Crianças que dormem menos podem desenvolver doenças no coração e obesidade, diz estudo

Que uma boa noite de sono muda completamente o dia de qualquer pessoa você já sabe. Mas essa etapa da rotina quando feita de maneira errada também pode influenciar seriamente na saúde do seu filho. O sono é fundamental para o desenvolvimento das crianças de forma geral, pois é durante este momento que acontecem importantes reações metabólicas, liberação de hormônios fundamentais, como o GH (conhecido como o hormônio do crescimento), regulação hormonal, controle da pressão arterial e da glicose, aumento da imunidade, limpeza das células, regulação do humor e do apetite e aumento da imunidade. Ufa! Com tantas funções necessárias, é de extrema importância que os pais estejam atentos às horas dormidas e a qualidade do sono dos filhos.

Um novo estudo brasileiro, realizado na FSP (Faculdade de Saúde Pública) da USP, mostrou que crianças entre 5 e 7 anos de idade que dormem menos do que 6 horas por noite têm maiores chances de desenvolver problemas de cognição, comportamentais, doenças no coração e até mesmo obesidade. A pesquisa envolveu 199 crianças, alunos de escolas públicas e particulares de São Paulo e Fortaleza (CE).

O sono é a hora em que os aprendizados se consolidam

A neurocientista especialista em sono infantil Jéssica Africano explica que quando estamos dormindo é quando há a consolidação da memória. “O cérebro repassa tudo o que foi aprendido durante o dia, depois transfere para a memória de longo prazo e armazena as informações em áreas específicas do cérebro. Portanto, o sono é fundamental para que a criança se desenvolva emocionalmente, fisicamente e cognitivamente”. 

Uma rotina de inadequada de descanso para crianças pode causar:

• Problemas com o comprometimento da lembrança;
• Perda da capacidade de aprendizado;
• Carência de interesse em aprender coisas novas;
• Falta de concentração;
• Dificuldade de lidar com as frustrações;
• Insuficiência imunológica;
• Obesidade;
• Comportamento agressivo. 

Jéssica explica ainda como os pais podem identificar que o problema da criança é relacionado ao sono: “Quando os pais apresentam uma das queixas acima, eles normalmente relatam que a criança tem dificuldade com o sono. Então, nós temos que primeiro ajustá-lo e somente depois levantar outras hipóteses. Depois que arrumamos a rotina da forma correta e melhoramos os hábitos de descanso, os comportamentos indesejados desaparecem”.

Mas, afinal, por quantas horas as crianças devem dormir ?

Não existem valores concretos, pois a necessidade de sono é analisada por meio de estudos comportamentais, mas de acordo com a médica, a tabela considerada mais confiável é a do National Sleep Foundation, onde a média de horas esperada por faixa etária é:

• Recém-Nascido (0 a 3 meses): 14 a 18 horas, sendo aceitável entre 11 a 19 horas;
• Crianças (4 a 11 meses): 12 a 15 horas, sendo aceitável entre 10 e 18 horas;
• Crianças (1 a 2 anos): 11 a 14 horas, sendo aceitável entre 9 e 16 horas;
• Crianças (3 a 5 anos): 10 a 13 horas, sendo aceitável entre 8 e 14 horas;
• Crianças (6 a 13 anos): 9 a 11 horas, sendo aceitável entre 7 e 12 horas.

Jéssica pontua que a tabela é usada apenas como referência, pois o mais importante é observar o comportamento do bebê ou da criança para saber se a necessidade de sono está sendo suprida ou não.

A neurocientista explica ainda que as horas dormidas durante o dia não são suficientes para a garantir a qualidade da soneca. “As crianças pequenas apresentam uma grande porcentagem de sono, que é dividida em sono diurno e noturno, portanto o sono noturno, que é perdido, não pode ser compensado durante o dia, pois ela continuará em ‘débito’. Portanto, para que elas durmam bem à noite, é preciso de uma rotina bem equilibrada que respeite suas necessidades”, afirma. 

Como aumentar as horas e a qualidade do sono da criança?

O jeito de fazer a criança dormir na hora certa, é respeitando aquilo que o próprio corpo dela dá. De acordo com Aline De Rosa, especialista em Desenvolvimento Infantil Integrativo, quando sinais de sonolência começam a aparecer, ela deve ser conduzida para um ambiente mais calmo. “É legal criar um lugar silencioso, com um tom de voz baixo, com pouca luz, para que a criança perceba que a casa inteira está indo dormir”, explica.

Portanto, é essencial uma boa rotina, para um bom ritual do sono. Atividades que se repitam todos os dias, como: janta, banho e hora de dormir, podem ajudar também. “Normalmente, os pais continuam mandando estímulos para criança, com luz acesa, TV ligada, celular, barulho, muito agito em casa e o corpo da criança para de produzir melatonina e volta a produzir cortisol, que é o hormônio do estado de alerta, e é por isso que essa criança às 22h ainda está agitadíssima. Na verdade ela não tem dificuldade para dormir, é que os adultos não observaram que a hora certa de por ela na cama já passou”, pontua.

Rede de apoio no puerpério

A chegada de um filho significa uma nova rotina, saiba como familiares e amigos podem te ajudar nesse processo: