Publicado em 12/11/2014, às 10h59 - Atualizado em 17/06/2015, às 14h52 por Redação Pais&Filhos
Apesar de a maioria das escolas públicas do país (99%) ter computador e acesso à internet (95%), a tecnologia ainda não está na sala de aula. Os dados são da pesquisa TIC Educação lançada na noite desta segunda-feira (10) pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic).
Segundo a pesquisa, feita em 1.125 escolas em áreas urbanas e que ouviu estudantes, professores e diretores, em apenas 6% dos estabelecimentos os computadores estão instalados nas salas de aula, ao passo que nos laboratórios de informática o índice chega a 85%.
Para Guilherme Canela, assessor da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco), tal divisão é “um negócio ainda meio esquisito” e que “passa a ideia que livro é uma coisa e computador é outra”.
Em 30% das escolas o uso do computador acontece prioritariamente na sala de aula, mas por esforço dos educadores. “Porque ou professor ou a professora gentilmente leva o seu equipamento para a sala de aula”, ressaltou. Diante desse fato, o assessor da Unesco indagou como é possível construir uma escola da chamada educação do século 21 se “o computador está em uma outra sala, trancada com 53 cadeados?”
Para o coordenador do Programa Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mário Volpi, ainda faltam estratégias para uso dos avanços tecnológicos no ensino. Segundo ele, a maioria dos Estados gastou tempo e dinheiro do poder público para aprovar no Legislativo uma lei que proíbe o celular na sala de aula, quando deveria gastar o tempo “para pensar como potencializar os processos pedagógicos com o uso do celular”.
Volpi ressaltou que diversas organizações não governamentais têm projetos para uso do aparelho como ferramental educacional. “Nós precisamos investir o tempo da repressão a essas tecnologias para otimizá-las, usá-las como recurso pedagógico”, acrescentou ao falar durante o seminário em que foi divulgado o levantamento.
Apesar da disseminação dos computadores e acesso à rede, a velocidade das conexões ainda aparece como um problema. De acordo com a pesquisa, 57% das escolas têm conexões até 2megabits por segundo, velocidade mínima prevista pelo Programa Banda Larga nas Escolas. Essa velocidade só é superada em 19% dos estabelecimentos de ensino. Em 17% dos casos, a velocidade é inferior a 1 megabit por segundo.
Há ainda a disparidade regional. O acesso à internet é universal (100%) nas escolas do Sul e do Sudeste, mas atinge 86% dos estabelecimentos do Norte e Nordeste. Em relação à velocidade, o Nordeste e o Centro-Oeste concentram as conexões mais lentas, com 51% e 61% respectivamente das redes funcionando abaixo de 2 megabits por segundo.
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