Criança

A escolha é do seu filho

Imagem A escolha é do seu filho

Publicado em 31/07/2015, às 14h28 - Atualizado em 11/11/2020, às 10h04 por Adriana Cury, Diretora Geral | Mãe de Alice


As crianças precisam aprender o que são consequências desde pequenas. Começar a estabelecer as relações de causa e efeito desde cedo faz com que elas fiquem muito mais seguras e, claro, mais tranquilas para obedecer aos pais. Lidar com os efeitos de nossas escolhas faz parte de cada minuto do nosso dia a dia, e nossos filhos precisam aprender a se familiarizar com isso.

E eles têm plenas condições de entender essa relação desde os 2 anos e meio de idade, quando a linguagem começa a se sofisticar. De acordo com a psicóloga infantil Daniella Freixo de Faria, mãe de Maria Luisa e Maria Eduarda, a partir dessa idade a criança já começa a compreender minimamente a construção da lógica do que é causa e do que é consequência.

“Antes dessa idade, falar ‘não’ já é uma grande experiência para as crianças, que também funcionam muito bem quando as tiramos do que elas estão fazendo de errado e lhes oferecemos algo legal no lugar”, explica Daniella. E é na família, principalmente nos pais, que as crianças encontram o modelo que deverão seguir. Por isso, nossos filhos vão testar limites para ter certeza até onde podem chegar. A partir desse momento, devemos orientá-los para as consequências de suas atitudes.

Nós, pais, podemos ajudá-los de duas formas: a primeira é agindo sempre de forma coerente com o que esperamos deles. Não adianta nada você dizer para seu filho respeitar as pessoas e ele ouvir você gritando com alguém no trânsito. Também não adianta você ensinar sua filha que ela não pode jogar lixo no chão, mas abrir uma bala e deixar o papel cair na rua. Precisamos sempre lembrar que as crianças são grandes observadoras e absorvem muito do que os pais fazem.

A segunda forma de ajudar nossos filhos é dando a eles escolhas, mas sem abrir mão das responsabilidades que eles precisam cumprir. Por exemplo, você pode dizer ao seu filho: “Ou você vai almoçar agora e depois pode chamar seus amigos para brincar, ou você pode continuar enrolando, almoçar mais tarde e ficar sem brincar com seus amigos. O que você prefere?”.

Repare bem na expressão: “Ou você faz isso e tem um resultado, ou você faz aquilo e tem outra consequência”, mas em nenhum momento existe a opção de não almoçar. Isso dá para a criança duas noções fundamentais: de que existem responsabilidades que devem ser cumpridas e que nossas escolhas refletem no futuro, para o bem ou para o mal.

“Se você” não funciona!

Muitas vezes, ameaçamos nossos filhos para que eles nos obedeçam. E isso pode até funcionar em um primeiro momento, mas logo a criança perde o foco da razão do castigo e passa a ver os pais como rivais, querendo enfrentá-los para mostrar que a ameaça não vai adiantar. E não vai mesmo. “Esse embate nada educativo, de pais contra filhos e filhos contra pais, se torna uma guerra onde sempre há um ganhador e um perdedor”, explica Daniella Faria. E, vamos combinar, você também quer que seu filho aprenda as coisas e que isso traga felicidade, por isso a forma como é feito fará total diferença nesse processo.

Quando usamos a todo momento a expressão “Se você”, as crianças passam a enfrentar os adultos e nós precisamos aumentar a pressão em busca do mesmo resultado, porque elas aumentam a resistência. Por exemplo, quando dizemos “Se você não comer tudo, vai ficar sem televisão”, logo vamos precisar incrementar a ameaça para “Se você não comer tudo, vai ficar sem televisão, computador, brinquedo preferido, casa do melhor amigo…”. É aí que surgem os gritos e até a questão de bater em nossos filhos.

“Tanto castigo físico como agressão verbal são atitudes que destroem qualquer um, principalmente as crianças. Nossos filhos podem se tornar agressivos ou retraídos”, explica Deborah Vega Longhi, psicopedagoga e terapeuta familiar, mãe de Pedro Henrique e Lucas. Geralmente, nós repreendemos, damos broncas e castigamos nossos filhos para poder educá-los, mas quando conseguimos ser generosos sem sermos permissivos, mostramos no cotidiano que para toda ação há uma reação. “As crianças abstraem isso para toda a vida e assumem seus erros e acertos quando crescem”, conta Deborah Longhi.

Além do mais, é difícil acreditar que uma criança de 4 anos vai ficar trancada no quarto por dez minutos, de castigo, pensando realmente no prato de comida que deixou na mesa porque não gosta do que foi oferecido. Afinal, o que tem a ver uma coisa com a outra? É comum que alguns pais usem o mesmo castigo para coisas de naturezas diferentes. Se não comeu direito, vai ficar trancado no quarto. Se não fez a lição de casa, vai ficar trancado no quarto. Se não emprestou o brinquedo para a irmã, vai ficar trancado no quarto. Daí a criança perde o contato com sua atitude errada e seu foco se vira para o adulto. “A criança entende que o melhor mesmo é vencer a mãe ou o pai em uma batalha e a forma de vencer é mostrar que não liga para o castigo”, diz Daniella Faria.

De acordo com um estudo da Universidade de Cornell, que fica no estado de Nova York, nos Estados Unidos, quando você define regras para seu filho, você está implicitamente ensinando a ele como disciplinar a si mesmo. Mas, junto com essas regras, você deve mostrar que existem consequências para as escolhas das crianças. Precisamos ter total clareza de que o foco central das escolhas feitas pelos nossos filhos não pode ser deixado de lado. A lição deve ser feita, o banho deve ser tomado, a hora de dormir deve ser respeitada e são sempre os adultos que definem quais são as duas opções que a criança pode escolher. Por isso, abandone essa expressão “Se você” quando quiser que seu filho te escute e que assuma as responsabilidades pelas escolhas que ele mesmo vai fazer.

“Não concordo com o ‘Se você’, nem com castigo, nem com grito ou com ameaças. Quando colocamos a criança para viver a experiência e a consequência direta de suas escolhas, não precisamos mais vencer nosso filhos. Na verdade, mostramos que estamos no mesmo time. Ter poder em vez de respeito é algo que questiono”, conta Daniella Faria.

Quando perguntamos para a especialista qual sua sugestão para não transformar cada desobediência em uma batalha, ela é bem firme: a palavra castigo e a atitude de castigar não devem mais ser usadas. Isso não quer dizer que a criança possa fazer o que quiser. Só que disputar poder com nossos filhos dentro de casa traz mais raiva, mais distância e mais irritação, e o resultado é quase sempre menos reflexão, menos consciência e menos noção de consequência.

A lei da ação e reação

As experiências humanas mais básicas nos ensinam que a Terceira Lei de Newton, a Lei da Ação e Reação, acontece desde o começo dos tempos. O ser humano descobriu com facilidade que, se tocar uma chama, vai queimar sua mão. Esse é o princípio de sobrevivência da maioria das espécies. Mas a disciplina que nós, pais, precisamos dar vai muito além disso. Ela prepara a criança para a sociedade que ela vai encontrar depois que crescer.

Se nossos filhos crescerem sem a noção de causa e consequência, provavelmente se tornarão adultos inconsequentes, que não sabem enfrentar os resultados ruins e não conseguem desfrutar dos resultados bons. Sim, as consequências podem ser ruins, mas também podem ser muito boas. Esse é o grande truque para que nossos filhos comecem a fazer escolhas que tragam resultados bons para eles e para nós. Por isso, os efeitos precisam estar diretamente ligados às atitudes.

De acordo com Daniella Faria, é muito importante mostrar com alegria as consequências positivas das boas escolhas dos nossos filhos. Assim, quando a escolha da criança não for tão boa, podemos até ajudá-la a corrigir o que for preciso.

Verdade ou consequência?

As brincadeiras são formas lúdicas que as crianças adoram e que ajudam nossos filhos a estabelecerem essas relações. As crianças entendem por meio da demonstração, e nada melhor do que a brincadeira para envolvê-las. Coisas simples como espetar um balão com uma agulha podem ajudar.

“Era uma vez” que ensina

Os contos de fada também são uma ótima maneira de mostrar para as crianças que toda escolha resulta em uma consequência. Pinóquio não teria virado um burro se tivesse escolhido ir para a escola em vez de seguir estranhos. Chapeuzinho Vermelho não teria encontrado o lobo mau se tivesse obedecido a sua mãe e seguisse pelo caminho mais seguro. Conte a história para seu filho e depois converse sobre ela, sem deixá-la chata ou técnica demais.


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