Colunas / Se eu pudesse eu gritava

O ato contra a violência e a mãe que ficou em casa com o dragão

Publicado em 17/06/2013, às 21h00 por Tatiana Schunck


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Hoje meu marido e minha enteada, a minha bastarda querida, foram ao ato contra a violência em São Paulo. Saindo de casa ele me disse: boa sorte! E eu disse a ele: volta logo! Engraçado? Ficar em casa com nosso filho num dia de ataque ariano, é de se desejar boa sorte mesmo para a mãe que fica. Nós rimos disso porque só dá para rir. Nos últimos dias São Paulo tem vivido movimento interessante e potente de protesto na manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus, mas também e mais intensamente em relação à revelação de violência de poderes. Se é que posso sintetizar assim o tamanho do negócio. Dito isso, sem me preocupar em falar sobre o ato em si, mas sentindo-me um tanto proibida de ir às ruas, desejosa de vontade utópica e felina, eu só poderia mesmo é ficar em casa pensando besteira e cuidando do meu filhote ariano, cheio de áries e “ endragado”  pelo horóscopo chinês.

Em casa, enquanto tento escrever, ele sobe e desce o sofá onde tento apoiar o notebook. A luta é firme e exige enorme atenção na relação com o inimigo. Ele ri, derruba o suco de uva na capa clara do sofá da sala, grita, ri, chora por água, come o meu pão enquanto atendo o celular (é a Suelen da escola de natação querendo saber se a aula experimental foi boa), se pendura nas minhas costas e quase cai de cabeça, morde o fio do carregador, dança, olha para mim e fala petpiq iionbjhfj urnnj djeeeebb, esconde meu celular embaixo do sofá que toca de novo (agora é o pai dizendo que já está na concentração do ato com minhas amigas e nossos amigos todos – eu desejo sorte e peço que todo mundo leia o texto que vai subir amanhã no site da revista), ele assiste uns dez segundos sem me atrapalhar o desenho preferido…  A briga é boa e eu temo pelo silêncio dele, é sempre pior o que vem depois do silêncio. Ele trama suas novas tentativas de me derrubar. O desenho que ele vê toca a trilha do filme Psicose e eu desconfio mais. É, não é o Hitchcock, é o desenho mesmo. Mas que tocou, tocou. Ele deita e morde com sua força genuína o meu calcanhar, veja só o tamanho da humilhação. Enquanto tem gente lá na rua com toalhinha de rosto e vinagre na bolsa, estamos aqui: mãe e filho, ele subindo me escalando e eu tentando escrever. Sorrio na minha exaustão cheia de amor.

Então, meu povo, brasileiros e brasileiras, nós daqui (eu e minha cria dragão) nos compadecemos e nos encorajamos com vocês que aí estão. Meu filho diz pupeie, querendo dizer papai. Grita e brinca solitariamente de esconde esconde comigo, naquela dinâmica obrigatória que você tem que dizer: achou! Cadê o menino? Achou! Cadê? Achou! Cadê? ………………………………..


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