica que a iniciativa precisou ser realizada devido a uma defasagem da tabela SUS, que ameaça diretamente a existência da Instituição.

Em 2021, o A.C. Camargo teve que injetar mais R$ 98,46 milhões, por meio de atendimentos privados, para conseguir fechar as contas. A receita do SUS foi de R$ 36 milhões, sendo que o rendimento líquido da instituição em 2021 foi de R$ 1,32 bilhão.
Atualmente, mais de 3.000 pessoas no estado aguardam vagas nos Centros de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia, reguladas pela plataforma Cross – Central de Regulação de Serviços de Saúde. Além da consequência na queda no número de atendimentos em São Paulo, há também uma preocupação com os pacientes já em andamento.
A direção do hospital informa que cerca de 1.500 dos 6.500 pacientes do SUS acompanhados pelo A.C. Camargo já foram transferidos pela gestão municipal para centros oncológicos da capital. Outros 5.000 devem ser encaminhados até dezembro. Em nota, o A.C. Camargo reforça que a grande maioria dos pacientes que contavam com o atendimento já finalizou seu tratamento oncológico e está em fase de acompanhamento clínico. “A instituição esclarece que não está em discussão deixar de fazer o bem público, mas o modo de fazer, com quais parceiros, e em que localidade.”
Entretanto, a instituição ressalta que tem como objetivo expandir a atuação, no setor público, em outros locais, além município de São Paulo, com parcerias público-privadas em ações de prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação, além de capacitação de profissionais da atenção primária e de hospitais para o atendimento do câncer em prol do bem público.
De outro lado
A Secretaria Municipal de Saúde afirma que tem realizado reuniões para avaliar a possibilidade da continuidade da assistência por meio da parceria. Em nota, a prefeitura diz ainda que a assistência em oncologia aos pacientes da rede municipal seguirá sendo ofertada por meio dos demais prestadores municipais do serviço, como o Hospital Municipal Dr. Gilson de Cássia Marques Carvalho–Vila Santa Catarina, e outras unidades reguladas por meio da Cross (Central de Regulação de Oferta de Serviços em Saúde), do governo do Estado.