Publicado em 08/05/2011, às 21h00 por Redação Pais&Filhos
A Fernanda autora de livros como O Pau, roteirista da série Os Normais, e capa da Playboy você sabe quem é. Mas talvez não conheça seu lado mais radical: o de mãe das gêmeas Cecília e Estela, concebidas com ajuda das técnicas de reprodução assistida, e de Catarina e John, adotados. Apesar de terem entrado na família de maneiras diferentes, o amor é igual. “Olho para todos eles e sei que não podiam ser outras pessoas. Às vezes ficamos mais grudados em um, às vezes outro requer mais atenção, ou fica mais chato. Mas a intensidade do amor é a mesma.” Para ela, ser mãe é a melhor meditação, o melhor jeito de descer do pedestal, baixar a bola mesmo… “Você coloca o problema no lugar dele e nota que obstáculo é degrau.”
Por Mônica Figueiredo, mãe de Antonia
Ser mãe mudou tudo?
Mudou. E continua mudando. Eu não me preparei para ser mãe, nunca fui uma mulher que disse desde criança que se casaria e seria mãe. Tanto que engravidei relativamente tarde. Aos 30 anos, as gêmeas nasceram. E pela primeira vez na minha vida, dei-me conta de que era bicho. Não fui uma pessoa criada na natureza, o meu exercício mental era maior do que o instinto animal.
E a maternidade exacerba o instinto animal, né?
Quando eu as tive, percebi a intensidade do meu corpo, a ligação indescritível de não poder viver mais sem aquelas pessoas. E, mesmo que eu não as conhecesse, já eram as coisas mais sagradas de minha vida. Os meus peitos doíam e inchavam na hora em que elas tinham fome, a noite eu colocava uma roupa minha para cada uma dormir, pois meu cheiro as acalmava. Mas isso tudo foi tão novo e forte, que senti como se um raio tivesse me atingido. Era tanta vida que pensar na morte também virou uma obsessão, e sei que sofri uma forte depressão.
Como foi isso?
Medo de não dar conta, medo de faltar. Pela primeira vez na minha vida, me preocupei com a minha morte. O primeiro ano delas foi um ano muito bonito e marcante, pois me tornei, encarando as minhas fraquezas, uma mulher forte e com autoestima.
Ser mãe é chato? Ou melhor, mãe é chata?
O pacote da mãe é pesado de chatices, os medos, inseguranças, paranoias, vem com o bebê. Mas tento lutar contra essa chatice inevitável. Pois não quero ser chata. Mas digo sempre para eles: vocês terão a mãe que merecem. Se eu tiver de ser chata, serei. Se eu tiver de ser dura serei. Mas confesso que é esquisito ficar falando: “Cadê o aparelho? Come direito! Escovou os dentes? Um saco!”
Você sempre quis ser mãe ou o desejo da maternidade veio com o tempo?
Queria ter uma filha por adoção. Mas sempre achei interessante os gêmeos. Sempre tive curiosidade.
Você brincava de boneca?
De boneca fazendo a mãe com a filha, não. Brincava de Barbies e elas eram solteiras, moravam fora e livres.
Você fez tratamento? Você pode falar sobre isso? Foi dureza?
Fiz quatro. No primeiro, fui abençoada pelas gêmeas. No segundo, não consegui. No terceiro, engravidei e perdi. No quarto, muito difícil, liberei muito óvulos, mas a minha médica me recomendou não continuar. Insisti, mas não engravidei. Soube que não estava grávida no dia 31 de dezembro de 2007. Chorava como uma criança. O desejo de ser mãe é legítimo, e eu faria o possível para realizá-lo.
Como foi sua gravidez?
Foi maravilhosa! E digo isso tendo tido tudo de “errado” que uma grávida pode ter. Fiquei de cama seis meses. Engordei 30 quilos. E, na segunda, estava forte, bonita, trabalhando, mas não era para ser, e, aos 3 meses, descobri que a minha princesa não nasceria. Era um anjo que me trouxe a Catarina e o John.
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Ter gêmeas, Que susto, não?
Foi um susto. Minha mãe tirou uma foto minha na hora em que a médica falou que eram duas. Mas me senti uma nave espacial, conduzindo duas mulheres para o mundo. Elas são tão legais! Meninas ótimas!
Hoje você tem quatro filhos, as gêmeas e dois bebês adotados. Como é um dia típico na casa de vocês?
Olha, confesso que vivo exausta. Mas sou tão afortunada! A casa é uma empresa, tenho cinco funcionários. Trabalho para isso: manter a casa, a saúde e a educação deles. Tudo muito disciplinado.
Alexandre ajuda muito? Vocês trabalham juntos, tem filhos juntos, Precisa muita organização pra não embolar, não é?
O Alexandre [Machado, roteirista, marido de Fernanda] é incrível. Graças a ele, posso me dar ao luxo de trabalhar fora, viajar. Ele é impressionante. A vida dele é a família e o trabalho. Rimos muito em casa, brigamos como todo mundo, mas na mesma hora passa. Eu preciso dar uma escapada para não pirar. Às vezes vou andar no shopping só para dar um tempo de tanta criança. Não posso dizer que não cansa, sempre pareço estar em dívida com algum deles. Mas penso: eles dormem bem, eles são saudáveis, são educados, brincam muito! Está tudo certo.
Conta pra gente como a Catarina e o John apareceram na sua vida.
Entramos com o pedido de adoção no Fórum e, quase um ano depois, fomos aprovados. Soubemos de uma moça que queria dar, na época isso ainda estava previsto na lei: adoção por doação. Eu não a conhecia. Só a vi no parto, quando recebemos alta e depois no Fórum. Para mim é um anjo, sei que ela deu a criança por amor. Sempre respeitarei as genitoras dos meus filhos. O John eu prefiro não falar, pois tenho a guarda provisória, e muito respeito pela situação. A gestação por adoção cabe somente a Deus. Jamais faria nada de errado para ter um filho.
Pergunta que ninguém quer fazer: tem diferença entre filhos biológicos e adotivos?
Nenhuma diferença. Olho para todos eles e sei que não podiam ser outras pessoas. Às vezes ficamos mais grudados em um, às vezes outro requer mais atenção, ou fica mais chato. Mas a intensidade do amor é a mesma.
O que os teus filhos te ensinam?
Eles me ensinam a ter autoestima. Eles me aliviam a alma. Um sorriso, um elogio deles é maior do que qualquer coisa. Nada pode me aborrecer, se todos estão felizes. Então parei – dentro do possível – de sofrer à toa.
A Catarina teve problemas de saúde. O que houve e como você e sua família lidaram com isso?
Foi um momento muito difícil, mas nos saímos bem. Uma das várias cenas lindas de que me lembro, foi a Estela chorando escondida, pois não queria me preocupar. A Catarina é um exemplo, uma guerreira. As meninas a ajudam a fazer os movimentos da fisioterapia, estimulam e mimam a irmã. Foram duas operações de sucesso, e não ficou nenhuma sequela mental. Apenas um atraso motor, que está sendo resolvido com fisioterapia.
Seus filhos são bons leitores?
As mais velhas leem um livro atrás do outro. E olha que elas podem ver TV, mas, quando vejo, estão deitadinhas lendo.
Você tem biblioteca em casa?
Tenho muito livros em casa, tanto que estou acabando a obra de uma biblioteca em meu terreno em Minas. Uma grande amiga está me ajudando. Eu já tinha muito livros infantis, mas herdei dezenas dessa amiga, pois sua filha – minha afilhada do coração – já está adolescente. O nome da biblioteca será Laurinha Figueiredo, mãe dessa minha amiga, avó de minha afilhada.
Como foi organizada?
Estamos bolando um método poético, com bordados que anunciam os livros, algo mais ou menos assim: “livros para ler apaixonado” ou “livros para momentos de confusão total”.
Como foi sua infância, que lembranças maiores você traz dela?
Lembro da beleza de minha mãe, que ela era engraçada e das amigas dela lá em casa. E lembro de mim e minha irmã dormindo de tarde, na mesma cama. Me sentia protegida.
Educar é troca?
Com certeza. Também entre amigos, irmãos, maridos e mulheres. Tudo é troca.
O que é o papel de mãe, para você? E o do pai?
Mãe é a fonte. Pai é a segurança.
Você acredita nessas coisas de “nova família”? Ou família é família, cada um com a sua e “de perto, ninguém é normal”?
Acredito que, com amor, limites, disciplina, qualquer família é válida.
O que quer para seus filhos?
Que eles sejam honestos e saudáveis. Que tenham autoestima.
Você costuma dizer que ser mãe baixa a arrogância e te deixa do seu tamanho – lembra que você falava sobre isso, que é melhor do que meditação?
Você coloca o problema no lugar dele e nota que obstáculo é degrau. Não há nada mais real do que a minha vida de mãe. Não há sucesso. Não há dinheiro, elogio, crítica, nada que possa me tirar da condição real – mesmo que para mim seja sagrada – de ser mãe. É a melhor meditação.
Você se considera uma mãe “moderna” como todo mundo deve achar que é?
Não. Não tenho nada de moderna. Não sou amiguinha. Sou mãe, e ai de quem me desobedecer!
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