Criança

Mãe, lê pra mim?

Imagem Mãe, lê pra mim?

Publicado em 08/05/2011, às 21h00 - Atualizado em 24/06/2015, às 15h28 por Redação Pais&Filhos


Sempre tive muita dificuldade em inventar histórias para as minhas filhas. E mesmo lendo um livro de que gosto para elas, minha natureza me leva sempre a comer as palavras, ler rápido demais, sem a entonação de que toda criança gosta. Já minha mulher parece que nasceu pra isso! E não importa o livro – curtinho ou compridão, cheio de letricas ou repleto de imagens – nem o autor: ela saboreia cada frase, e as meninas sempre adoram.

Dia desses estava lendo, ao ritmo de um capítulo por noite antes de dormir, A História Sem Fim, clássico do alemão Michael Ende. Só de me imaginar fazendo isso sofri como o rei gago, de que tanto se tem falado nos últimos meses. E quando insistiu em levar para o pé da cama Os Desastres de Sofia, da Condessa de Ségur, que pertencera à mãe dela? Quase infartei, porque o livro é antigo, a mãe castiga a desobediente protagonista e chega a bater nela… e as meninas só faltaram aplaudir, pedindo bis!

Daí por que não estranhei os resultados da pesquisa do Instituto Pró-Livro, que mostra que as mães são, sim senhor, as maiores incentivadoras do hábito de ler nos filhos. Lá em casa quem manda na biblioteca infantil é a Larissa! Eu até doei alguns dos meus favoritos para as meninas, como A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga, Grimble, do inglês Clement Freud (neto do pai da Psicanálise, Sigmund), e Os Meninos da Rua Paulo, do húngaro Ferenc Molnár… mas quem lê mesmo é a Lari. E fim de papo!

Segundo o levantamento do Pró-Livro, em 49% dos casos é a mãe (ou a mulher da casa) quem influencia a leitura dos filhos. Os pais ficaram em terceiro lugar, com 30%, atrás das professoras, com 33%. Mas o mais interessante é que 73% das crianças citam a mãe como leitora oficial – o que nos deixa numa posição pra lá de vexatória, convenhamos.

“Tenho três filhos e para os três lia em voz alta durante a gravidez”, relembra a escritora Alessandra Roscoe, mãe de Beatriz, Felipe e Luiza e autora de O Jacaré Bilé, entre outros livros infantis. “Naqueles momentos estabelecíamos uma cumplicidade, um momento de afeto e carinho que se reflete até hoje. Todos são leitores, e os dois mais velhos se tornaram parceiros na literatura.” Como se vê, as mães levam uma imensa vantagem já de saída, pois podem ler para os filhos enquanto eles nadam, tranquilos, no líquido amniótico.

Mães nordestinas

A pesquisa, que faz parte da campanha “Mãe, lê pra mim?”, ouviu 5.012 pessoas em 311 municípios brasileiros e concluiu também que o Norte é a região líder em mães leitoras: a influência delas sobre os filhos chega a 59%. No Nordeste, as mães influenciam em 56% dos casos. “Isso nos faz deduzir que o fato de estarem mais tempo com seus filhos possibilita que, ao buscarem atividades educativas para enriquecerem esse tempo de convívio, encontrem na leitura de livros não somente uma atividade de entretenimento, mas uma troca afetiva”, explica a presidente do Instituto Pró-Livro e da Câmara Brasileira do Livro, Karine Pansa, mãe de Augusto e Sofia. “Por outro lado, a pesquisa também informa que as mulheres leem mais que os homens, e a valorização da leitura se dá também pelo exemplo: a mãe que lê na frente do filho está valorizando o livro e a leitura no imaginário dessa criança”, afirma.

Além disso, o hábito da leitura por parte dos pais no primeiro ano de vida dos filhos é fundamental para o desenvolvimento da fala – porque melhora substancialmente o vocabulário dos pequenos. Nesse caso (e há dezenas de pesquisas realizadas no mundo inteiro que corroboram a tese), a criança com maior facilidade para falar é também a que vai querer aprender a ler o mais rápido possível, para se deliciar sozinha com livros e gibis. Ou seja, mais um ponto para as mães leitoras brasileiras!

Lógico que é bom ler

Além disso, a leitura (principalmente antes de dormir) ajuda no desenvolvimento da capacidade racional e lógica da criança – palavra dos professores do National Institute of Child Health and Human Development de Bethesda, em Maryland, EUA.

Devo muito do meu gosto por livros aos meus pais, mas sobretudo à minha mãe, que lia para mim quando eu era garoto. A família é fã de livros, sempre tivemos muitos em casa, e essa paixão pelas prateleiras das livrarias me foi transmitida quase que naturalmente – e eu tento repassar essa experiência para as minhas filhas. Tem dado certo!

Há, claro, muitos estudos sobre técnicas eficazes para criar filhos que amam livros. A principal, contudo, é simplesmente ler para eles. Sêneca dizia que a leitura nutre a inteligência; Lobato, que queria mesmo era fazer livros em que as crianças pudessem morar. Como afirma Karine Pansa, “ler para um filho é, essencialmente, um ato de amor.” Portanto, conte histórias para ele antes de dormir; dê livros de presente (aliás, a pesquisa do Pró-Livro informa que 80% daqueles que não gostam de ler nunca foram presenteados com livros na infância); e mantenha a estante cheia em casa. A criança só valoriza o que é valorizado por aqueles que ela admira e que são referência em sua vida.

Claro que não há, pelo menos por enquanto, como competir com a TV, entretenimento preferido de 77% da população brasileira, mas a leitura vem ganhando terreno desde a primeira pesquisa do Pró-Livro, em 2000, e já conta com a simpatia de 35% do eleitorado. Uma coisa, porém, é certa: quanto mais pais e mães lendo, mais filhos e filhas lendo também e maior a chance de passar adiante, geração após geração, esse excelente hábito.
Por essas e por outras é que admiro, cada vez mais, a capacidade da Lari de entreter as meninas com um livro nas mãos. Só me resta o consolo de que Monteiro Lobato (o autor mais admirado pelos leitores brasileiros) se tornou o gênio da literatura infantil por causa de sua Purezinha, que lia contos de fadas para os filhos com aquela dedicação de Dona Benta em sua cadeira de balanço no imortal sítio do pica-pau amarelo. Será que ainda dá tempo de me inspirar no pai de Pedrinho e Narizinho?

Livros de mães para filhos


O Mistério do Coelho Pensante, de Clarice Lispector
www.rocco.com.br


Morango Sardento, de Julianne Moore
, autobiografia que fez para os filhos Caleb e Liv, ruivos e sardentos como ela.
Ed. Cosac Naify (www.cosacnaify.com.br), R$ 45


As Rosas Inglesas, de Madonna,
que ela escreveu para a filha Lola.
Ed. Rocco (www.rocco.com.br), R$ 39


A Festa das Letras, de Cecilia Meireles
, que teria sido escrito para as filhas.
Ed. Nova Fronteira
(no Estante Virtual, www.estantevirtual.com.br), R$ 27


Estrela Cor-de-Rosa, de Mônica Figueiredo
(nossa diretora editorial), que escreveu para a filha, Antonia, quando a avó da menina morreu.
Ed. Globo  (http://globo livros.globo.com), R$ 27

Um livro para cada bebê

0 a 6 meses
O melhor são os livros com pouco ou nenhum texto e imagens grandes, bem contrastantes. Livros com bichinhos e espelhos também são recomendados. Lembre-se de falar bastante, porque o que conta nessa idade é o som da sua voz – além do ritmo da fala.

7 a 12 meses
Agora os livros com poucos personagens ou objetos funcionam melhor. Dê preferência aos que ilustram palavras do cotidiano do seu filho, como “mamãe”, “papai”, “cachorro”, “mamadeira”, “leite”, “fralda” etc. Ah, e prefira os com páginas mais grossas.

13 a 18 meses
Agora você já pode experimentar ler livros com até duas sentenças por página. E interprete o que está lendo: se o livro for sobre animais, por exemplo, faça os barulhos característicos. Seu filho vai se divertir e repetirá o muuuuu da vaquinha e o béééééé da ovelhinha.

19 a 24 meses
É a etapa da repetição exaustiva. Seu filho vai pedir que você leia aquele livro do gatinho umas 500 vezes, vai querer que você faça aquela voz engraçada até ficar rouco. É parte do aprendizado e uma técnica inconsciente de fixação de palavras novas ao vocabulário.

A partir de 2 anos
As opções, para os pais, ficam mais amplas. Aproveite para passear por todos os tipos de livros (com abas, bichinhos, dobraduras, personagens destacáveis). Ah, os com rimas também são excelentes, invista neles. Claro que seu filho ainda terá, por algum tempo, os preferidos, mas estará cada vez mais atento a novas palavras e expressões. E vê-lo se desenvolver intelectualmente é, talvez, a maior aventura de uma vida inteira.


Palavras-chave
Educação

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