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Tudo é um só coração

Imagem Tudo é um só coração

Publicado em 06/06/2014, às 16h25 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos


Eu era pequeno na Copa de 70. Nasci em 62. Durante os jogos, ainda não tinha completado meus 8 anos. (Oh! que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida que os anos não trazem mais!) Lembrar dessa Copa é lembrar do aparelho de TV que tínhamos lá em casa. Do Fusca que a família pilotava. Da Avenida Ipiranga em Porto Alegre. E do meu pai.

Entenda: não foram os jogos em si que, na época, mexeram comigo. Eu era muito distraído pra prestar atenção em no-ven-ta minutos de jogo. Foi o México que mexeu comigo. Descobrir que existia, no mundo, um outro país – e que ele se chamava México – foi o que valeu. Naquele outro país, as pessoas usavam chapéu grande e bigode maior ainda. A vontade de conhecer outros lugares nasceu ali. (Como são belos os dias do despontar da existência!) Quem acha que Copa do Mundo é só futebol, acha muito pouco.

Amar televisão – foi outro efeito colateral da Copa de 70. Claro: eu já curtia desenho animado. Mas ver aquela Copa foi um passo (ou um drible) adiante. E muito desse amor definitivo pela TV nasceu por causa do Rivelino. Ele era o mais mexicano dos nossos jogadores. Eu sempre simpatizei com a canhota e o bigode do Rivelino.

O Fusca da minha família também era o máximo. E foi nele, na festa da vitória da Copa, que vivi as maiores emoções daqueles dias. T-o-d-a Porto Alegre foi para Avenida Ipiranga, à beira do Riacho, festejar. E nós estávamos lá: buzinando muito, gritando mais ainda. Se lembro bem, até compramos um bandeirão verde e amarelo. (Que auroras, que sol, que vida, que noites de melodia, naquela doce alegria, naquele ingênuo folgar!) Ok: talvez fosse uma bandeirinha. E em tudo isso, na frente da TV, no deslumbre pelo México, na torcida pelo Riva, na festa dentro do Fusquinha, em tudo estava a companhia do meu pai.

Meu pai jogava bem futebol. Batia um bolão. Teve o cuidado de me ensinar o jeito correto de fazer embaixadas. Até hoje, faço embaixadas muito bem. Com os dois pés. Coloradíssimo (torcedor do Inter), meu pai gostava de ir ao campo. Vivia grudado no seu radinho de pilha. Vivia jogando peladas com os amigos. O mais justo, pra mim, é que ele tivesse sido convocado para aquela Copa. Não seria fácil tirar o Jairzinho da ponta direita – mas o Zagallo acabaria dando o braço a torcer. A Copa de 70 não é a “minha” Copa – é a “nossa” Copa, a minha e a do meu pai. Inesquecível.

Será que o Júlio César é tão carismático para o meu filho quanto o Félix foi pra mim? Será que o Neymar significa pra essa gurizada o que o Pelé foi pra todos nós? Será que existe hoje em dia um jogador tão cativante (e dramático) quanto foi o Tostão? Acho que sim, só pra não parecer saudosista demais. Mas, no fundo, acho que não. Nem todo escrete é mágico. Alguns são mágicos e não vencem (o de 82). Alguns não são nem um pouquinho mágicos e acabam levando o caneco (o de 94).

Em 2014, vou assistir a Copa na companhia dos meus dois filhos, um de 12, outro de 5. Quero que o Brasil ganhe por eles. Guri merece ser campeão do mundo. (Oh! que saudades que eu tenho da aurora da minha vida, da minha infância querida.) Há a chance do de 5 achar que o Felipão deveria me convocar para a ponta direita da seleção. O de 12 – eu sei – já imagina outro craque jogando no meio-campo da seleção canarinho: ele mesmo. (Eu imagino a mesma coisa.) O de 5 não vai ter muita paciência para no-ven-ta minutos de jogo – mas vai adorar a bagunça. O de 12, aposto, vai viver a Copa da sua vida. Ele – se os deuses quiserem –vai ver o Brasil ser campeão logo ali na esquina, dobrando à esquerda e seguindo reto, aqui, depois daquela curva, em pleno Brasil. Eu e meus guris (com meu pai na memória). Todos ligados na mesma emoção. Vai lá, Oscar, chuta essa bola.

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