Criança

Como diagnosticar e tratar o transtorno

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Publicado em 04/06/2012, às 21h00 por Redação Pais&Filhos


por Marianna Perri, filha de Rita e José

Uma criança é agitada demais, sobe nos móveis e faz com que os pais evitem sair com ela. Já outra é quieta, ansiosa e sofre com baixa autoestima. Ambas têm desempenho ruim na escola e, por mais que não pareça, sofrem com o mesmo problema. É o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). Ele tem origem genética e pode ser agravado por fatores como o parto prematuro, baixo peso do recém-nascido, consumo de álcool durante a gestação e a exposição a toxinas como o chumbo e corantes artificiais.

Embora a dislexia e o TDHA tenham origem parecida – são desfechos diferentes da mesma falta de controle das emoções, que depende da maturidade de uma área específica do cérebro, o córtex, que regula as emoções – o TDAH traz prejuízos intelectuais para as crianças, ao contrário da dislexia. Na média, o QI de quem sofre com o problema é nove pontos menor, se comparado com o de uma criança na mesma faixa etária.

Diferentes perfis do problema

Toda criança com TDAH tem dificuldades comuns, como respostas impulsivas e dificuldade de se planejar, problemas comportamentais e de memória operacional. A depressão também está frequentemente associada ao transtorno, pois a criança sofre para se relacionar com a família e amigos, além da pressão na escola.

Contudo, apesar desses sintomas gerais, existem dois perfis bem definidos de pacientes com TDHA. Um deles é hiperativo, agitado, impulsivo e birrento. Já outro, é inquieto, sem amigos, ansioso, preocupado e sofre mais com os problemas de aprendizado e de baixa autoestima. Os meninos, que se encaixam mais no primeiro perfil, são os que mais sofrem com a condição. Acredita-se que o problema esteja relacionado aos hormônios sexuais masculinos, mas ainda não há nenhuma comprovação científica.

Como os pais devem se comportar

É possível descobrir o TDAH antes da idade escolar. A criança apresenta os primeiros sintomas por volta dos quatro anos: ela não consegue brincar com a mesma coisa por muito tempo, troca de brinquedos frequentemente e não se detém em nenhuma atividade.

Esta situação é agravada a partir dos seis anos, quando começa a alfabetização. Nesta idade, os principais sintomas são a falta de atenção e de organização, impulsividade e dificuldade de controlar a atividade motora.

A Associação Americana de Psicologia (APA) aconselha os pais a buscarem ajuda médica quando os filhos apresentam os sinais regularmente e em várias situações. Mas atenção, uma criança que só fica desatenta durante as aulas, mas consegue focar-se em uma brincadeira, provavelmente não tem o problema.

Os pais devem entender a doença e lidar com as características específicas dos filhos. A primeira dica é não se preocupar e cobrar demais a criança, com exigências na escola ou imposição de um desempenho igual ao dos colegas – esta é a principal causa de depressão entre aqueles que têm o transtorno.

A criança com TDAH precisa de técnica para se desenvolver. Por isso, os pais e professores devem falar com ela de forma clara e direta, utilizando palavras simples. O tom deve ser de aceitação e incentivo, jamais de crítica.

É necessária uma escola que se adapte a criança e busque soluções individualizadas para ela. Aqueles que são diagnosticados com TDAH são considerados de inclusão e devem ter um tratamento diferente dentro da sala de aula, sem a necessidade de procurar um ensino voltado apenas para eles.

Algumas medidas podem ajudar a criança com TDAH na escola: mais trabalhos em grupo, aulas particulares, recompensa pelo esforço, mais chances de sair da sala (para beber água, levar algum recado), fazer um planejamento para estudar em casa e dar mais tempo para que a matéria seja copiada.

Os pais, a escola, os professores e médicos devem estar em harmonia para que a criança entenda que tem um problema, e para que todos descubram a melhor maneira de incentivá-la a se desenvolver.

Tratamento em equipe

O diagnóstico definitivo exige uma vasta equipe de profissionais, já que ele é unicamente clínico. Uma vez determinado, os médicos passam a investigar a história e o desenvolvimento do transtorno. Alguns exames, como o eletroencefalograma, também contribuem para o diagnóstico, uma vez que descartam outras doenças cerebrais ou neurológicas.

O profissional mais bem preparado para identificar e tratar o problema é o psiquiatra da infância e adolescência, mas geralmente são os neurologistas infantis que cuidam destas crianças.O caminho até chegar nestes médicos geralmente passa pela escola, pelo pediatra, psicólogos, fonoaudiólogos e só daí pelos psiquiatras – mas todos estes profissionais devem ser envolvidos no tratamento da criança.

Em alguns casos, é recomendado o uso de medicamentos. Uma pesquisa recente da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo divulgou que o Brasil é segundo maior consumidor da Ritalina no mundo. Entre 2000 e 2008, as vendas do remédio aumentaram 1,65% em todo o país.

A Ritalina é receitada para crianças e adolescentes que tenham baixo desempenho na escola ou que não consigam se comportar. Alguns estudos mostram que, quando utilizado por um longo período, o medicamento pode causar dependência química.

O superdiagnóstico do problema pode ter levado a este aumento nas vendas. A recomendação da APA é que todos os profissionais que lidam com a educação e comportamento da criança se envolvam no tratamento, e não busquem apenas uma saída para cuidar desta criança.

Consultoria: Guilherme Polanczyk, pai de Manuela e Clara, professor de psiquiatria da infância e adolescência da USP. Maria Edna Escórcia de Souza, mãe de Rafael e Thiago, diretora pedagógica do Joana D’arc. Eliana de Barros Santos, mãe de Mariana, Rebeca e Laerte, é psicóloga, psicopedagoga e diretora geral do Colégio Global.


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