Publicado em 24/02/2014, às 21h00 por Nanna Pretto
Três da manhã e é dada a largada para a sessão de choros intermitentes, contrações e irritações. Ele nega o peito parecendo que estou forçando-o a tomar veneno – e isso me acaba por dentro. Aperto aquele corpinho pequeno contra o meu próprio corpo e, ao tentar massagear a barriga, ele berra mais ainda, o que faz acordar o irmão mais velho. São quase 4h e já temos 40 minutos de choro. Fralda trocada e algumas voltas pela casa. Repertório de músicas de ninar já ao fim e doses de Funchicória de tempos em tempos, pelo menos para dar uma acalmada na situação. Bem-vindos à terceira semana de vida de Rafael, e ao ápice do período de cólicas.
É desesperador. E olha que eu sou uma mãe calma e não mais de “primeira viagem”. Se bem que, como já disse aqui, acho balela essa história de já ter um filho – o que subentende-se ter mais experiência. A insegurança chega, chegando, meu povo! As reações do ser humano são diferentes, tudo é novo. A vantagem é apenas a de saber que passa, tudo passa.
Mas linda é a criatura que inventou o termo perfeito para definir esse nosso reencontro com o desespero: Síndrome do Amor Maior. O nosso amor pela cria é tão, mas tão grande e importante, que esse início difícil e catastrófico é esquecido. Passa desapercebido quando estufamos o peito para falar de nossos filhos.
Sim, é fato que agora, durante as minhas madrugadas de PPV do BBB (confesso!), eu fico pensando como era com Gabriel. A vista do bairro de Perdizes, pela janela de casa, parecia pequena perto da grande angústia que eu passava nas noites em claro com meu bichinho urrando de dor.
Lembro do sacrifício de começar o dia às 6 da manhã, do sono ao amamentar, das madrugadas de choro. Engraçado como tudo isso foi completamente absorvido pela risadinha, pela primeira papinha, pelo primeiro passinho, pelas palavras e assim continuou, por todo crescimento de Gabriel. Olha os efeitos da síndrome aí. Nas minhas lembranças, não tinha espaço para os três primeiros meses da maternidade. Até então…
Agora não! Agora elas se refrescam a todo instante. Quer dizer, a toda noite. A cada chazinho da mamãe que eu preparo, a cada olhada na dieta anticólica (que eu não acredito, mas já estou tentando de um tudo!), a cada massagem feita na barriga do bebê e nos exercícios para estimular a evacuação, que faço diariamente nele. Imediatamente vêem as cenas que passei – exatamente iguais – com o primeiro filho e um mantra surge em minha mente: vai passar, vai passar!
E eu me apego a isso como a oração mais importante da vida. Às vezes cai uma lágrima dos olhos, às vezes eu tenho vontade de entregar o bebê ao pai e falar: “toma que é seu também!”. Às vezes eu quero colocar o travesseiro na cabeça e fingir que não escuto esse choro da madrugada. Mas o amor, o tal amor incondicional, vem com uma força que faz o frio, o calor, o sono e a preguiça desaparecerem. Você levanta e tudo que pede é que esse desconforto em seu filho termine logo. Realmente, essa frase não é papo de vó: não tem dor pior do que a de ver o seu filho sofrer.
Mas vai passar. Vai passar! As cólicas fazem parte do pacote. “São contrações violentas dos músculos do estômago e do intestino, em contato com o coágulo do leite que se forma.” Brabo, não?! Essa definição é do meu livro-bíblia A vida do Bebê, de Rinaldo De Lamare, e que foi usado por minha mãe e por mim, na primeira gravidez e agora.
Mas o próprio De Lamare explica que ainda não está esclarecido porque elas passam milagrosamente depois dos três meses. Mas passam. E aí vem a lembrança da mãe, que não é mais de primeira viagem: tudo fica mais fácil. O bebê mais tranquilo, as noites de sono melhores, a rotina da casa num ritmo mais digno e nós, mães, voltamos a ter vida diurna. E esquecemos tudo isso que passou.
Por enquanto, resta-me o apego ao amor maior. É cuidar da cria – e de mim – durante o dia, para ter força ao encarar a noite. E esperar, afinal, já estamos encerrando o primeiro mês de vida de Rafael!
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