Publicado em 02/09/2013, às 15h28 - Atualizado em 17/06/2015, às 12h46 por Redação Pais&Filhos
Não são poucas as vezes em que as crianças chegam da escola incomodadas com uma situação e contam pra gente. Mesmo que não seja nada grave, ficamos em dúvida se devemos ou não falar com o colégio. Esse limite entre até onde podemos interferir ou questionar é mesmo difícil de ser traçado. Há casos e casos, pode variar de acordo com o colégio, com a coordenação ou com a família.
A maioria das questões pode ser facilmente tratada numa conversa entre escola e família. Normalmente nem precisa chegar ao diretor ou coordenador, apenas uma conversa com o professor da criança já resolve.
Nesse bate-papo, nenhum dos lados pode confundir educação com mercadoria. “Algumas escolas se transformaram num produto e aí a família vira cliente, qualquer dúvida é tratada como SAC, isso é comum entre escolas que se apresentam como uma marca”, diz Marcelo Cunha Bueno, pai de Enrique, pedagogo e nosso entrevistado nesta edição. Por isso, preste atenção se a escola dos seus filhos dá atenção individual para as famílias, abrindo a conversa para sugestões e reclamações.
A nossa lição de casa, como pais, é trazer as dúvidas para o colégio. Se a comida da cantina incomoda, vale conversar com outros pais e com os professores, às vezes a solução é mais fácil do que imaginamos. E se a gente não fala, a escola não tem como saber sobre o incômodo!
A melhor maneira de se informar é ouvir de seu filho o que ele acha, desde o lanche até o comportamento dos professores. Se ele demonstra algum tipo de necessidade ou insatisfação com o ambiente escolar, vale olhar de perto o que está acontecendo, sem esquecer que a necessidade de um aluno não é soberana à vontade do grupo.
Até onde posso ir?
Há famílias que não admitem que a escola seja um lugar distinto da casa, com suas próprias regras, e é aí que surgem os impasses. Essa confusão pode prejudicar o aluno, e ele precisa aprender a distinguir o espaço familiar do comunitário.
Para a escola, a opinião dos pais é fundamental, pois promove mudanças e crescimento. Mas a vontade de poucos não pode ser maior do que a essência da escola e a necessidade da maioria. Além do mais algumas questões podem e devem ser tratadas pelas próprias crianças, sem interferência direta dos pais. Por isso, é tão importante conhecer a filosofia do colégio e suas regras antes de matricular os filhos. Certas coisas você não vai conseguir mudar, mesmo que não concorde.
Da mesma forma, a escola precisa saber quem são as famílias que ocupam seu espaço e levar em conta esse perfil na hora de escolher o material que irá pedir, o tipo de passeio, a formatura… Existe uma adaptação dos dois lados, claro. Esse tipo de questão pode ser debatido entre pais e escola e é sempre preferível que se chegue a um consenso.
Escola de todos
Não são só os pais de alunos de escolas privadas que podem falar, quem tem o filho em escola pública também precisa cobrar. Em abril deste ano foi lançado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) o portal Escola que Queremos (escolaquequeremos.org). O site mostra quais as carências e pontos positivos de cada uma das escolas públicas do país, avaliando desde o ambiente físico até os profissionais. O botão “Entre em Ação” indica o que fazer em cada caso. Por exemplo: “redija uma petição explicando a situação e fazendo um pedido ao diretor da escola e entregue o documento também aos representantes no conselho escolar” ou “se o problema for com a merenda, um outro órgão que pode ser acionado é a Vigilância Sanitária.”
Além desse recurso, os pais ainda podem conversar pessoalmente com representantes dos colégios em que os filhos estudam. Nesses casos, ainda mais, a mobilização coletiva pode gerar mudanças.
No fim, não importa se o colégio é público ou privado, tudo pode ser conversado, desde que haja respeito e disposição dos dois lados. E, afinal, é sempre o melhor que queremos para os nossos filhos.
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