Publicado em 29/08/2024, às 10h22 por Dra. Ivanice Cardoso
Antes de escrever o meu texto, preciso fazer uma confissão: sou dorameira! E não me envergonho! E essa confissão tem dois objetivos. O primeiro, saber se você irá discriminar o texto a seguir por causa dos meus gostos. Afinal, estamos na era da dicotomia como estilo de vida. O que antes seria somente um “ok, gostos artísticos são muito particulares”, acabamos por viver um “se você gosta de dorama é porque não gosta de arte de verdade” ou “credo, sensível demais” ou “vai ter tempo sobrando assim lá longe” (já que os doramas geralmente tem mais de 14 capítulos de 1 hora cada).
Ufa, atingido o primeiro objetivo, vamos para o segundo. Eu estava assistindo um dorama chamado Hierarchy. O enredo se passa dentro de uma escola elitista na Coreia do Sul e fala, resumidamente, do conflito de classes vivido ali. Assim como na vida real, a história desagua em preconceito, bullying e crimes cometidos com um propósito considerado “nobre” pelos adultos envolvidos.
Lá pelo 3º episódio, eu me peguei algumas vezes pensando: por que estou assistindo esse dorama? Não sabia o que estava aprendendo nem abstraindo assistindo à série. Talvez eu só quisesse saber se na fantasia dorameira, todos ficariam felizes. Afinal, na vida real, eu duramente sei que a mistura do preconceito, bullying com a falta de orientação real dos adultos na educação dos jovens, nunca acaba bem.
No decorrer da minha experiência, dei uma olhadinha no meu celular. Uma mensagem nova num grupo de mães. “Vocês viram o que aconteceu de novo? Que triste!”. Elas estavam falando de um menino de 14 anos que havia decidido terminar com a sua jornada da vida por aqui.
Meu coração gelou. “Meu Deus, que desgraça! De novo?”, pensei. Como se a tragédia já não fosse o suficiente, alguém no grupo mencionou ser “mais um adolescente querendo chamar a atenção”. Um silêncio por alguns minutos no grupo, até que fiz a minha observação: uma frase que explica bem onde essa tragédia começa.
Ninguém deveria ficar indiferente a uma notícia dessas. Quando uma criança ou jovem finda a vida precocemente, a ordem natural da vida e da humanidade se inverte. Mas nos últimos anos percebo que passamos a normalizar “crianças e adolescentes atentarem contra a vida”, seja de outros ou de si mesmos, seja aos poucos ou definitivamente.
Essa experiência, onde realidade e fantasia se pareciam demais, bem debaixo dos meus olhos, me colocou numa grande reflexão. Em alguns momentos tenho a impressão de que estamos numa matrix, onde a vida real vale menos do que a vida imaginária e fantasiosa. Na vida real, ou seja, na vida amadurecida, a vida “strictu sensu” precisa sempre ser elevada, garantida, preservada. Ao permitir que a importância da vida seja relativizada, estamos cavando uma sepultura precoce para toda a humanidade.
Preservar o que é insubstituível e inestimável, como a vida, são valores transmitidos de geração em geração, desde o berço até os dias finais. Nós, pais em 2024, somos pais e mães de uma geração inteira. Temos atenção e responsabilidade dedicadas aos nossos filhos como nossas atribuições principais. Mas nossa responsabilidade vai além. Nossos filhos fazem parte de uma geração, que leva as marcas que nós, seus antecessores, estamos deixando neles. Se falharmos nas nossas atribuições e também na nossa responsabilidade, se nos demorarmos a ser exemplos morais e éticos positivos para os nossos filhos, não serão somente eles a sofrer. Todos sofrerão. A geração deles, a nossa geração, e as que virão a seguir.
A vida real começa muito antes dos nossos filhos existirem. A vida real existe muito além da existência deles, muito além da nossa existência. Mas é nessa pequena passagem da vida, através de nós e deles, que fazemos a nossa contribuição. Que tenhamos mais contribuições que gerem muita vida, abrindo espaço para mais consciência e respeito ao que importa.
Família
Frente fria após período de intenso calor em setembro já tem data para chegar
Família
Amanda Kimberlly fala pela 1ª vez sobre traição e filha com Neymar: “Fiquei calada por 9 meses”
Família
Deolane Bezerra adotou seu primeiro filho, Gilliard, aos 16 anos: "Ele estava sozinho"
Família
Silvio Santos tinha 5 irmãos: saiba quem são eles e o que fazem atualmente
Família
Filha mais discreta de Leonardo e agrônoma: conheça a madrinha de José Leonardo
Família
Datas de nascimento que estão ligadas ao dom da inteligência
Família
João Guilherme fala sobre o nascimento do terceiro filho de Virginia Fonseca: "Fofura"
Família
Malvino Salvador fala de 'baque financeiro' após demissão da Globo: "4 filhos pra cuidar"