Publicado em 30/08/2024, às 14h00 por Dr. Carlos Marcelo de Barros, Médico | Pai de Joao Pedro e Manuela
Dor. É uma palavra que todos nós conhecemos, mas a experiência que ela traz a nossa vida é única para cada indivíduo. Embora a dor seja uma resposta fisiológica ao dano ou ao estresse, que tem a função de nos proteger e avisar que algo errado está acontecendo, a forma como a sentimos, interpretamos e reagimos a ela pode variar amplamente de pessoa para pessoa. Essa variabilidade é um dos aspectos mais complexos e intrigantes da dor, especialmente quando falamos de dor crônica, ou seja quando a dor passa a ser a própria doença perdendo seu valor biológico.
Existem pessoas mais sensíveis à dor, e a resposta simples para essa pergunta é: sim, existem. No entanto, a explicação para essa sensibilidade vai muito além do físico. Fatores genéticos, biológicos, psicológicos e sociais atuam em conjunto para determinar como uma pessoa experimenta a dor. Genética e biologia desempenham um papel significativo, pois alguns indivíduos têm predisposições que alteram a resposta dos nervos e neurotransmissores a estímulos dolorosos, tornando-os mais sensíveis a certos tipos de dor.
Traumas emocionais e estresse constante também têm um impacto profundo na forma como percebemos a dor em nossas vidas. Estudos mostram que experiências traumáticas, especialmente na infância, podem levar a importantes e duradouras alterações no nosso cérebro, afetando áreas importantes e relacionadas a como nos entendemos como pessoa e nos relacionamos com o mundo a nossa volta, como o córtex pré-frontal, a amígdala e o hipocampo. Essas áreas estão intimamente ligadas ao processamento emocional e à percepção da dor.
O córtex pré-frontal, responsável por regular respostas emocionais e cognitivas, pode se tornar hiperativo ou hipoativo em pessoas que sofreram traumas, afetando sua capacidade de modular a dor. A amígdala, associada ao medo e à ansiedade, pode se tornar mais reativa, intensificando a resposta a estímulos dolorosos. O hipocampo, envolvido na formação de memórias, aprendizado e emoções, pode sofrer redução de volume, o que contribui para uma maior sensibilidade a estímulos dolorosos ao longo da vida. Ou seja traumas principalmente na infância pode deixar nosso cérebro “configurado” para o sofrimento.
Além das alterações cerebrais, o contexto em que a dor ocorre e a forma como interpretamos essa experiência são cruciais. Nossa percepção e relação com do mundo, com as pessoas e nossa interpretação dos eventos ao nosso redor moldam diretamente como sentimos a dor. Cada indivíduo possui uma visão única do mundo, construída a partir de experiências, cultura, crenças e valores. Essa "verdade pessoal" influencia como cada um de nós percebe e reage aos estímulos, incluindo a dor.
Por exemplo, uma pessoa que vê o mundo como um lugar ameaçador e perigoso pode estar mais predisposta a sentir a dor de forma mais intensa, já que o seu sistema nervoso está constantemente em alerta. Por outro lado, alguém que tenha uma visão mais positiva e confiante pode ter uma percepção mais atenuada da dor, já que o corpo e a mente trabalham em conjunto para gerar uma resposta menos intensa a estímulos dolorosos.
Compreender que a dor é uma experiência individual é crucial, especialmente dentro de uma família, que deve ser o lugar mais acolhedor que um paciente com dor crônica deve conhecer. Nem sempre é fácil para alguém que nunca experimentou dor crônica entender o que um outra pessoa sente quando está sofrendo com dor e o que está se passando dentro da sua mente. Essa falta de entendimento pode levar a frustrações, conflitos e, em alguns casos, até ao isolamento social do indivíduo que sofre. Quando uma família entende que a dor de cada pessoa é única, isso abre espaço para empatia e apoio. Saber que um pai, uma mãe ou um filho pode estar experimentando a dor de uma maneira muito mais intensa do que outros permite que a família ofereça o suporte adequado. Tratar e acolher a dor não física também faz parte do tratamento e em muitos casos é o tratamento mais importante.
Esse suporte pode incluir desde a presença emocional até ajustes no cotidiano familiar para tornar a vida mais confortável para quem está em sofrimento. Além disso, é importante que as famílias entendam que dor crônica não é apenas "coisa da cabeça" ou uma questão de "força de vontade". Ela é uma condição real, com causas fisiológicas e psicológicas, que exige compreensão e cuidado. Ao aceitar e validar a experiência de dor do outro, as famílias podem ajudar a quebrar o ciclo de isolamento e desamparo que muitas vezes acompanha a dor crônica.
A dor é universal, mas a maneira como a sentimos é profundamente pessoal. Entender essa complexidade é essencial para construir laços familiares mais fortes e oferecer o suporte necessário para aqueles que sofrem. Na próxima vez que alguém na sua família reclamar de dor, lembre-se: o que essa pessoa está sentindo é real e único para ela. E, ao oferecer compreensão e apoio, você não só ajuda a aliviar essa dor, mas também fortalece os vínculos que mantêm sua família unida.
Família
Frente fria após período de intenso calor em setembro já tem data para chegar
Família
Amanda Kimberlly fala pela 1ª vez sobre traição e filha com Neymar: “Fiquei calada por 9 meses”
Família
Deolane Bezerra adotou seu primeiro filho, Gilliard, aos 16 anos: "Ele estava sozinho"
Família
Silvio Santos tinha 5 irmãos: saiba quem são eles e o que fazem atualmente
Família
Datas de nascimento que estão ligadas ao dom da inteligência
Família
Filha mais discreta de Leonardo e agrônoma: conheça a madrinha de José Leonardo
Família
Cachorro chama a atenção por se parecer com um humano
Família
João Guilherme fala sobre o nascimento do terceiro filho de Virginia Fonseca: "Fofura"