Publicado em 26/06/2018, às 15h52 - Atualizado às 16h00 por Redação Pais&Filhos
Entre as diversas imagens de crianças sendo cruelmente separadas de seus pais imigrantes, como resultado da decisão de política de “tolerância zero” do governo americano, uma chamou a atenção e ganhou até a capa da revista Time e de jornais ao redor do mundo.
O registro, que mostra uma menina de aproximadamente 2 anos chorando em frente à sua mãe durante um interrogatório na fronteira entre Estados Unidos e México, foi feito pelo fotógrafo John Moore e mostrou a triste realidade que até o momento já separou mais de 2300 crianças migrantes desde maio.
“Quando o policial disse à mãe para colocar sua filha no chão, eu pude ver o olhar da menina. E assim que seus pés tocaram o chão, ela começou a gritar”, disse Moore à revista Time.
No começo, pouco se sabia sobre a mãe e a criança da foto. Muitos especularam que elas poderiam ter sido separadas, mas Denis Valera, pai da menina, disse que ela e a mãe, Sandra Sanchez, foram detidas na divisa de McAllen, cidade do Estado do Texas onde Sandra pediu asilo, mas que agora estão juntas em um abrigo. John Moore postou em seu Instagram outra foto da mãe junto com a menina com um texto esclarecendo a história:
“A menina hondurenha a mãe que eu fotografei quando foram levadas sob custódia pela Patrulha de Fronteira dos EUA, em 12 de junho, estão juntas, de acordo com autoridades de imigração dos EUA. Elas foram levadas com outros requerentes de asilo para um centro de processamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras naquela noite, embora eu não soubesse seu destino. Eles agora estão detidos em um centro de detenção em Dilley, no Texas, de acordo com o ICE, e podem permanecer lá enquanto o processo de asilo tramita em processos judiciais. As detenções de famílias em busca de asilo fazem parte da política de imigração “tolerância zero” do presidente Trump na fronteira.”
O pai da menina hondurenha, que se chama Yanela, reconheceu a filha quando viu a foto de Moore na televisão e temeu que ela fosse separada da mãe. “Minha filha se tornou um símbolo da separação de crianças na fronteira dos Estados Unidos. Ela pode até ter tocado o coração do presidente Trump”, disse em entrevista à Reuters.
Ele também contou que tentou convencer Sandra a não fazer a viagem a com a filha. Mas ela teria dito que queria ir aos Estados Unidos buscar um futuro melhor e encontrar emprego. Segundo o marido, Sandra deixou Honduras sem avisar à família. “Eu não apoiei. Pergunte a ela por quê. Por que ela quis fazer nossa garotinha passar por isso? Nunca tive a chance de dizer adeus para minha filha”, lamentou.
Valera também contou que ainda não conseguiu falar com a esposa e a filha, mas espera que elas retornem para Honduras em breve. Sobre a política de Trump em relação à fronteira, ele respondeu: “Eu nunca vi isso de um jeito positivo. Isso viola os direitos humanos, os direitos das crianças. Separar crianças de seus pais é errado. Eles estão sofrendo e traumatizados”.
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