Publicado em 16/05/2014, às 19h10 - Atualizado em 02/03/2021, às 07h25 por Redação Pais&Filhos
Quando os pais e mães de hoje nasceram, a internet ainda estava engatinhando. Então, é uma novidade para todo mundo lidar com crianças que, parece, nascem programadas para um mundo digital, com dedinhos sedentos de teclas ou touch screens… Mas é e não é! Afinal, o papel dos pais diante da internet é idêntico ao que têm na pracinha: checar a segurança do ambiente na chegada e, depois, ir ensinando o filho a explorar os brinquedos, interagir com as outras crianças. Afinal, a internet é um lugar virtual, sim, mas com características de um espaço público. “Se a criança usa um jogo online, por exemplo, é imprescindível que isso seja feito com os pais ajudando a escolher e orientando”, explica a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria, mãe de Maria Eduarda e Maria Luisa.
O estudo TIC Kids Online, realizado pelo Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br) com 1.580 crianças e adolescentes de 9 a 16 anos e igual número de pais, mostra que 68% dos pais acham que os filhos não passarão por situação de risco usando a internet. Essa percepção é um tremendo engano: entre as situações de risco que a internet oferece estão o cyberbullying e a exploração sexual. O coordenador de projetos de pesquisa do CGI, Fábio Senne, filho de Edson e Maria do Socorro Senne, no entanto, lembra que os riscos são relativos e podem ser evitados. “O uso da internet não é prejudicial ou benéfico por natureza: depende de como ela é usada. Pode tanto ser um risco como uma oportunidade”, afirma. O grande desafio é, portanto, ensinar seu filho a utilizar a ferramenta de maneira segura, o que requer controle quando ele ainda é pequeno.
Logo que o fascínio do computador atrai seu filho, é hora de começar a agir. Elcio Luis Tartari Vignone e Vanessa Kwai Vignone, pais de Henri e Marina, de 7 anos e 7 meses respectivamente, vivem o desafio de lidar com a sedução dos computadores com seu filho mais velho já há dois anos. “Ele adora o site da Discovery Kids e fica nos jogos”, conta Elcio.
Para que possam acompanhar o que o menino faz na internet, o computador foi instalado na sala. “Quando é para fazer alguma pesquisa para a escola, nós estamos sempre junto.” Para que Henri não passe o dia no mundo virtual, os pais estipularam regras. “Nas férias, ele tem cinco horas por dia para os eletrônicos – um pacote que inclui TV e games”, explica. “Mas tem que ser alternado: se fica uma hora no computador, depois tem que fazer alguma atividade diferente por uma hora.” Assim, conseguiram encontrar a medida certa para que Henri não fique alienado da tecnologia, mas também aproveite as deliciosas e saudáveis brincadeiras de criança.
Esse tipo de cuidado dos pais é mesmo essencial, explica o diretor da empresa Click Jogos, Ronaldo Bastos, pai da Ana Júlia e da Ana Beatriz. “Quando as crianças são muito pequenas, é importante que os adultos tenham controle do conteúdo acessado e, se possível, entrem nesses sites ou aplicativos junto com eles.” Para o professor de tecnologia educacional da PUC e da Universidade Anhembi Morumbi, João Mattar, pai do Rafael e do João, esse tipo de cuidado também deve ser estimulado pela escola – que cada vez mais cedo começa a solicitar pesquisas na rede. “Se o professor explicar de forma clara a importância de navegar com segurança na internet, eles vão entender”, ressalta Mattar.
Um ponto importante é os pais aprenderem a fazer uma triagem do que é bom para os filhos. “Games costumam incentivar a competitividade e mostram situações de perigo. Quando o público-alvo são crianças menores, esse tipo de dinâmica é inapropriada”, explica Bastos. Ele explica que os “jogos online” realmente adequados para crianças menores de 6 anos não devem possuir placar ou pontuação. “Geralmente, eles são bem coloridos, propondo atividades pedagógicas importantes para o desenvolvimento das crianças”. Exemplos? Joguinhos que abordam noções de alfabetização, lógica e até inglês.
Em parceria com a Pais & Filhos, a Click Jogos produziu a série Brinque e Jogue (brinquejogue.com.br). “São atividades especialmente preparadas para crianças entre 3 e 6 anos, bem variadas, da brincadeira na tela a um passo a passo de origami”, conta o gerente de produtos da Click Jogos, Alex Ferrer, filho do Alexandre e da Verônica.
As pesquisas confirmam que a maioria das crianças já cresce aprendendo a teclar bem cedo. Um estudo da empresa de tecnologia Grisoft, que produz o AVG Brasil, divulgado em janeiro deste ano, com a síntese de dados colhidos com 5.423 pais de 10 países ao redor do mundo, chegou à surpreendente conclusão de que mais da metade das crianças de até 5 anos de idade sabe usar a internet, mas não consegue amarrar um cadarço. Especificamente sobre o Brasil, a mesma pesquisa mostrou que 54% das crianças entre 6 e 9 anos têm perfil no Facebook – mesmo com o uso recomendado apenas para maiores de 13 anos! Detalhe: esse valor é três vezes maior que a média global, que é de 16%. Outros números:
89% das crianças entre 6 e 9 anos são ativas online. As redes sociais voltadas para crianças (como a Webkinz e a Club Penguin, da Disney) estão crescendo em popularidade.
66% jogam naturalmente no computador contra 58% que sabe andar de bicicleta
50% das crianças entre 6 e 9 anos passam mais tempo conversando, jogando e interagindo em ambientes virtuais do que em qualquer outra atividade.
Pense na internet como se fosse o parquinho ou a praça do seu bairro. A atitude dos pais tem que ser parecida nas duas situações: não deixar o filho brincando sozinho, dar uma vistoriada básica para ver se não há algum perigo à vista. Selecionamos das entrevistas realizadas e dos manuais da AVG e da ESET (Empresa de Soluções para Segurança online), os cuidados que as aventuras de seu filho na internet demandam de você:
1. O computador deve ser mantido de preferência em algum cômodo da casa em que as atividades das crianças na internet possam ser facilmente acompanhadas. A sala é o melhor lugar para os pais se manterem atentos aos pequenos usuários.
2. Se a criança vai usar um computador de uso comum de todos, uma providência básica é criar uma conta de usuário para ela, mantendo-se como usuário administrativo. Assim, fica simples de controlar as atividades do seu filho na rede.
3. É uma boa ideia manter uma pasta de favoritos para as crianças com sites já aprovados por você. Combine que são esses que seu filho pode visitar por conta própria – sites educativos podem entrar nessa seleção.
4. Monitore o histórico de navegação – assim você pode saber direitinho os sites e páginas em que seu filho entrou. Isso é especialmente importante para pais de crianças mais velhas, que podem ter curiosidade de ver conteúdo sexual. E, se o histórico aparecer apagado, é uma boa razão para você desconfiar que algo está sendo escondido..
5. Se uma rede social ou site pede cadastramento prevendo um limite mínimo de idade para a inscrição, isso é para ser respeitado. É sua responsabilidade (até porque responde legalmente por elas) manter as crianças fora do Facebook, Myspace, Twitter e outras redes sociais até terem idade para isso.
6. Combine um limite de tempo diário de permanência de seu filho no computador. Pode ser duro tirar seu filho do game, mas lembre que ele precisa correr e brincar ao ar livre para crescer bem.
7. habitue a habilitar as ferramentas de controle parental para evitar acesso a conteúdo impróprio. Os pacotes de seguranças costumam incluir essas ferramentas, e seu uso não é nenhum bicho de sete cabeças. “O da nossa empresa traz possibilidade de bloquear temas por categorias, como sexo, ou entretenimento, já que em filmes e séries as crianças podem ter acesso a conteúdos impróprios”, explica Camillo Di Jorge, diretor-geral da ESET Brasil, pai da Ana Clara. Para facilitar, o programa da ESET dá ao pai a opção de simplesmente assinalar o filtro automático por faixa etária.
8. Ensine as crianças que na internet vale aquela regra de não conversar com estranhos. Insista com seu filho que a pessoa do outro lado pode não ser quem diz. “Aceitar amizade apenas de quem já é amigo no mundo real é uma boa prática”, aconselha o diretor de marketing da AVG Brasil, Mariano Sumrell, pai de Pedro e Karina.
9. Fique atento a sinais de angústias ou de mudanças de comportamento que possam estar relacionados com a internet. E crie sempre espaço e oportunidade para ele contar a você algo que o estiver perturbando.
10. Preste atenção quando juntar uma garotada no computador do seu filho. É aquela coisa: em turma as crianças ficam tentadas a furar as regras colocadas pelos pais.
11. Os pais devem evitar postar fotos dos filhos e informações sobre eles na internet – dar o exemplo, sempre! Ensinar os filhos a não dar informações pessoais ou da família. “Eles não devem informar onde moram nem locais que frequentam”, diz Sumrell. Muitas crianças e adolescentes têm saídas criativas para isso: declaram nos seus perfis que estudam em Hogwarts, por exemplo.
12. Aplicativos (ou apps) de smartphones também merecem atenção, alertam os advogados Francisco Britto e Dennys Antonialli, colunistas da Pais & Filhos. “Fique atento aos termos de uso do aplicativo e procure desmarcar opções de compartilhamento automático de dados”, aconselham. Esses compartilhamentos, em geral, são usados para orientar publicidade. Por precaução, com crianças pequenas, prefira baixar os apps por ela.
13. Ensine seus filhos a desconfiar de links, que têm possibilidade de conter vírus. Aos poucos, eles aprenderão a ter precauções também. “Se o filho usa o computador da família, o cuidado com vírus é mais crítico”, acentua Di Jorge.
14. As crianças precisam ser ultrassuperalertadas para não baixar filmes e músicas, nem programas ou ferramentas de busca. Se até os adultos têm dificuldade de reconhecer a procedência segura de um arquivo ou os possíveis efeitos nocivos de aceitar um programa (que pode, por exemplo, roubar dados do computador), isso está acima das possibilidades das crianças.
15. Não superestime as crianças: elas intuitivamente se entendem com os meios eletrônicos, é verdade. Mas são crianças! “Lembre que o costume no uso da internet não é o mesmo que ter conhecimento profundo das implicações das tarefas realizadas”, diz o Guia para Pais de Proteção Infantil na Internet, da ESET.
16. Preste atenção na indicação de idade apropriada para cada jogo.
17. Para seu filho, use senhas simples e de seu conhecimento. Mas para você faça senhas seguras e… difíceis para uma criança. Essa é uma boa prática e deixa seus dados a salvo de um uso desastroso que seu filho possa fazer. O cuidado que você toma, com certeza, serve de exemplo para seu filho. Uma senha segura mistura caracteres (letras minúsculas e maiúsculas; letras intercaladas por números e caracteres especiais, como @, $, <, *, se for permitido; e não inclui palavras comuns, em português ou outra língua.
18. Ainda sobre senha, elas devem ser tratadas como a chave de casa: a família pode ter cópias, mas ela não deve ser dada a estranhos.
19. Se a escola começa a solicitar pesquisas ou indicar que as crianças entrem em sites educativos, você pode verificar se eles estão dando orientação sobre o uso seguro. Afinal, vai ficar mais fácil se esse trabalho de educação for feito em parceria, com apoio mútuo dos pais e da escola.
Na internet, crianças estão expostas a colegas mal-intencionados, a pedófilos e a gente metida com pornografia infantil. Motivos sérios para os pais orientarem seus filhos. Tudo isso é crime digital.
É o nome que se dá ao bullying quando acontece na internet. As agressões e provocações que antes aconteciam comumente nas escolas hoje ganham um fôlego novo nas mídias sociais – onde a garotada fica meio encorajada pela distância física. E como aprontam uns com os outros!
É se tornar amigo ou próximo de uma criança, a fim de torná-la menos inibida e suscetível a ceder ao abuso ou à exploração sexual. Às vezes, isso é feito mentindo a idade, como se o abusador fosse criança também.
O sexting (sex + texting) é a divulgação de conteúdos eróticos ou sensuais por meios eletrônicos – telefones celulares, webcams etc. Houve recentemente uma onda de adolescentes fazendo isso. Pode provocar uma tempestade na vida dos envolvidos, e há relatos de suicídio de meninas expostas por ex-namorados.
A pedofilia é um desvio no desenvolvimento da sexualidade, caracterizado pela opção sexual por crianças e adolescentes, de forma compulsiva e obsessiva. Vira um crime se envolve a efetiva satisfação sexual, mesmo sem violência física. Na internet, a aproximação é feita por mensagens instantâneas, chats, blogs, fotologs e redes de relacionamento e pode acabar como:
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