Família

Cansado de tentar equilibrar trabalho e família? Você não está só!

conciliar família e carreira

Publicado em 04/01/2016, às 14h25 - Atualizado em 30/01/2020, às 19h31 por Redação Pais&Filhos


conciliar família e carreira

Carreira e filhos. Quem insiste em conciliar ambos acaba bem cansado. Uma pesquisa divulgada pela Bright Horizons Family Solutions, nos EUA, mostra que 56% dos pais estão descontentes. Pior: 98% dizem estar exaustos.

Nem todos sofrem de um mal conhecido como síndrome de burn out, mas os sintomas do problema batem com o sentimento que muitos profissionais com filhos têm: esgotamento físico e emocional, dor de cabeça, palpitação e insônia. Pais e mães sofrem sozinhos: enquanto 62% dos trabalhadores dizem ser extremamente importante que as empresas apoiem os pais, o mesmo percentual acredita que os chefes não ligam para suas necessidades.

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Com medo de sofrer retaliações, 77% dos funcionários evitam reclamar. Ou seja, é um sofrimento anônimo. No Brasil, não é muito diferente. Uma mãe de três meninos conta que recebeu uma proposta de emprego e, na conversa com o chefe, conseguiu tudo o que pediu: aumento, mais orçamento, dobrou o tamanho da equipe.

Só não conquistou o que mais queria: sair a tempo de pegar os filhos na escola. “A diretora de RH me disse que seria difícil explicar essa diferença de horário aos outros funcionários.”

A consultora de empresas Martha Terenzzo, filha de Sofia e Antônio, diretora da Inova 360°, viveu a situação do outro lado do balcão.  “Concordei que uma gestora de minha equipe saísse mais cedo para pegar o filho, mas percebia que isso era tratado como medida paliativa.

Agora maternidade também é fonte de lucro

Um dos diretores cismava em perguntar sobre a ausência da funcionária. Ela tinha ótima performance, mas, para a empresa toda, não estava sendo beneficiada com uma política de flexibilidade de horário: estava simplesmente saindo mais cedo”, lamenta.

Ser contratado por uma empresa que se preocupa com essas questões é quase um privilégio. “Flexibilidade no horário de trabalho e possibilidade de se ausentar para uma consulta médica são muito importantes”, exemplifica o bancário Marcos Abud, pai de Luisa e Gabriel.

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Já a mulher, professora de inglês, não teve a mesma sorte. “Quando nasceu minha filha, a Vanessa trabalhava como coordenadora numa escola de inglês, onde não havia flexibilidade, além de ser distante da nossa casa. Ela decidiu se dedicar somente à maternidade”, completa Marcos.

Na casa da blogueira e empreendedora Sam Shiraishi, mãe de Enzo, Giorgio e Manuela, quem abandonou o barco foi o marido. “Ele estava no limite com as responsabilidades de ser chefe de família e do trabalho”, conta. Quando Sam começou “dois trabalhos ótimos”, o marido deixou o emprego.

Ele a havia apoiado incondicionalmente quando ela quis ficar em casa logo que os meninos nasceram. “Como eu poderia não entender?”, pergunta. Foram nove meses com a mãe viajando a trabalho e comparecendo a eventos noturnos enquanto o pai cuidava da casa e dos filhos.

Expectativa x realidade

Estudo da Ipsos Mori realizado em 19 países do G20 mostra que 74% das brasileiras acreditam que o fato de ter filhos não as prejudicará na carreira. A revista Fast Company creditou o otimismo à nossa licença-
maternidade de 4 a 6 meses e ao fato de as famílias ajudarem nos cuidados com as crianças, como os avós, esquecendo que temos o maior número absoluto de empregados domésticos do mundo: 7,2 milhões – em parte pelo número insuficiente de creches públicas.

A revista afirmou que contamos com a possibilidade de voltar da licença e trabalhar meio-período até o filho completar 1 ano. O que seria ótimo. Se fosse verdade. Não é o que costumamos ver por aí…

Trabalhando de casa

E se mães ganhassem salário?

No Brasil real, infelizmente, o quadro é outro. Segundo dados de 2013 da consultoria Robert Half, enquanto mundialmente apenas 52% das empresas respondem que menos da metade das funcionárias retornam da licença-maternidade, no Brasil esse baixo índice de retorno chega a 85% das empresas.

Para as brasileiras, o maior problema são os salários mais baixos que os dos homens, seguido pelo equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. “É uma das buscas mais angustiantes das mulheres em ascensão profissional”, diz Ana Maria Magni Coelho, mãe de Marcello e Lucca, coach e consultora de empresas.

As metas crescem, assim como a cobrança por resultado de curto prazo, tornando os ambientes mais competitivos. “As pessoas querem mais qualidade nos ambientes corporativos, e as empresas estão quebrando a cabeça para tentar conciliar tudo isso”, conta Martha Terenzzo.

Embora seja um dos sentimentos que mais angustiam pais e mães, a ausência prolongada por causa do trabalho não é necessariamente prejudicial às crianças. “Proximidade entre pais e filhos tem a ver com o vínculo afetivo, que, mesmo com o pai menos presente, demonstra sua afetividade e exerce sua autoridade, ligando sempre e cumprindo o combinado”, afirma Susana Orio, psicóloga do Colégio Madre Alix, mãe de Alexandre e Gabriela.

Home office

Mas calma! Felizmente, há companhias que começam a perceber que uma certa flexibilidade pode trazer ganhos para ambos os lados. “Na empresa em que trabalho hoje, se uma reunião passa das 18h, é comum que a gerente levante e diga: ‘Desculpe, tenho de sair porque preciso buscar minha filha’”, conta Lia Lima, gerente de pesquisa de mercado, mãe de Maria Paula e João Pedro.

Chefe: tô grávida!

Segundo ela, os horários são flexíveis e há possibilidade de home office uma a duas vezes na semana. “A empresa entende que a entrega pode vir de diversas maneiras, sem necessariamente você estar sentada na sua cadeira dentro do escritório, no horário marcado”, conclui Lia.

Tanto o funcionário quanto a companhia ganham com esse equilíbrio. A Nestlé, por exemplo, foi a primeira empresa no Brasil a implantar a licença-maternidade de seis meses, já em 2007, adota o horário flexível em várias unidades e o home office uma vez por semana para determinados cargos, como é o caso de Maria Miller, que trabalha na área de TI, grávida de 5 meses e mãe de uma menina de 2 anos.

“Com minha primeira gestação, meu sentimento foi de total suporte da empresa. Senti que era claro para todos que minha situação de recém-mãe era considerada”, conta.

10 formas de se manter conectado com a criança enquanto trabalha

Muitos pais e mães preferem colocar o pé no freio no que diz respeito à carreira com medo de serem obrigados a negligenciar os filhos em nome da ascensão profissional. “Encontro pessoas que abrem mão de um crescimento na carreira, como promoção a cargos de gestão, por entender que demandaria uma ausência maior fora do lar”, diz Virginia Gherard, consultora e professora da Fundação Dom Cabral na área de Gestão de Pessoas, mãe de Rodrigo e Beatriz.

Essa realidade tem levado as mulheres a adiar a maternidade, buscando conquistar seu espaço no mercado antes de ter filhos, como é o caso da personagem Carolina, diretora de redação de uma revista, vivida por Juliana Paes na novela Totalmente Demais.  Mãe de Antonio, 2, e Pedro, 4, frutos do seu casamento com o empresário Carlos Eduardo Baptista, a atriz vive outro drama, o de conciliar a profissão com a maternidade. “Toda mulher que trabalha e tem filhos vive essa angústia da saudade, de achar que está dando menos atenção”, diz. Aí vem a culpa…

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O que é isso, companheiro?

Segundo estudo feito com mulheres que se formaram na Universidade de Harvard, os colegas homens tendem muito mais a ocupar cargos no topo da hierarquia das empresas do que as mulheres, apesar de a maioria delas estarem na faixa dos 38 aos 42 anos e trabalhando uma média de 52 horas por semana.

Embora esses índices sejam maiores para os formados da Geração X, metade dos homens da Geração Y ainda dizem esperar que sua carreira seja prioritária, e dois terços, que a mulher assuma a maior parte dos cuidados com as crianças.

“Meu marido foi fundamental para que eu pudesse evoluir profissionalmente. Quando engravidei, com oito anos de diferença do mais velho, pensei que estava estagnando. Mas, para minha surpresa, assim que voltei, fui convidada para assumir uma gerência regional da empresa. Com o apoio dele e da Maria Helena, uma babá à moda antiga, mudei de cidade com o meu pequeno aos 7 meses e iniciei uma pós no mesmo período”, conta Ana Maria Magni Coelho.

Carreira e maternidade: é possível conciliar

Sim, existem chefes que reconhecem as qualidades de quem tem família. Para Roberto Rosas Fernandes, psicólogo e analista junguiano, pai de Julia e Luiza, quem tem filhos geralmente é mais responsável. “Os pais têm mais desenvolvido em seu psiquismo o que Freud chamou de princípio de realidade, além do princípio materno e paterno, favorecendo o amadurecimento e a empatia. Tudo isso pode torná-los melhores líderes e companheiros de equipe.” Além de precisarem mais do trabalho, claro.

Ainda que seja importante batalhar por tornar o ambiente corporativo mais acolhedor para pais e mães e por políticas públicas que apoiem as famílias, se sentir responsável pelo caminho profissional que escolheu ajuda a lidar com as dificuldades de uma maneira positiva.

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“Sou mãe de três filhos, casada, trabalho no mínimo 16 horas por dia, estudo constantemente e tenho atividades diversas, mas, acima de tudo, busco ser feliz para fazer as pessoas ao meu redor felizes”, afirma a master coach Andrea Deis, mãe de Andressa, Fabrício e Fábio Henrique, especialista em gestão de carreiras, que resolveu empreender para poder ter controle dessa agenda megalotada.

Já as empresas poderiam, antes de mais nada, aprender com os funcionários que têm família. Recomendaria que ouvissem de verdade esses pais. Acredito que o próximo passo da empresa moderna na sociedade é estabelecer diálogos mais autênticos e verdadeiros. É difícil? Claro que é. Mas isso pode ser muito importante para a próxima geração da empresa e dos filhos desses colaboradores”, finaliza Martha Terenzzo. Quem disse que ia ser fácil, não é mesmo?

Cansados, mas competentes

41% dos gerentes afirmam que os pais e mães são mais multitarefa

34% das pessoas acreditam que pais e mães são melhores em gerenciar o tempo

33% disseram que os pais e mães são mais calmos diante de uma crise

28% afirmam que pais e mães são mais responsáveis financeiramente

Filhos x Trabalho

Segundo uma pesquisa global da rede profissional LinkedIn, devido a tantas mudanças tecnológicas, 55% dos pais não sabem exatamente em que os filhos trabalham. O dado faz parte de estudo que marca o lançamento da campanha anual do LinkedIn Bring In Your Parents Day, ou Dia de Levar os Pais ao Trabalho, que aconteceu em 5 de novembro.

Mas, se antigamente os pais transmitiam o ofício aos filhos, determinando até mesmo que profissão seguiriam, hoje, nosso papel fundamental é ser modelo de valores e postura, na carreira ou na vida. “A qualidade do vínculo pais e filhos é um dos alicerces mais importantes para uma boa estrutura emocional, garantindo o sucesso dos filhos”, diz o dr. José Anibal Torri Franco, médico psiquiatra, voluntário do Instituto Horas da Vida. O futuro começa agora. Já!


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