Recém-Nascido

Contra todas as previsões, ela conseguiu amamentar

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Publicado em 04/08/2017, às 15h53 - Atualizado às 16h04 por Adriana Cury, Diretora Geral | Mãe de Alice


Depois de um puerpério tenso com o primeiro filho, Patricia Belotti, jornalista e estudante de nutrição, e mãe de Felipe e Gabriel, preparou o corpo e a cabeça para fazer diferente com o filho mais novo: “Minhas pesquisas foram bem mais eficazes… ao invés de ficar lendo relatos de outras pessoas, eu liguei diretamente para o cirurgião que fez a minha plástica 22 anos antes. Ele me explicou exatamente como ele fazia a cirurgia naquela época (nada muito diferente do que é hoje…). Contou que algumas glândulas mamárias realmente eram eliminadas, mas que, nas que sobraram, ele manteve intacto os dutos que levam o leite ao bico”.

Aqui você pode ler o depoimento completo de uma mãe que passou perrengue, mas que com apoio do marido, Renê Camargo, amamentou com alegria e orgulho seu caçula. “A diferença é que, no estado de espírito certo, eu consegui substituir a vergonha, a culpa e a sensação de fracasso por uma enorme gratidão pela minha jornada com meus filhos, e pela experiência maravilhosa e intensa que é ser mãe”, ensina.

Sobre a grande aventura que foi a amamentação

Quando eu tinha 14 anos, era uma adolescente extremamente tímida e fechada. Enquanto minhas amigas estavam começando a amadurecer seus corpos, naquela fase meio estranha em que todas são ainda meio meninas, meio mulheres, eu já usava sutiã 48. Para curar uma dor que era principalmente emocional – eu não queria sair para o mundo, a não ser que fosse com um camisetão largo que me cobrisse o corpo – mas também física – costas magrelas carregando tamanho peso que ficavam mais curvadas a cada dia – eu resolvi fazer uma cirurgia plástica de redução de mama.

As dúvidas eram muitas, sobre o procedimento, sobre a recuperação, sobre a sensibilidade no pós-operatório, sobre o tamanho, sobre o formato, sobre a cicatriz… e entre elas teve meio en passant o: eu vou poder amamentar quando tiver filhos? A resposta foi um sim, sem muitas explicações. E eu já estava mais do que satisfeita, afinal esta não é exatamente uma preocupação na pré-adolescência… ou pelo menos não era para mim!

Operei, e queria deixar claro que a cirurgia mudou a minha vida! Foi um divisor de águas no meu amadurecimento como uma adolescente e depois mulher, feliz com meu corpo, mais confiante e com uma postura completamente diferente. Nunca me arrependi, mesmo no meio das noites chorando a culpa de não conseguir amamentar.

Enfim, o tempo passa, e quase 20 anos depois nasceu meu primeiro filho, o Felipe. Passei praticamente a gravidez inteira pensando, pesquisando sobre amamentação pós redução de mama… alguns casos de sucesso, porém, no geral, as histórias eram desanimadoras. Meu ginecologista/obstetra disse que já tinha visto de tudo: gente que não conseguiu nem começar a amamentar, e gente que conseguiu amamentar com exclusividade, então dizia que era uma “loteria”… e que eu tinha que simplesmente relaxar e esperar para ver… mas, primeira gravidez, relaxar é uma palavra que simplesmente não se encaixa.

Felipe nasceu ótimo, com quase 3 quilos, pegou meu peito instantaneamente e com a maior facilidade. Primeiros dias na maternidade, ele sugava com gosto… mas nada do meu leite descer. Eu tinha uma fantasia recorrente do meu filhotinho recém-nascido morrendo de fome, chorando, e eu tentando dar o peito sem nem perceber que ele não estava recebendo leite nenhum. Por algum motivo, meu pior pesadelo era pensar que ele estaria passando fome sem eu perceber. E foi com este pavor em mente que já na maternidade pedi para que complementassem com fórmula.

Nossos primeiros dias em casa foram caóticos. Tive uma depressão pós-parto leve, mas suficiente para me deixar completamente acabada. Chorava o dia inteiro, tamanha a grandiosidade de ser mãe pela primeira vez. Hormônios no pé, vontade de sumir, não conseguia nem comer. Colocava o Felipe no peito e ali ele ficava: uma hora, duas horas… até não aguentar mais sugar e começar a chorar descontroladamente… chorava ele e chorava eu… amamentar era uma tortura, e cada vez que eu tinha que sentar com ele no meu peito eu entrava em desespero. E no meio dessa maratona emocional eu, mais uma vez, ofereci a formula como complemento. Ele sugava aquela mamadeira desesperado, segurando um paninho com as duas mini mãozinhas, olhos fechados. Não esqueço nunca dessa cena. Foi assim que resolvi que não precisávamos – nem ele e nem meu – passar por todo este estresse, e com três semanas de vida ele já se alimentava exclusivamente de fórmula. Foi um alívio gigante por um lado. Por outro, eu morria de vergonha de contar para as pessoas. Os comentários eram (quase) sempre os mesmos: mas por que você não insistiu? Mas você sabe as vantagens do aleitamento materno, mesmo que seja só uma gotinha? Por que você não chama uma consultora em amamentação? Mas “fulana” também fez essa cirurgia e o filho mamou no peito até os 5 anos! Faz relactação ou você não terá o mesmo vínculo com seu filho… e por aí vai.

É difícil admitir que sim, eu sabia as vantagens do aleitamento materno, e não, eu não chamei nenhuma consultora porque eu simplesmente não tinha estrutura emocional para seguir nessa tentativa. Difícil também ter que explicar que, apesar de todo o vínculo que a amamentação cria para todas as mulheres, o meu vínculo com o meu filho só começou efetivamente depois que eu parei de dar o peito. Difícil a sensação constante de ser uma péssima mãe desde o começo, uma mãe que desiste.

A boa notícia é que o puerpério passa… as nuvens negras do baby blues e da depressão se dissipam, a vida segue, a criança cresce. O Felipe cresceu ótimo, sempre no meio da curva, forte, saudável, uma das crianças mais incríveis e amorosas que eu já conheci. E eu fiz as pazes com a mãe meio surtada que fui nos primeiros meses dele, mesmo pensando que nunca mais iria querer viver isso novamente.

Mas é claro que, mais ou menos dois anos depois, o “nunca mais vou ter filhos, imagine, nunca, socorro”, deu lugar a uma nova gravidez. E nada como a segunda gravidez para curar tudo o que precisava ser curado da primeira. Eu fui outra grávida! E fui outra puérpera também. Claro que a questão da amamentação já surgiu na gravidez. Desta vez, meu médico (o mesmo) e as pessoas próximas já diziam: “bom, sem estresse, né? Dessa vez você não vai nem tentar”. E eu, calma e serena, pensava: mas claro que vou tentar! Exatamente assim: sem estresse!

Minhas pesquisas foram bem mais eficazes… ao invés de ficar lendo relatos de outras pessoas, eu liguei diretamente para o cirurgião que fez a minha plástica 22 anos antes. Ele me explicou exatamente como ele fazia a cirurgia naquela época (nada muito diferente do que é hoje…). Contou que algumas glândulas mamárias realmente eram eliminadas, mas que, nas que sobraram, ele manteve intacto os dutos que levam o leite ao bico. Ou seja, eu poderia produzir leite normalmente, este leite iria sair normalmente, eu só teria provavelmente uma quantidade de leite menor do que as mulheres não operadas.

Gabriel nasceu e diferente do Felipe não pegou meu peito de imediato… ao contrário! Teve muita dificuldade com a pega. Não queria sugar, perdeu uma quantidade absurda de peso nos primeiros dias. Voltamos do hospital e a pediatra dele – uma grande amiga e especialista em amamentação – correu para a minha casa para ver a pega e me dar umas dicas. Foi uma delicia estar com ela e meu estado de espírito não podia ser melhor. A primeira coisa que ela me perguntou foi: como VOCÊ está? Eu estava bem! Cansada, pós parto, tentando dar atenção a um recém-nascido e um ciumentinho de 3 anos, mas muito bem! Sabia que se eu conseguisse amamentar seria lindo. Se não, seria lindo também.

E assim fluiu… ao contrario da primeira vez, era um prazer sentar com ele no peito. Não senti dor, apenas um prazer enorme de ver a boquinha dele cheia do meu leite. Amamentei em livre demanda: era ele começar a reclamar, dá-lhe peito! Adorava servir de fonte de alimento, a adorava servir de conforto para o meu filhote. Aprendi a fazer mil e uma coisas com ele “pendurado”… principalmente brincar com o mais velho, contar história, compartilhar o colo. Por causa da quantidade limitada de glândulas mamarias, eu não tinha aquele leite sobrando, que espirra e vaza, e tive que complementar. Mas exatamente por não ter conseguido da primeira vez, por não saber se ia sair alguma coisa, por todas as dificuldades físicas e emocionais que complicam este processo que já não é simples, cada gota de leite meu que ele conseguia tomar, e cada momento abraçadinha com ele no peito foram uma vitória enorme que eu nunca vou esquecer.

Com cinco meses ele começou a querer menos e menos mamar no peito. Percebeu, como bom gordinho, que a mamadeira era muito mais fácil e prática, e as sessões de amamentação começaram a ficar cada vez mais rápidas. Até que ele não quis mais com quase seis meses. Para quem tinha como meta conseguir amamentar pelo menos no primeiro mês, com paciência, calma e amor, consegui levar até a introdução alimentar. Claro que ainda assim ouvi comentários do tipo: mas você nem tentou amamentar exclusivamente? Mas por que deu o complemento na mamadeira e não no copinho/relactação/translactação e etc? Você usou bombinha para tirar o leite? As pessoas sempre vão ter perguntas, e sempre vão ter opiniões. A diferença é que, no estado de espírito certo, eu consegui substituir a vergonha, a culpa e a sensação de fracasso por uma enorme gratidão pela minha jornada com meus filhos, e pela experiência maravilhosa e intensa que é ser mãe”.

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(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

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