Publicado em 27/07/2015, às 15h38 por Adriana Cury, Diretora Geral | Mãe de Alice
Seu filho sempre tem uma boa desculpa para não ir à aula. Na hora da lição de casa, ele está sempre ocupado fazendo outra coisa, ou faz tudo correndo para voltar a brincar. Quando você vai às reuniões de pais, ouve que ele é distraído ou passa tempo demais falando com os amigos e tempo de menos se dedicando de verdade às lições.
Se você se identificou com as frases acima, com certeza já percebeu que seu filho não gosta de estudar. E agora? As nossas embaixadoras Roberta Bento e Taís Bento, mãe e filha, vão lançar essa semana o livro “Socorro! Meu filho não estuda!”, com dicas práticas explicando como a gente pode ajudar nossos filhos a sentirem prazer em aprender coisas novas, tudo isso baseado em conceitos da neurociência cognitiva.
Entrevistamos as autoras, que nos falaram sobre a ideia de fazer o livro e o que a neurociência diz sobre as crianças que torcem o nariz para os estudos. Confira:
1) Como surgiu a ideia de fazer o livro?
O livro faz parte de uma série de três ações que foram pensadas para levar a pais e responsáveis às mais recentes descobertas da neurociência cognitiva – ou – sendo bem direta, como o cérebro aprende.
A primeira das ações é uma série em vídeo, que apresenta dicas a famílias, sobre como melhorar a relação dos filhos com os estudos.
Esse trabalho foi a semente para a segunda ação – o site “Socorro, meu filho não estuda!” através do qual apresentamos dicas, escritas de forma direta e simples, sobre como a vida dentro de casa impacta a relação de crianças e adolescentes com o estudo.
A base de todas as dicas – tanto nos vídeos como no site – é sempre o resultado das mais recentes pesquisas sobre como o cérebro funciona e o impacto que a vida moderna tem no processo de assimilação e aprendizagem, seja de conteúdo ou formação de hábitos. Sentimos então que faltava um meio para levar a pais e responsáveis um aprofundamento, ainda que leve, das dicas que são sempre curtas e diretas.
No livro oferecemos dicas para todas as idades, dessa vez com um prefácio de embasamento teórico que explica o porquê aquela dica funciona e como o cérebro vai processar e reagir ao que está sendo proposto. Ainda assim, mantendo um linguagem muito simples e acessível.
2) Vocês já passaram ou passam por essa situação?
Taís e eu passamos pela situação de pedido de socorro há anos, sem, contudo, perceber que havia nesses pedidos de ajuda um espaço que se tornou um projeto de vida.
Eu, Roberta, atuando há mais de 30 anos na área de educação, sempre adorei os casos que geralmente a escola e família acham os mais complicados. Crianças, adolescentes e alunos em geral que apresentam o sintoma “não gosto de estudar”. O conhecimento da neurociência me ajudou a comprovar o que sempre foi minha crença: isso é só um sintoma. Assim sendo, não adianta agir sobre ele. O máximo que se consegue é amenizá-lo temporariamente ou – na maioria dos casos – agravar o real problema, que acaba por se tornar um terrível fatalismo: “não sirvo para isso; aprender não é para mim; não sou bom nisso”.
Taís sempre foi uma boa aluna e não apresentou problemas com os estudos, mas desde pequena acompanhou minha vida de professora e acabou por também se tornar uma educadora.
E, sim, tenho um sobrinho a quem considero como um filho que ganhei emprestado da minha irmã, que foi minha maior inspiração pessoal. Era o típico menino-problema em se tratando de estudo e escola. Exatamente aquele que deixa os pais e professores de cabelo em pé. Comigo estudava, fazia os deveres de casa e, para provar que eu estava certa, acabou por ser um dos poucos adolescentes brasileiros a conseguir um estágio de trabalho dentro de um parque da Disney! Ele é a prova de que o “não gosto de estudar” é somente um sintoma e há saída, dentro da própria criança/adolescente. Os pais precisam de ajuda para descobrir como diagnosticar e tratar cada caso adequadamente!
3) Quando a criança não gosta de estudar, sempre bate aquele desespero. O que vocês fazem ou fariam nesse caso?
Não existe criança que não goste de fazer novas descobertas. E também não existe conquista sem esforço. Não existe cérebro saudável que não consiga aprender. Não existe aprendizado sem referências anteriores. Aprendizagem requer um alicerce chamado educação.
Como juntar tudo isso e agir é o que explicamos no livro, de forma simples e direta, como se fosse uma conversa com os pais.
O ideal é ir em busca do diagnóstico – o que está faltando no alicerce para que essa criança aprenda a gostar de estudar. A partir daí, a construção passa a ficar mais sólida.
4) Essa história de que menina é mais dedicada aos estudos do que os meninos é real? Vocês percebem isso pela experiência de vocês? Por que existe essa diferença?
Em termos cognitivos, a capacidade é idêntica em ambos os sexos. Uma pesquisa muito recente mostrou que há sim diferença entre o cérebro feminino e masculino em relação ao armazenamento de memórias afetivas. Cada sexo armazena essa memória em um local diferente, o que explica, por exemplo, o porquê de a mulher gostar mais de falar de sentimentos do que o homem. Em relação à capacidade e forma de aprendizagem, porém, não há diferença.
Não podemos negar, contudo, que é senso comum essa afirmação de que meninas se dedicam, de forma geral, principalmente em nosso país, mais aos estudos. E existe aí uma forte carga cultural, que acaba preparando melhor as meninas para o que realmente conta no momento de estudar e no processo de aprendizagem: a predisposição para o esforço e dedicação que são os fatores que realmente acabam por fazer a diferença.
5) O que desperta na criança o desejo de aprender? Aprender é uma característica particular ou todo mundo gosta de aprender coisas novas, o que vocês acham?
Três aspectos são cruciais: autoestima, memórias criadas desde o momento do nascimento e desafio.
Autoestima é fundamental para que uma criança aprenda. Os mais recentes estudos sobre o cérebro mostram que para aprender a criança precisa acreditar que é capaz. Ao perceber que aprendeu e colher os frutos do sucesso – seja na nota, no elogio, na aplicação do conhecimento – o processo se retroalimenta e a criança quer mais.
Desafio, quando colocado na proporção adequada, gera fome por aprendizagem. Porém, como as crianças, mesmo que sejam gêmeos idênticos, são pessoas únicas, o que é desafio e qual a proporção adequada para cada um é diferente. A neurociência tem ótimas dicas para ajudar os pais nesse caso também.
As memórias que pais e familiares ajudam uma criança a construir formam uma das mais recentes e encantadoras descobertas sobre o funcionamento do cérebro e são a chave para transformar o estudo de sacrifício em prazer. No livro temos um capítulo que aborda mais a fundo essa descoberta.
E aqui entra o maior desafio de todos: somente os pais e responsáveis podem preparar esse tripé que tanto ajudará no sucesso dos filhos na aprendizagem: auto estima, memórias e desafio.
6) Alguns pais ficam desesperados quando ouvem dos filhos que eles não gostam de estudar. Como fazer para não transformar esse momento em uma verdadeira batalha?
É possível, como demonstramos no livro, fazer um trabalho preventivo, de forma que nossas crianças já cresçam com ferramentas para construir uma relação de amor com os estudos.
Mas nunca é tarde para construir com os filhos essas ferramentas. Mesmo um adulto pode mudar sua relação com a aprendizagem, mudando seus hábitos e aprendendo a estudar de forma favorável ao modo como nosso cérebro funciona e aprende.
O segredo para evitar a batalha é tirar o foco dos estudos. Mudar hábitos do dia a dia. Em breve, de maneira natural, os novos hábitos serão logo transferidos para o momento de estudar.
7) As crianças normalmente já têm um interesse natural por certas coisas. Como os pais podem aproveitar esses interesses para incentivar os filhos a estudarem?
A melhor maneira de aproveitar o interesse natural das crianças é usá-lo para desenvolver o gosto pela leitura.
Falta de hábito de leitura é a nave mãe de grande parte dos problemas que as crianças enfrentam na escola e levam para o restante de suas vidas, tanto no aspecto pessoal como profissional.
No livro apresentamos dicas de como aproveitar o interesse natural das crianças para desenvolver o hábito de leitura e o gosto pelos estudos.
8) Qual o papel da escola nisso tudo? Como a escola pode agir quando percebe que as crianças não estão interessadas em aprender algum conteúdo?
O papel da escola deveria ser o de manter acesa a chama que se iniciou em casa. Em casos em que a criança chega sem a base que poderia ter sido construída pela família, deveria convidar a família a uma parceria para tirar a desvantagem que essa criança traz consigo. Nesse caso, a escola precisaria saber exatamente o que pedir aos pais. Infelizmente, não é o caso atual.
Mas isso ainda é só o começo. A escola não é mais o local para onde levamos nossos filhos para que tenham acesso à informação. Esse tempo passou. A informação está acessível hoje para todos, não importa a classe social ou região geográfica. O desafio agora é outro: a escola precisa guiar nossas crianças no desenvolvimento de habilidades e competências que serão fundamentais para que eles enfrentem um futuro sobre o qual sabemos muito pouco.
Tendo tanta informação acessível e disponível, quem vai ensinar os meus netos a peneirar o joio do trigo, se não a escola?
Com a possibilidade e necessidade de estar conectado com outras pessoas, visto que o conhecimento está espalhado pelo mundo, quem vai ensinar essas crianças a trabalhar em equipe, tirar o melhor proveito das diferenças – de raça, opinião, história de vida, se não a escola?
Variedade de recursos aliada a um ambiente altamente desafiador é a maneira como a escola poderia despertar o interesse das crianças por aprender. O grande salto necessário é a mudança de foco. Sai o conteúdo e entra o aluno – inclusive como o cérebro desse aluno aprende – no foco do que os professores precisam se concentrar.
Temos um longo caminho pela frente. Dar os primeiros passos é o fundamental!
9) Muitas vezes, os pais colocam uma expectativa muito grande na criança e acabam cobrando valores, notas, resultados. Isso pode causar algum tipo de frustração? Qual a importância de deixar a criança errar e descobrir seus próprios interesses?
Desafiar, apoiar e ajudar na construção de uma autoestima saudável é papel dos pais. Mas é também responsabilidade deles dar limites e cobrar. A cobrança porém não deve ser por notas e jamais deve envolver comparação – nem com os colegas da escola, muito menos com outros irmãos.
Pais que conseguem ensinar aos filhos que a responsabilidade por aprender é dele – do filho somente, pois ninguém poderá estudar e aprender por ele, sem gerar brigas ou stress, terão cumprido seu papel e poderão ver seus filhos se transformar em um adultos bem resolvidos.
Nos dias de hoje, com toda a culpa que os pais se colocam por terem menos tempo para os filhos, acabamos por encontrar uma relação familiar desequilibrada, causando stress e frustração para todos.
É papel dos pais ensinar e dividir responsabilidades. A forma de fazer isso é: eu apoio, você faz. O pai/mãe acaba fazendo pelo filho as tarefas mais simples que deveriam ser divididas com a criança, como cuidar dos próprios brinquedos e pertences ou arrumar o quarto. A criança cresce com a ilusão de que o mundo deixará tudo pronto para ele. Quando chega o momento de estudar, por mais que os pais queiram – e alguns chegam a fazer a tarefa do filho – não há como aprender por ele.
Nesse ponto surge a ilusão de que o problema da criança é com os estudos, quando, de fato, é com a percepção de responsabilidade.
Já o fato de errar e aprender pelo erro é um processo de aprendizagem cheio de maravilhas e que leva ao sucesso. Não há problema algum nisso. Mas para errar, a criança precisa estar disposta e consciente de que tem que fazer. Voltamos então à questão primordial da autoestima. Quem a tem em bom nível não teme, nem se abala com o erro! Por isso sua construção é fundamental.
10) Como foi escrever esse livro? Vocês ouviram muitas mães sobre o tema? O que elas mais dizem?
Escrever o livro foi como colocar a cereja sobre o bolo que diariamente montamos com as dicas do site e o trabalho dos vídeos.
Sentíamos falta de um meio pelo qual pudéssemos compartilhar um pouco mais sobre o funcionamento do cérebro e como a pesquisa nessa área fundamenta nosso trabalho.
Ouvimos muitos pais! As famílias estão desesperadas, em alto grau de stress e pressão. Recebemos inúmeros pedidos de socorro diariamente. Os assuntos são os mais diversos. Desde problemas com amigos adolescentes, como tirar a criança ou adolescente do computador, filhos que escrevem mal, outros que têm problema de comportamento ou nota na escola, entre outros.
O pedido campeão em número de responsáveis em pânico é “Socorro, meu filho tem preguiça de estudar!”
11) Para nós, família é tudo. E para vocês?
Família, para nós, é o começo, o meio, o fim! É o antídoto para todos os males e o remédio para todas as dores. É sempre o oásis em tempos tumultuados e o aconchego dos dias frios.
Um adulto pode ter passado por experiências ruins na escola. Pode ter vivido momentos terríveis em relacionamentos amorosos que não deram certo ou ter enfrentado empregadores desumanos. Ainda assim ele será uma pessoa feliz e conseguirá sair sem traumas permanentes ou grandes danos se teve uma família com relacionamento saudável, que o ensinou a lidar com seus sentimentos, forças e fraquezas.
Somos mãe e filha prontas para levar a outras famílias descobertas, experiências e informações que possam se transformar na luz que utilizarão para descobrir novos caminhos para uma convivência harmônica em casa e em sociedade.
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