Publicado em 09/02/2022, às 11h32 por Hanna Rahal
Prestes a completar dois anos em pandemia, ainda estamos adiando muitos planos e sonhos. Com a gravidez, não é diferente. A cada nova variante da Covid-19, uma onda de tensão e preocupação surge entre as famílias – assim como, com a variante Ômicron. No entanto, com a vacinação indo a todo vapor no Brasil, é possível sim, manter os planos e construir sua própria família.
Mesmo mais leve e com grande parcela das gestantes vacinadas, a variante ainda apresenta riscos. Então, por que ainda sim, insistir nas tentativas de gravidez? De acordo com Adriana de Góes, mãe de Sofia, ginecologista e especialista em reprodução assistida, muitas coisas são levadas em consideração.
“A primeira delas é que, por essa variante apresentar consequências mais leves, não há grandes riscos de insuficiência respiratória excessiva, algo que era muito observado na primeira fase da Covid-19. Por isso, com a população vacinada e que segue uma vida saudável, não há motivos para não se dar continuidade a uma gestação”, explica. Porém, a médica ainda alerta que, pessoas com comorbidades, como problemas respiratórios, cardíacos e diabetes, ainda assim, precisam estar muito atentas.
A ginecologista reforça que não existe nenhuma recomendação da Sociedade Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia para que as mulheres adiem a gestação. “Quando se trata da saúde reprodutiva, nem sempre é possível esperar. Não há razão para atrasar as tentativas de gravidez ou os tratamentos de fertilização, principalmente agora que temos a vacina para nos proteger e minimizar o agravamento dos casos”, afirma.
Para Adriana, a vacina para Covid-19 tem ação também protetora em relação a variante Ômicron, mas de qualquer forma, a imunização completa para essa cepa é fundamental para que ela não se alastre. “Temos então, mesmo na população vacinada, uma imunidade parcial em relação ao Ômicron. A vacina não serve para evitar a contaminação, mas sim, evitar a gravidade da doença. E isso vale para todas as cepas, desde a Delta até as que temos até hoje”, explica a médica.
Ainda não existem estudos exatos sobre os riscos gestacionais da variante Ômicron, é preciso avaliar caso a caso. Mas, de acordo com os especialistas, a gestação não é contra indicada porque, até o momento, essa variante não tem maior gravidade em gestantes e as vacinas estão cumprindo um papel fundamental.
Hoje, no Brasil, 58% das grávidas já estão com as duas doses do imunizante, segundo os dados do Observatório Obstétrico Covid-19. Então, é sim possível levar uma gestação saudável mesmo diante da circulação de uma variante do coronavírus.
“As grávidas têm uma limitação respiratória pelo grande volume uterino e doenças respiratórias agravam isso, ainda mais se pensarmos numa possível coinfecção de Covid e Influenza. Por isso, a vacinação para as duas doenças é altamente recomendável”, diz a ginecologista. A orientação é evitar a infecção e para isso, os cuidados de praxe estão inclusos: evitar contato com pessoas infectadas, evitar aglomeração, e sempre que possível, evitar contato com outras pessoas que não sejam de seu ambiente domiciliar.
Brianna Nicolletti Imunologista pela USP, mãe do Felipe e João Pedro, acredita que não é o momento de adiar planos de gestação. A médica reforça que as grávidas devem sempre ter cuidados com a higiene pessoal, como o uso de máscaras e higiene das mãos. Além disso, fazer acompanhamento com obstetra é fundamental.
Os sintomas de gestantes e não gestantes é absolutamente o mesmo. Ou seja, são geralmente aqueles quadros gripais que podem evoluir também para dores de cabeça e alterações intestinais, como vômito e diarreia. A falta de ar não é um sintoma prevalente na variante atual.
Entre as muitas mulheres que decidiram adiar o sonho da maternidade, estão as mães por FIV, ou Fertilização in Vitro, que decidiram construir suas famílias de forma planejada por diversos motivos. Entretanto, devido à vacinação, a realização desse sonho pode estar mais perto do que você imagina.
Conhecida também como FIV ou “bebê de proveta”, a fertilização in vitro é um procedimento mais complexo. Nela, a origem da vida acontece fora do corpo da futura mãe. De acordo com os médicos, esse método é indicado quando as tubas uterinas são obstruídas, impedindo a fertilização natural, ou pouco competentes, além de casos de endometriose profunda, ovário policístico, idade mais avançada da mulher, homens com alteração no sêmen — como baixa concentração ou mobilidade — e possíveis alterações genéticas que podem ser transmitidas ao bebê.
O processo consiste em cinco etapas. Primeiro, a mulher é medicada para estimular o crescimento de mais de um óvulo por ciclo menstrual, com injeções diárias à base dos hormônios usados no procedimento da inseminação.
Depois, esses óvulos são aspirados por uma agulha e colocados em uma substância cheia de nutrientes para mantê-los vivos no laboratório. Os espermatozoides são adicionados aos gametas femininos para que um deles consiga fecundar o óvulo. Com a fertilização, o embrião é mantido em uma estufa, onde começa a divisão celular. Se o processo for bem sucedido, após cinco dias o embrião é colocado no útero da mulher. Segundo os especialistas, se dois embriões forem transferidos para o útero da mulher, a chance de sucesso é de 55%.
Por fim, Adriana reforça que, tanto para os profissionais de saúde, quanto para os pacientes precisam estar atentos. “A cautela e a segurança são o segredo para seguirmos com os tratamentos de reprodução sem problemas. Tomar a terceira dose e manter os cuidados já regulamentados pelas autoridades de saúde é a orientação para este momento”, finaliza.
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