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É, meu filho está gordo… E agora?

Publicado em 05/06/2012, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


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Por Luciana Alvarez, mãe de Marcelo

Pedir pizza no jantar de sábado era uma verdadeira tradição familiar que se acabou – agora a pizza só entra na casa uma vez por mês, no máximo. Os doces também sumiram dos armários e da geladeira. As restrições que estão mantendo Luana de Souza, de 10 anos, saudável e dentro do peso esperado começaram há 4 anos e afetaram toda a família. Mas ninguém reclama. 

Luana passa por acompanhamento médico desde os 6 anos, porque na época, além dos quilos extras, exames de sangue apontaram que a menina estava diabética. A mãe, Adeilde Beatriz, encarou o desafio de pôr a filha na linha com energia, mas sem culpa. “No começo foi sacrificado, porque a Luana adorava doces. Mas, o importante é que hoje ela está com saúde e se mostra uma criança bem feliz”, diz. 

O importante, ou mais que isso, o fundamental é que o tratamento nunca seja encarado como castigo. Com Luana e Adeilde os bons hábitos foram ensinados com paciência, e essa é a lição que a gente deve tirar dessa história. “Antes eu encontrava papel de bala nos bolos das calças. Ela comia escondido! Conversei bastante, expliquei por que aquilo não fazia bem e, com o tempo, ela aceitou”, conta. Ainda assim, nenhum alimento foi completamente vetado. Esse tipo de radicalismo só deixa tudo mais pesado, estressado, é ruim. “Seguimos a recomendação médica: pode comer tudo, mas doces e massas é só um pouquinho”, relata Adeilde.

Com toda a família colaborando, Luana tem conseguido manter o peso, o diabetes e o nível de colesterol bem controlados. E este é outro ponto importante: a geladeira da casa é que tem que mudar! Todo mundo tem que entrar no ritmo. O excesso de peso, mesmo em criança, é preocupante não por um problema estético, mas sim porque muitas vezes vem atrelado a problemas como diabetes e colesterol alto. E essa é a consciência que devemos ter: o cuidado com a saúde dos filhos.

Falando assim, parece óbvio, mas é importante ter claro que o peso em excesso representa, sim, um fator de risco para doenças cardiovasculares na vida adulta, entre elas o enfarte e o acidente vascular cerebral. Exagero? Antes fosse. “Não é o peso por princípio que deve preocupar. O que importa é uma alimentação saudável”, afirma Ângela Spinola, mãe de Maria Fernanda, presidente do departamento de endocrinologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Ou seja: equilíbrio, mais uma vez…
 

A família de Luana fez o certo – uma reeducação alimentar sem radicalismo, que melhorou a dieta de todos. “Mesmo que outras pessoas da família não tenham problemas, ninguém sai prejudicado ao ter uma alimentação saudável”, avalia Ângela. Muito pelo contrário!
 
Sociedade na balança
O número assusta: 48% das crianças brasileiras entre 5 e 9 anos estão acima do peso, o que significa quatro vezes mais que nos anos 70. O risco de uma criança obesa se tornar um adulto obeso é de 15% aos 2 anos, 35% aos 5 anos, 50% aos 7 anos e 80% aos 10.
 
Em todo o mundo, entre todas as idades, se observa crescimento no número de obesos. Porém, isso não deve servir de consolo. Não é para ficar maluco, estressado, culpado, mas é preciso ter consciência e saber encarar o problema de frente e com responsabilidade. 
 
O porquê destes números tão altos é a pergunta que não quer calar. Um dos motivos para os dados alarmantes é o pouco tempo que o bebê é amamentado. No Brasil, a taxa de amamentação, apesar de vir subindo, ainda é muito baixa, chegando a menos de 2 meses de vida. Associado a este fato, o bebê não amamentado recebe o leite de vaca, que possui até cinco vezes mais proteínas que o leite humano, sendo chamada por alguns estudiosos de "carne líquida", o que torna sua digestão difícil e favorece o acúmulo de gordura, desde muito cedo.
 
Outro motivo, segundo a endocrinologista Denise Franco, filha de José Aderbal e Iara, diretora da Associação Diabetes Brasil, são as mudanças culturais trazidas pela nossa vida moderna – as crianças estão cada vez mais sedentárias. “Elas passam muito tempo vendo TV, jogando videogame, por medo dos pais e falta de opção nas grandes cidades. Há algumas décadas, o tempo livre servia para jogar bola, andar de bicicleta”, diz Denise. E essa rotina com menos exercício físico aliada a uma alimentação recheada de produtos processados industrialmente, a gente sabe no que dá, não tem jeito… O lance aqui é como reagir a tudo isso, não achar que a conversa não é com a gente, nem entrar em processo de culpa, porque no final das contas culpa pode bloquear, imobilizar e acabamos por não fazer nada.  
 
“Com pai e mãe trabalhando fora, falta tempo para preparar uma alimentação caseira, geralmente mais saudável”, afirma a médica. Mesmo em meio a tanta correria, porém, é possível, sim, comer bem. O caminho começa pelas compras.
Informação
Dá para ir ao mercado ou feira apenas uma vez por semana e ter a cozinha sempre cheia de frutas, verduras e legumes – basta que se comprem alguns itens mais verdes e, depois, que eles sejam guardados adequadamente. “Também é bom optar por alimentos integrais (farinhas, arroz, macarrão etc.)”, recomenda a nutróloga Márcia Sebastião, da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran), mãe de Marina e Carlos. 
 
Márcia dá uma dica preciosa: “crie o hábito de ler rótulos”. Compare o número de calorias, gorduras, sódio (quanto mais baixos, melhor), e das fibras, vitaminas e cálcio (quanto mais altos, melhor), sugere. Ao estar bem informada, a mãe evita erros comuns, que ainda na primeira infância podem propiciar o excesso de peso do filho no futuro, como dar leite de vaca antes que o bebê complete um ano.

O ideal é que a mãe ofereça apenas o leite do peito até os 6 meses e continue amamentando até os 2 anos – fator que reduz em até 25% o risco de obesidade para o filho. Mas se o ideal estiver fora de alcance, e não for possível amamentar, não se culpe. Existem fórmulas infantis com quantidades e qualidade de proteínas semelhantes às do leite materno, sendo uma forma mais adequada de substituir o leite do peito e prevenir os indesejados acúmulos de gorduras no sangue do seu bebê. 
 

E quer saber? Já foi a época em que bebê gordinho era lindo. Hoje, isso é motivo de preocupação e não é nada saudável. Consulte o pediatra. Não fique com dúvidas e pense, educar também passa por alimentação. Não adianta só pensar em que escola ele vai estudar… Educação alimentar é  básico – e cabe a você fazer esse papel: ensinar o seu filho desde cedo a comer bem, de forma equilibrada, sem exageros.

E se ele estiver gordinho, primeiro admita. Não perca tempo se perguntando por que, como ou quando aconteceu. Olhe pra frente. Sem culpa. Mudar de hábitos é possível, sim. Precisa querer. E aí você vai ver a mudança acontecer. Não tem milagre, não. Tem trabalho! Boa sorte, respire fundo e comece já.  Vale a pena. 

Consultoria: Ângela Spinola, mãe de Maria Fernanda, presidente do departamento de endocrinologia pediátrica da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Denise Franco, filha de José Aderbal e Iara, é endocrinologista e diretora da Associação Diabetes Brasil. Márcia Sebastião, mãe de Marina e Carlos, é nutróloga da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).

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