Publicado em 10/01/2023, às 10h44 - Atualizado às 10h46 por Giovanna Machado
No Reino Unido, pelo menos 16 crianças morreram em decorrência de uma bactéria chamada streptococcus A, conhecida também como Strep A. De acordo com as autoridades britânicas, nos últimos três meses, foram registrados 30 mil casos suspeitos consequentes do microorganismo.
Segundo o Dr. Gerson Salvador, médico infectologista do Hospital Universitário, especializado em Saúde Pública pela FSP/USP, a infecção costuma ser inofensiva e não apresenta sintomas para a maioria das pessoas. Porém, para algumas, pode causar uma inflamação leve na garganta e também na pele. Em alguns casos raros, pode levar à escarlatina (infecção na garganta, febre e uma erupção típica na pele) e, assim, ao óbito.
“Eventualmente, essa bactéria pode causar doenças invasivas que têm maior gravidade e podem causar a morte. Porém, ela é muito mais comum do que se imagina e se encontra em todos os lugares. A maior parte de nós já tivemos uma infecção por streptococcus do grupo A”, afirma o doutor.
No Brasil, não há estatísticas recentes sobre infecções invasivas relacionadas a esse micro-organismo em específico. Em 2011, o Ministério registrou um surto do tipo no Distrito Federal, quando três crianças e um adulto morreram. Na época, o Governo Federal disse que eles haviam sido os primeiros óbitos pela bactéria registrados no país.
Um estudo feito pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) em 2006 detectou a presença dessa bactéria na garganta de 8 a 24% das crianças que frequentavam creches.
Segundo a Dra. Rosana Richtmann, chefe do Departamento de Infectologia do Grupo Santa Joana, não devemos nos preocupar pois não há notificação compulsória da doença aqui no país, logo a maior parte dos sintomas consequentes da bactéria é leve.
“O streptococcus pode causar a escarlatina, que é uma doença comum nas crianças. Então, sim, já vimos casos e não é tão incomum assim. O que não vemos são estatísticas de morte de crianças decorrentes da doença do grupo A. Ter infecção por essa bactéria é quase um dia a dia da pediatria, mas o que chama atenção no Reino Unido é o fato de haver casos mais concentrados, com uma gravidade muito maior. Mas a bactéria é muito conhecida aqui no Brasil e não é algo com que, por enquanto, devemos nos preocupar ”
O Streptococcus pode ser facilmente transmitido de pessoa para pessoa por meio do compartilhamento de talheres, beijos ou secreções, como espirros e tosse, ou por meio do contato com secreções de feridas de pessoas infectadas.
Conforme o Dr. João Prats, infectologista da Beneficência Portuguesa, é importante que uma criança com sintomas de febre, dor de cabeça, vômito, dores musculares, confusão, erupção cutânea e problemas respiratórios seja levada imediatamente para hospital, para que seja feita uma avaliação médica. Se a pele estiver infectada, dor grave no local da infecção também pode ser outro sintoma.
Não existe uma vacina para proteger as pessoas da bactéria. Por isso, a melhor e mais eficaz forma de evitar o contágio é lavar as mãos regularmente com água e sabão e não coçar espinhas, machucados e feridas.
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