Colunas / Se eu pudesse eu gritava

Em sã consciência, quem decide ser mãe, amar alguém mais do que a si mesmo?

Publicado em 09/06/2013, às 21h00 por Tatiana Schunck


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Ontem, depois de conversar com uma grávida, ela me perguntou: “mas você não queria ter um filho?”

Tudo isso por conta da minha visão um tanto hardcore sobre a minha gestação (que no início foi humilhante e mareada – depois plena) e sobre minha exaustão natural atual acerca da solicitação mãe só quero você e mais ninguém nessa vida, do meu bebê em relação a mim.

Em resposta à pergunta da grávida eu respondi: não sei, queria, mas nunca tive uma certeza no eu quero a qualquer custo e/ou sempre sonhei em ser mãe. Sentia que o amor que juntou a mim e o pai do meu filho me causou uma espécie de obrigação de nos continuar. Para mim, ter um filho estava totalmente vinculado ao encontro entre esse homem e esta mulher. Quando esse amor me tocou em algum tipo de consciência dentro do meu retorno de Saturno, fui invadida por um tipo de emoção que só me sussurrou: é, você vai ter um filho… E risos dos deuses.  Depois de uns dois anos desse sussurro vieram a barriga e o feto. Antes disso, eu achava que nunca daria para ter um filho porque eu teria que parar, teria que terminar, teria que conquistar e separar-me de algumas coisas. Achava que um dia eu saberia-me pronta para ser mãe…

Engraçado como a gente pode ser imaturo e desonesto…  Eu teria que terminar a faculdade, ter casa própria, dinheiro no bolso e ser muito, muito bem resolvida em maturidade. É um tipo de cheguei lá! Hoje rio disso com frequência. Meu amor, não existe esse momento, este final: resolvida em maturidade! Você morre então e não chega nunca nesse lá. Meu filho veio como um tombo em mim, apesar de o querer e de me liberar para gerar. Quando veio mesmo, meu susto foi bonito e senti como se caísse para dentro de mim. Um tombo! Depois li e reli setecentas e trinta e sete vezes o número do Beta no papel. Fechava o papel, fazia alguma coisa na vida e voltava a pegá-lo, reabri-lo e relê-lo franzindo os olhos para acompanhar o excesso de números que confirmavam a gravidez. Opalelê! Tô grávida mesmo! É algo comparável a nada mesmo, é um misto de alegria e estranhamento terrível. O que isso significa? Mesmo sabendo o que significa: um filho. Depois veio o momento cala-te e não conta para quase ninguém, ainda. Aí você vive um estou grávida e acredito nisso, apesar de não ter mudado nada, ainda. Algumas mulheres contam que sabem o momento no qual engravidaram. Eu tinha alguma ideia, mas me divertia por não ter a menor certeza.

Meu filho está um grude em mim que parece carrapato. Eu dou tudo de mim, inclusive minha irritação. Às vezes, preciso de três minutos no vazio para voltar a ele melhor. Às vezes vive-se um cansaço que não permite a renovação do espírito e você continua mesmo achando pela sétima vez que não vai conseguir abrir os olhos e nem balançar mais um tanto seu bebê no colo. E pior, ainda afirmamos arduamente e com toda a emoção possível que ainda assim, ainda morta, ama-se esse carrapatinho que morde e belisca seu bico de peito e que te encara profundamente enquanto se torna alguém. 


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