Colunas / Se eu pudesse eu gritava

Uma nova família

Publicado em 30/06/2013, às 21h00 por Tatiana Schunck


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Quando a conheci ela era pequena, astuta e curiosa por mim. Seus olhos eram enormes de perguntas. Fui apresentada à minha futura e agora for ever enteada dentro de um taxi em movimento. Vulgo bastarda querida. Sentamos, eu, ela e o seu pai, ela no meio de nós. Virou seu corpinho imaturo para minha pessoa e me encarou de cima em baixo até o carro parar e eu descer sentindo-me fiscalizada, catalogada, definida, revelada e, possivelmente apunhalada pelas costas.

Naquela tarde eu troquei de roupa todas as vezes possíveis de última hora na casa de uma conhecida minha. Tudo foi diferente. Eu saí de casa desencanada, como se fosse acontecer nada tão importante, só conhecer a Filha. Vesti um vestido leve, saí andando leve pelas ruas e quando cheguei na casa dessa conhecida vi que estava transparente. A roupa era inadequada, parecia uma camisola velha surrada. Olhei para a fulana dona da casa e disse que ela teria que emprestar uma roupa. Ela pegou um de seus vestidos quando eu disse num tom de disfarce que poderia ser qualquer coisa. Ótimo! Era um vestido verde, alegre florido, bonito e curto, bem curto… Daí pensei: agora vai ter que ser assim. Da transparência à saia curta. E saí andando pelos cinco quarteirões segurando a saia esvoaçante que endoidava com o vento no farol.

Sabe quando você só precisaria se sentir à vontade e tranquila com quem você é? No farol, sabia que aquilo não era eu. Mas fui. Eu poderia ter pego um taxi, voltado para minha casa e vestido outra coisa mais normal de mim. Mas teria que lidar com o risco de me atrasar porque na certa não carregava dinheiro na bolsa para pagar o taxi e na certa os deixaria me esperando a toa. O que ela ia pensar de mim? No mínimo eu seria de início e para sempre, pois como diz aquela frase: a primeira impressão é a que fica… A atrasada! E se tem uma coisa que eu prezo é ser pontual! E se tem outra coisa que eu prezo é estar tranquila em sã vaidade, pois o que importa é o que eu sou por dentro e não aquilo que visto. Ah, tá!

No fatídico encontro fiquei desavontade com uma roupa que não era minha, que não tinha o meu cheiro e curta demais para meu desajuste. Mas ok, assim foi. Entramos na sorveteria, eu sentia-me parte principal de uma vitrine incomum e sufocante. A menina sentou perto de mim e me olhava sem parar, sem piscar, sem respirar, sem amolecer e sem medo. Eu me vi desajeitada diante do diabo. Era assim mesmo, durante os primeiros tempos de vida com a minha enteada adentrada em minha vida, eu sentia que ela era um diabo loiro que vinha “roubar” meu homem de mim. Quando eu estava com ela eu torcia para o meu futuro marido não nos deixar a sós para não ter que ser legal o tempo todo, porque isso cansa.

 E torcia mais ainda para o meu futuro marido nos deixar a sós para eu descobrir quem ela era e quem eu podia ser diante dela. Era um desconforto muito excitante porque não me deixava descansar, mas eu tinha uma enorme curiosidade naquela menina. Eu já a amava e não sabia. Porque o amor, meus caros, não é coisa fácil. Com o tempo fui percebendo que haveria de criar uma relação direta com ela, sem a interferência do homem pai. Foi a coisa mais inteligente que eu já decidi. Eu e ela sempre nos demos bem, desde o primeiro encontro. De alguma forma, éramos duas querendo alguma coisa boa. Éramos do bem uma para com a outra. Quando criamos nossa relação outra vida começou. Eu passei a me perguntar que encontro era esse. Não o encontro entre eu e meu homem, mas sim entre nós duas. Eu não me permito terminar esse texto com nenhuma boa ideia de finalização, eu não poderia.

Prometo voltar a este assunto, viu bastardinha? Essas novas famílias, como me disse uma professora amiga: essa novas famílias são tão interessantes e até parecem dar mais certo que as famílias normais… São tema de amor, conflito, bagunça, erros, tentativas e tentativas de sobrevivência. Não vou nem tentar decifrar o que a professora quis dizer com as novas famílias nem com as normais… Somente faço de objeto de reflexão e de sentimento a minha nova família. Com amor. Com bastante amor.


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