Publicado em 27/06/2016, às 13h12 - Atualizado em 09/03/2018, às 09h50 por Adriana Cury, Diretora Geral | Mãe de Alice
Se você é do tipo que adora passar o final de semana relaxando, de pernas para o ar, enquanto seu filho se diverte muito com monitores,prepare-se para mudar de ideia e fazer as malas para uma aventura de verdade com a família!
Eu estou falando da Amazônia, floresta tropical, localizada no Norte do país. É muito provável que você tenha ouvido falar dela nas aulas de geografia, em documentários e em filmes. E também é muito provável que as imagens afastem a ideia de férias em família por lá. Afinal, como se embrenhar em lugares “inóspitos” com crianças?
Por isso eu fui conhecer de perto um pacote pensado para famílias. Para começar, vale tentar dissipar a principal angústia: segurança é uma das principais preocupações dos organizadores (sim, essa foi minha primeira pergunta). Além de ter caixa de primeiros socorros e pessoal treinado, teremos sempre três lanchas à disposição. Em caso de emergência, são 15 minutos até a área urbanizada da cidade.
A idealizadora do programa é íntima da floresta. Maria Teresa Junqueira Meinberg, filha de Henrique e Alice, conhecida por todos como Fofa, é paulista, mas passou todas as férias de verão da sua infância em uma fazenda no sul do Pará. “Quando eu voltava para a escola, todo mundo falando da Disney e eu quieta. Não gostava muito de conta o que tinha feito. Pra ter ideia, minha mãe foi chamada na escola porque meu irmão estava mentindo muito: ele contou pra professora que tinha dormido em rede no mato, visto onça, jacaré… E era tudo verdade!”
Fazendo das lembranças uma profissão
Mas Fofa cresceu e desde 2008 trabalha levando turistas para a Amazônia. A ideia do roteiro familiar veio de uma amiga, que também trabalha com turismo. “Ela traz grupos de alunos de escolas de São Paulo para fazer estudo do meio. Na volta, os pais sempre perguntam se tem alguma viagem para todo mundo. Ela sugeriu que eu oferecesse algo e aqui estamos.”
Sim, aqui estamos, conversando em uma mesa do restaurante do barco, perto da janela, enquanto o Rio Negro desliza embaixo de nós e as crianças brincam sob os olhares de todos (todos mesmo!).
A programação do roteiro é intensa, mas distribuída de uma maneira que não fica cansativa. A organização é a mesma todos os dias: acordar, ser recepcionada por um farto café da manhã, sair para uma atividade, voltar às 11h, esperar no deck enquanto o almoço fica pronto, almoçar, descansar, sair para outra atividade, voltar ao fim da tarde, relaxar no rio, jantar e dormir para começar tudo de novo. Como o pacote é all inclusive, o relaxar conta com caipirinhas e sucos de frutas nativas, uma delicia para a família toda!!!!
Dia 1 – conhecendo nosso hotel flutuante
Mas vamos voltar ao inicio, na chegada a Manaus, ainda na madrugada. Após 5 horas de voo, vagamos, eu e o grupo quase completo, ainda sem nos conhecermos, por uma cidade quente e silenciosa, até o atracadouro onde estava nosso barco. Achei minha cabine, devidamente identificada com meu nome. As instalações são simples, mas com os itens básicos de conforto: ar condicionado, banheiro privativo, colchão macio e limpeza nota 10. Nem preciso dizer que adormeci em 5 segundos, certo? Mas o que ficou na memória foi acordar já com sol e ver o rio pela janela. Rio? Mar!!! Um mar escuro, sem ondas, infinito…
Esse primeiro dia foi para se ambientar. Antes mesmo de tomar café, já estávamos no encontro das águas dos rios Negro e Solimões. Mil vezes retratado, outras mil televisionado, mas indescritivelmente emocionante. Para nós e para os diversos barcos que estavam lá. A 30 minutos do Porto de Manaus, esse passeio é meio que obrigatório para quem passa pela cidade.
Após a vista magnífica, fomos tomar café e receber as instruções iniciais enquanto. Nossa primeira parada seria o Lago Janauary, onde desceríamos para uma trilha. Aqui vale lembrar, novamente, das aulas de geografia. A Amazônia é uma grande planície. Assim,o caminho é tão suave quanto zanzar pelas calçadas da avenida Paulista. Exceto pelo fato de vários macacos de cheiro virem ao nosso encontro, provavelmente já sabendo que tínhamos comida. Nem os gritinhos de Leon, Beatriz, Brena e Izaque, as crianças do grupo, foram capazes de espantar nossos novos amigos.
Assim, ora sozinhos ora com macaquinhos ao nosso redor, avançamos mata adentro. A primeira parada, uma árvore centenária, daquelas que o grupo teria que dar as mãos para rodear. A segunda, uma lagoa repleta de vitórias-régias, uma flor mais delicada do que eu supunha, já que precisa sempre estar com as raízes bem fixas no fundo do lago. Nesse ponto um aviso importante: a história de que as folhas são capazes de suportar um humano não passam de lenda. Minha foto clichê ficou apenas na imaginação.
No caminho de volta, uma cena triste. Alguns moradores locais, sabendo que a trilha é bastante usada por turistas, aguardavam com um filhote de bicho-preguiça, um de jacaré é uma sucuri (essa, pelo tamanho, prefiro acreditar que não era bebê). A ideia é cobrar centavos por fotos com os bichinhos. Fiquei bem contente que ninguém do grupo pagou por isso e mais ainda ao ver as mães explicando para os pequenos que legal mesmo seria ver os bichos na natureza, junto com suas mães.
À tarde o programa foi bastante ameno. Paramos em uma praia de areias brancas, em um pequeno braço do rio e passamos a tarde ali. Um tempo dedicado a conversas gostosas e diversão na água. Um tempo que não foi perdido, já que nem pareceu existir…
Dia 2 – Índios e botos, porque aqui é Amazônia
Perto dessa praia fica a Comunidade do Tupê, formada por indígenas das etnias Tukano e Tuyuca, nossa visita da manhã seguinte. Como você deve imaginar, é uma tribo que faz espetáculos para turistas. Fomos até a grande taba e vimos cantos e danças tradicionais. Depois pudemos conversar com todos. Dona Aurora, mulher do pajé, contou que a tribo é muito unida. Morando dentro de uma região demarcarda, plantam e caçam o que comem. O turismo tem duas vantagens: traz dinheiro para comprar o que não produzem e ajuda a manter os rituais ancestrais. Perguntei sobre seu nome, nada indígena. Então ela contou que, na verdade, seu nome era outro – até me disse qual, mas não consigo sequer pronunciar, quanto mais escrever -, e que todos tinham dois nomes. Guardei no coração o da Luna, sua neta que também tem outro nome impronunciável, que aos quatro anos faz suas próprias pinturas corporais para as apresentações.
À tarde, o programa mais inacreditável da viagem: ver botos cor-de-rosa. A proposta não é ir em parque temático, ou em piscinas com bichos confinados, e sim ficar na natureza. Então, achei eu, seria uma completa loteria. Mas há um trabalho sério de manejo de botos no rio Negro. Em um tipo de baía, completamente livres para ir e vir, eles são monitorados e estudados. Mas, assim como os macaquinhos da trilha, eles sabem que ali tem comida fácil. E aí a mágica acontece!!!! Somos avisados que carinho na cabeça e na barbatana dói, mas que na barriga tudo bem. E que não é parque aquático, então nada de se agarrar para sair nadando com eles. Sim, tive o privilégio de dar carinho em um boto cor-de-rosa e ele é MUITO fofo!!!! E as crianças, claro, ficavam extasiadas!
Nesse dia, um pouco antes o anoitecer, já longe da área de manejo, ficamos em uma praia. Ali, com a água quente do rio, vendo o sol se pôr no horizonte com botos passando a cerca de dez metros de mim eu me senti a própria Iara. Naquele momento absolutamente nada poderia me tirar dali. Cheguei a titubear ao saber de um passeio relâmpago para avistar jacarés, mas não deu.
Nesse momento você deve estar pensando: e as crianças? Os pequenos estavam completamente integrados entre si e com a comunidade do barco. Leon, filho de Telma e Guilherme, costuma viajar com os pais. Já havia ido para a Ilha de Marajó, para Lisboa e até para o Etna!!! Melissa, mãe de Beatriz, escolheu a viagem exatamente pela experiência de ver algo completamente diferente. E Izaque e Brena, filhos de Diná, são da cidade ao lado e conhecem todos os detalhes do barco. Além disso, havia sete tripulantes, o guia e 18 adultos no grupo e todos, sem exceção, estavam de olho. Seja para ajudar a entrar e sair do barco, nadar com eles no rio, tomar banho mangueira, roubar melancia na cozinha… Acho que, na verdade, todo mundo era criança novamente.
Dia 3 – Miçangas, farinha e futebol
O terceiro dia foi dedicado à comunidade Nova Esperança, formada por indígenas. O líder deles contou que todos viviam no Alto Amazonas, mas migraram aos poucos para o local que ocupam hoje. O motivo? Educação e saúde. Com escola e posto de saúde, eles vivem mais tempo e conseguem oportunidades fora da tribo – para quem quiser, claro. Além de pescar, plantar e caçar, eles têm um trabalho forte de artesanato, junto com uma cooperativa que vende as peças em Manaus e fora do Estado.
E foi com artesanato que começamos. Todos puderam escolher um tema e fabricar sua própria lembrança. Ainda tenho a tornozeleira que fiz. Ficou bonita, mas o mérito é todo da professora. À tarde passamos no engenho de farinha, onde se faz também tucupi, biju e tapioca. A farinha é item essencial: café da manhã, almoço e jantar, tudo leva esse ingrediente. E tudo que é fabricado no engenho, é consumido na comunidade.
Depois, a atividade mais inesperada: jogar futebol com as índias. Sim, eu disse índias. Todo fim de tarde elas se reúnem e vão para o campo jogar, com torcida e tudo. Nosso time era misto, tinha gente que jogava muito bem, mas não deu pra nós. Não chegou a ser um Brasil x Alemanha, mas foi uma goleada. Como jogam aquelas meninas!!!
E, para encerrar nossa passagem ali, uma sessão de cinema depois que a noite caiu. Montamos a sala na escola, fizemos pipoca, trouxemos guaraná Baré e chamamos todas as crianças do barco e da tribo para assistir DivertidaMente. Uma delícia!!!
Dia 4 – Hora de dar tchau
No dia seguinte, para encerrar o programa, uma saída de barco para ver o sol nascer e encontrar aves e macacos. Lembra o jacaré que eu recusei ver? Então, ele achou a gente. E vários botos tucuxis – aqueles cinza. E peixes. E cores. E eu não queria mais ir embora!!!
Mas a hora chegou, depois de uma parada para um último mergulho. Tínhamos que dar adeus à Amazônia. Do avião, aquela cena incrível dos rios serpenteando por entre as árvores. Eu sei que uma imagem vale por mil palavras, mas foto nenhuma chega perto do que menus olhos viram. E isso tudo navegando apenas 60 quilômetros de rio, ainda dentro de Manaus.
E para quem gostou da aventura, um aviso: além da Amazônia, a Turismo Consciente pretende fazer roteiros familiares para a Chapada dos Veadeiros, em Goiás, Cananeia, no litoral paulista, e para as cavernas do Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira, também em São Paulo.
Serviço:
Como chegar:
A maneira mais rápida e confortável, sem dúvidas, é de avião. Guarulhos tem trajeto direto e a viagem dura 4 horas. Os aeroportos de Belém, Brasília, Galeão, Porto Velho e Viracopos também têm voo direto.
Pode-se chegar de barco também, mas essa opção é para quem já estiver no norte do país e tiver tempo. Belém-Manaus dura, no mínimo, cinco dias. Nesse tipo de viagem é possível escolher entre cabines, com camas, ou o salão, com redes.
Vacinas:
Não é obrigatório, mas é aconselhável tomar a vacina contra a febre amarela. A doença é endêmica na região.
O que ver:
O passeio que fizemos é um pacote fechado da operadora, mas nada impede que você faça as atividades em separado se for à cidade. Para isso, o melhor é entrar em contato com as agências de turismo. A Secretaria de Turismo da Amazonas tem uma lista de prestadores de serviços.
Além de ver o encontro das águas, visitar a comunidades indígenas da região e nadar com os botos e outros animais amazônicos, se optar por ficar na cidade, não deixe de ver o Teatro Amazonas. Construído no final do século 19 para receber óperas e espetáculos europeus, é o símbolo máximo da riqueza do ciclo da borracha.
Onde ficar:
Além do pacote com hospedagem em barcos, Manaus oferece hotéis das grandes redes:
Mais afastados da cidade, os hotéis de selva são perfeitos para quem quer ficar próximo à natureza mas com uma super infraestrutura:
Bagagem:
Faz calor o ano inteiro e chove, chove muito! Invista em roupas leves, do tipo que seca rápido – e elas secam, acredite! Calças e um casaco, também leves, podem ser úteis no fim do dia. Vale apsotar em chapéus ou bonés. E os mais precavidos podem carregar uma capa de chuva – não que ela vá proteger muito…
Para os pés, um par de tênis que possa sujar muito e molhar é necessário para as trilhas (o guia andava descalço, mas você não vai querer arriscar). Leve outro par para ficar no barco.
Na necessaire não pode faltar repelente e muito filtro solar.
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