Família

Pai é tudo de bom

Publicado em 08/08/2014, às 14h25 - Atualizado em 10/05/2021, às 08h49 por Redação Pais&Filhos


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A gente fala muito sobre o superpoder das mães: de se multiplicar, se dividir em tantos papéis e se esforçar para ser boa em tudo – mãe, esposa, profissional, amiga, dona de casa, mulher. Sim, a mãe faz o trabalho de vinte, e de graça. O que a gente esquece é que às vezes o pai faz o trabalho de 21. Claro, nem todos são assim, mas já existe uma grande maioria. Lá fora, essa premissa é mais verdadeira do que por aqui.

O centro de estudos americano Pew Research Center tem pesquisado ao longo dos anos como os pais gastam seu tempo, e o resultado está mudando a forma como vemos a paternidade. Em 2011, eles triplicaram o tempo gasto cuidando das crianças e dobraram o trabalho de casa (tenha em mente que se trata de médias; alguns fazem mais, alguns, menos). Atualmente, o pai típico gasta 17 horas por semana em tarefas domésticas e cuidados infantis. Quando você soma o trabalho profissional ao “segundo turno” em casa, o total de horas trabalhadas pelos pais é maior do que nunca: são 54 horas por semana, comparadas às 53 horas das mães.

O auditor Jorge Franklin de Jesus, pai de Jorge Henrique, de apenas 1 mês, já se prepara para assumir o protagonismo na vida do filho. No caso dele, o motivo desse papel de destaque é a idade: Jorge pôde ser pai, pela primeira vez, aos 61 anos.

Embora nesses primeiros dias de vida do bebê os maiores cuidados tenham ficado por conta da mãe, Raquel, de 31 anos, Jorge se organiza para assumir mais responsabilidades em breve. Com a carreira estabelecida e flexibilidade de horários, ele poderá ser um pai altamente presente. “Mas preciso me manter ativo até para o meu filho não achar que o legal é ser aposentado”. Ele tem o objetivo de, aos 61 anos de idade, aprender a dar banho e a trocar o bebê e fazer parte intensamente do dia a dia da criança.

Conciliando filhos e carreira

Mas a situação de Jorge é exceção. A maioria dos pais concilia carreira a pleno vapor com os filhos. Nos Estados Unidos, embora os homens estejam cada vez mais presentes, ainda são eles que saem de casa para trabalhar enquanto a mãe assume os principais cuidados com a criança. Uma pesquisa recente da revista norte-americana Parents indicou que a razão número 1 apontada pelos pais de não poder passar mais tempo com as crianças é a de que eles não têm condições de manter a família com um trabalho de carga horária reduzida. E como, em geral (e infelizmente), as mulheres ainda recebem menos que os homens, faz sentido que os pais trabalhem fora de casa por mais tempo – mas isso não torna essa situação justa.

Essa é a situação pela qual passa o executivo Renan Silva, de 36 anos, que precisa se equilibrar para dar conta da carreira e do papel de pai da pequena Tarsila, de 3 anos. O dia a dia de Renan e sua esposa, Ana, é corrido, como se espera de um casal jovem, no auge na carreira, e com uma criança em casa. De manhã o tempo é curto e à noite, quando o executivo volta para casa, Tarsila já está brigando contra o sono e sobra pouco espaço para conversas e brincadeiras.

Mas a falta de tempo não é desculpa para Renan não se dedicar com intensidade à filha. Ele conta que seu vínculo com Tarsila começou quando ela ainda estava na barriga da mãe e ele tocava violão para ela ouvir. Já no dia do nascimento, que veio antes da hora, a escolha do casal por um parto humanizado aproximou ainda mais pai e filha. “A Tarsila nasceu numa banheira, e tive o privilégio de poder cortar o cordão umbilical, um momento muito emocionante e especial”, lembra.

E Renan arrumou uma forma de manter a forte conexão com a filha no dia a dia. Se vários momentos-chave da vida de qualquer criança estão ligados à figura materna, como, por exemplo, a amamentação, ele decidiu não ficar em desvantagem. “O pediatra me ensinou a dar banho de chuveiro ainda no hospital, e desde sempre a Tarsila toma banho comigo. Sempre ajudei a trocar as fraldas, a colocar para dormir, mas tomar banho juntos é o momento mais especial. E a cada banho durante esses três anos eu pude notar como aquele bebezinho prematuro ia crescendo e se tornando uma criança linda, saudável, esperta e geniosa”.

Reconhecimento

Mesmo com o esforço, muitos pais não se sentem reconhecidos – pelo menos pela parceira. A mesma pesquisa da Parents mostrou que quase metade dos pais acha que a esposa não os elogia tanto quanto gostariam. Ok, as mulheres geralmente não são tão elogiadas quanto gostariam também. Mas se um dos lados começar, já o primeiro passo.

Quando a esposa do pediatra cardiologista Darshak Sanghavi teve que trabalhar até tarde, ele dobrou as roupas, lavou a louça e colocou as crianças na cama. Quando ela chegou em casa, ficou ansioso pelo reconhecimento, esperou algum elogio, e não recebeu nada. Exausta, ela perguntou: “Você quer uma medalha ou um monumento?”

Há uma boa razão para isso. Enquanto os pais diminuíram um pouco a carga de trabalho para ficar mais tempo em casa, as mães começaram a passar menos tempo com as crianças. Agora, elas cozinham e limpam menos, mas, por outro lado, trabalham fora mais do que nunca.

Diante dessas dificuldades enfrentadas por pai e mãe para conciliar carreira e família, o jeito é criar uma parceria forte e ser flexíveis para ser organizar. Lá nos Estados Unidos, quase um terço dos pais já faz sua parte na limpeza e na cozinha. Mas nem todos os casais têm um equilíbrio justo.

Mudança na imagem do pai

O fato é que o pai que participa está agora mais valorizado que nunca. E isso se reflete na televisão, nos comerciais, nas redes sociais. Muitos abraçam esse novo personagem. E fazer coisas que, antes, eram responsabilidade apenas de nossas mães não afeta sua masculinidade. “Muitos homens já o nutriam e agora se sentem livres para demonstrá-lo”, diz Doyin Richards, pai de duas meninas em Los Angeles, que escreve no blog DadyDoinWork.com.Entretanto, quando mostrou o seu lado paternal, Doyin acabou causando furor na mídia. Enquanto estava de licença-paternidade, em janeiro, sua esposa o desafiou a prender o cabelo da sua filha mais velha em um rabo de cavalo. Richard acomodou seu bebê em seu peito, prendeu o cabelo da filha de 2 anos e meio e registrou o momento com uma selfie. Em poucas horas, a foto se tornou um viral alcançando quase 200 mil curtidas e mais de 3.000 comentários. E, embora a maioria das reações tenham sido positivas, ele acabou escrevendo algum tempo depois: “Eu tenho o sonho de que as pessoas vejam uma foto apenas como uma foto, não como uma grande coisa”.

Estamos no caminho certo. Recentemente, algumas empresas no Brasil adotaram espontaneamente a licença-paternidade de 30 dias, mesmo que a lei estabeleça a obrigatoriedade da licença por apenas cinco dias. Nem todas as mulheres concordam que essa é uma boa notícia. Quando falamos sobre esse assunto nas nossas redes sociais, várias leitoras discordaram da medida, dizendo que se os parceiros ficassem sem trabalhar por um mês curtiriam a folga sem tomar conta das crianças.

Essa percepção ainda é resquício do que vimos nas gerações anteriores. Durante um jantar, o pediatra Darshak Sanghavi comentou sobre como os pais se envolvem na criação dos filhos de forma tão mais intensa hoje em dia do que nas gerações anteriores.Diferentemente do pai, Darshak ajudou nas atividades

Pai tem culpa?

Se engana quem acha que aquela tristeza por não poder se dedicar integralmente aos filhos é exclusividade das mães. Pai também tem culpa. O sentimento na maior parte das vezes é consequência da falta de tempo que obriga casais e ex-casais a recorrerem a alternativas para as crianças no dia a dia.

O executivo Renan Silva reconhece que essa é uma das partes mais difíceis de ser pai e reitera que culpa não é exclusividade das mulheres. “O trabalho consome muito tempo que gostaria de dedicar à minha filha. E algumas vezes me pego em casa respondendo a emails do trabalho pelo celular enquanto Tarsila está me cutucando para brincar ou para ir até seu quarto me mostrar alguma de suas ‘artes’”, diz.

O executivo garante, porém, que desse sentimento angustiante podem sair coisas boas. Com menos tempo livre para a filha do que gostariam, ele e Ana decidiram fazer uma viagem com Tarsila bem diferente do convencional. Nada de hotéis e babá. A família partiu para uma aventura pelos três estados no Sul do país com direito a acampamento e muita natureza. Do passeio nasceu um blog, o “Descrevivendo”. “A ideia é descrever essa aventura, com o objetivo de que a Tarsila tenha essa recordação e possa acessar quando for mais velha para saber o quanto a amamos”, explica o pai coruja.

Ser aceito como igual em relação à mãe;


Palavras-chave
Comportamento

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